O Atlético vive as horas que antecedem seu compromisso mais importante na temporada até então. Diante do Millonarios, às 21h30 desta quarta-feira (15/3), no Mineirão, o Galo brigará por um lugar na fase de grupos da Copa Libertadores de 2023. Mas, além da vaga e da premiação, o que estará em jogo no duelo decisivo no Gigante da Pampulha?
Motivação para uma possível virada no Mineiro
Para o Atlético, o efeito mais imediato e prático de uma possível classificação diante do Millonarios seria a motivação extra para uma virada na semifinal do Campeonato Mineiro. No sábado (18/3), às 16h30, o Galo precisará vencer o Athletic por um gol de diferença para garantir uma vaga na grande decisão do estadual.
Um possível revés na fase preliminar da Copa Libertadores causaria um impacto negativo no que diz respeito ao nível de confiança do elenco atleticano. Neste sentido, uma queda diante do Millonarios também aumentaria a já existente pressão da torcida por uma vitória sobre o Esquadrão de Aço no Independência, em Belo Horizonte.
Confiança da torcida no trabalho de Coudet
Eduardo Coudet vive seus primeiros meses em Belo Horizonte. Conhecedor do futebol brasileiro, o argentino tenta implantar sua filosofia de jogo no Atlético e, com um elenco reformulado, ainda se encontra em início de trabalho no clube mineiro. "Seguramente, o tempo nos trará a melhora", repetiu o profissional em diversas oportunidades.
Mesmo levando esse cenário em consideração, um tropeço contra o Millonarios representaria uma importante queda da confiança de boa parte da torcida no trabalho de Chacho. O treinador tem 69,4% de aproveitamento sob o comando do alvinegro, mas, ainda assim, tem sido questionado por uma parcela dos atleticanos.
Alguns alegam "pouca variação tática" da equipe, que, no papel, partiu de um 4-1-3-2 em todos os jogos da temporada. O esquema leva a uma outra crítica de outros torcedores: a baixa utilização de pontas nas partidas do Galo em 2023. Há também os que colocam bola parada e bola aérea defensiva como pontos deficitários da equipe de Coudet.
Em contrapartida, uma classificação sobre o Millonarios, para além da injeção de confiança ao grupo, daria maior respaldo ao trabalho do treinador argentino. Com o principal objetivo do primeiro trimestre cumprido, Chacho ganharia novos "créditos" para a sequência do ano.
Meta de arrecadação em 2023
Cair antes da fase de grupos da Copa Libertadores traria um grande impacto negativo ao objetivo do Atlético de faturar R$ 188,3 milhões com receitas de transmissão e imagem/premiação em 2023.
Independentemente do resultado final na série com o Millonarios, o Atlético disputará uma competição internacional na sequência de 2023. Isso porque o regulamento da Conmebol prevê que os eliminados na 3ª fase da Copa Libertadores entrem na fase de grupos da Copa Sul-Americana.
As premiações, no entanto, têm diferenças expressivas de valores. A participação nos grupos da Sul-Americana garante US$ 900 mil (aproximadamente R$ 4,6 milhões) em recompensa, com US$ 100 mil (R$ 519 mil) de bônus por cada vitória nesta etapa. Na Libertadores, as premiações são de US$ 3 milhões (R$ 16,1 milhões) nas chaves e US$ 300 mil (R$ 1,5 milhão) por cada triunfo nesta etapa.
O impacto com uma queda também seria sentido nos direitos de transmissão e nas ações de marketing/patrocínios. Em uma eventual disputa de Sul-Americana, o Galo atrairia menos holofotes para o mercado comercial que explora o futebol.
Receita do Atlético com bilheteria
Em termos monetários, a sequência na Copa Libertadores é fundamental para o Atlético. Toma-se também como base a arrecadação da partida contra o Carabobo, pela 2ª fase preliminar, quando 46.482 torcedores marcaram presença e geraram renda de R$ 2.290.179,00.
Ainda que a Sul-Americana seja um torneio continental, a expectativa em caso de uma saída precoce da Libertadores seria de ingressos mais baratos, públicos menores e, consequentemente, arrecadações inferiores com bilheteria.
No orçamento de 2023, o Atlético espera garantir R$ 71 milhões brutos com a venda de ingressos. A projeção envolve uma média de R$ 2 milhões por partida. Até então, em cinco jogos como mandante na temporada, foram arrecadados exatos R$ 4.734.845,75.
Confiança no projeto da diretoria e dos 4R's
Nas redes sociais, é notório que a relação de uma parcela considerável da torcida com a diretoria do Atlético e com os 4Rs anda estremecida. Há um "senso de gratidão" pela transformação do nível de competitividade da equipe nos últimos anos e especialmente pelos títulos conquistados em 2021, mas a confiança, para alguns, tem se abalado.
As recentes notícias que envolvem o dia a dia do clube mineiro são o principal motivo desse desgaste. Nos últimos meses, mesmo com uma dívida bilionária, o Galo voltou a recorrer a empréstimos bancários para manter as contas do futebol em dia.
Os atrasos nas entregas do Manto da Massa e as mudanças no calendário de inauguração da Arena MRV também são motivos de críticas. Há ainda as negociações que envolvem a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) e as dúvidas relacionadas ao empresário americano Peter Grieve, tido como o mais avançado para comprar as ações alvinegras.
Diante do exposto, a classificação aos grupos da Copa Libertadores é vista por boa parte da torcida atleticana como uma meta "obrigatória" neste primeiro trimestre. Para além dos itens já citados, uma eliminação no principal torneio do continente também significaria um expressivo fracasso no projeto da diretoria e dos 4Rs para 2023.