Conselheiro benemérito do Atlético, Cláudio Utsch divulgou uma carta nesta quinta-feira (17/11) em resposta ao posicionamento do clube alvinegro. Por meio de uma nota oficial, o Galo se manifestou sobre a possível fraude nas eleições no Conselho Deliberativo.
Ex-presidente do Conselho de Ética do Atlético, Cláudio Utsch solicitou, neste mês de novembro, explicações do clube sobre o processo eleitoral. Ele disse que recebeu informações que vários novos membros do Conselho Deliberativo não faziam parte do quadro social da instituição nos dois anos anteriores, indo contra o estatuto do clube.
A solicitação ganhou força nesta quarta-feira (16/11) quando os conselheiros Lásaro Cândido e Rodolfo Gropen pressionaram o Atlético por uma resposta. Por consequência, o clube publicou uma nota oficial, a qual foi respondida por Cláudio. Leia abaixo o posicionamento de Utsch.
Posicionamento de Cláudio Utsch
"A propósito do teor de uma nota de esclarecimento publicizada nesta data pelo presidente responsável pelo maior vexame da gloriosa história do Clube Atlético Mineiro, a queda para a segunda divisão do campeonato brasileiro, a respondo na parte que me toca:
1 - Integrei o Conselho de Ética e Disciplina do Clube Atlético Mineiro entre outubro de 2013 e outubro de 2022;
2- Desde outubro de 2013 o aludido Conselho foi presidido (e bem presidido, diga-se de passagem!) pelo ilustre causídico Dr. José Murilo Procopio de Carvalho;
3- Em dezembro de 2020 Dr. José Murilo afastou-se do Conselho de Ética, e por consequência, de sua presidência, em virtude de sua candidatura ao cargo de vice-presidente do Clube Atlético Mineiro;
4- A partir do afastamento definitivo para fins eleitorais do então presidente, assumiu o comando do Conselho supramencionado o seu vice, o signatário, permanecendo no cargo até outubro do corrente ano;
5- no transcorrer de 1 ano e 10 meses sob a presidência do subscritante, inúmeros trabalhos de real importância para o momento de transformações pelo qual passa o Campeao dos Campeões foram ultimados, e.g., o projeto de complaince e governança; o código de ética do clube; e a complexa aprovação de 65 nomes objetivando preenchimento de vagas para cargos de Conselheiros Beneméritos e Grande Benemérito (cargos vitalícios);
6- Os mandatos dos integrantes do Conselho de Ética e Disciplina findaram em outubro passado, sendo imediatamente empossados seus substitutos eleitos, embora, a meu juízo, ilegalmente, junto do presidente da mancha negra da nossa história.
Posto isto, urge esclarecer que o Conselho de Ética e Disciplina do Clube, nas formas estatutária e regimental é um órgão colegiado reativo, não proativo como sugere equivocadamente o presidente campeão da série B/2006.
Ele trabalha reativamente, somente após algum pedido de providências formulado, o que não ocorreu enquanto o signatário esteve à frente de sua presidência.
As denúncias de sócios da Vila Olimpica e Labareda acerca de crimes perpetrados pelo presidente do calvário atleticano (artigo 171, c/c297, e ainda 288, todos do CP vigente), só chegaram a este conselheiro subscritante há cerca de 10 dias, portanto após deixar o Conselho de Ética e Disciplina e o consequente exercício de sua presidência.
Destarte, caberá a seu sucessor, quando eleito legalmente, na forma estatutária, adotar as medidas cabíveis "interna corporis".
Quanto a eventuais medidas na esfera criminal, petição já foi formalizada para ser encaminhada nas próximas horas ao GAECO do MP e à PF, respeitável órgão onde este protagonista de filme de horrores contra velhinhos aposentados já é sobejamente conhecido, desde os idos de 2003.
Atenciosamente,
Cláudio Freitas Utsch Moreira"
Nota oficial do Atlético
"Em face das reportagens veiculadas na imprensa na noite de ontem (17/11), o Conselho Deliberativo do Galo esclarece que:
1 - A Assembleia Geral Ordinária realizada no dia 8 de agosto do corrente ano, que elegeu a chapa única Galo Triplete para as 150 vagas de conselheiros eleitos e 75 vagas de conselheiros suplentes, transcorreu dentro da mais absoluta legalidade e lisura, obedecendo ao mesmo "modus operandi" das últimas eleições deste Conselho;
2 - Os procedimentos nela adotados foram rigorosamente iguais aos das últimas Assembleias Gerais ocorridas com a mesma finalidade, inclusive na que aconteceu durante a gestão do conselheiro Rodolfo Gropen como presidente do Conselho, período em que o conselheiro Lásaro Cândido ocupava o cargo de vice-presidente executivo do Clube. Aliás, importante deixar claro que o mesmo fato que Rodolfo Gropen contesta ocorreu em sua própria eleição para conselheiro. Ele foi nomeado conselheiro do Clube em agosto de 2010, mas se tornou efetivamente sócio da Vila Olímpica somente em abril de 2009 - data em que iniciou os pagamentos - portanto menos de dois anos depois de sua integração ao quadro social. Da mesma forma, Lásaro Cândido foi eleito conselheiro na mesma data e iniciou os pagamentos do clube social em junho de 2009. Dessarte, ambos querem, agora, se beneficiar de suas próprias torpezas!
3 - A carta contida nas referidas reportagens, assinada pelos conselheiros supracitados, causa-nos enorme estranhamento. Até porque, caso algum procedimento não tivesse ocorrido dentro das normas e da tradição, a chapa deveria ser impugnada dentro do prazo legal, conforme rege o Estatuto do Clube, o que não ocorreu. Mais: se tivesse havido eventual desacerto, era obrigação do presidente do Conselho de Ética e Disciplina do Conselho Deliberativo, cargo ocupado à época do pleito pelo conselheiro Cláudio Utsch, reagir de imediato contra supostas violações, o que não aconteceu;
4 - A Massa Atleticana precisa saber que todo esse "blá-blá-blá" nada mais é do que uma tentativa de jogar uma "cortina de fumaça" sobre a eminente mudança de nome da Arena MRV, decisão essa, sim, aprovada de forma obscura, em votação na calada da noite, nos instantes finais de uma reunião do Conselho que sequer tinha o referido assunto em pauta;
5 - Não tendo argumentos para contestar a decisão deste Conselho de levar à votação a mudança de nome da nossa nova casa, o que se tenta é um despiste das reais intenções, a fim de confundir a sociedade e a Massa Atleticana, com atitudes oportunistas e acusações levianas, típicas de quem coloca interesses pessoais acima dos coletivos;
6 - Por óbvio, a possibilidade de alteração do nome do estádio não configura desrespeito à história de Elias Kalil. Ao contrário. Dar o seu nome a um estádio no qual não teve qualquer participação ou influência não faz justiça à sua obra no Clube. A propósito, o que se pretende não é impor nenhum nome, mas democratizar tal escolha, oportunizando aos conselheiros decidir de maneira transparente e oportuna sobre tema de tamanha relevância e simbolismo;
7 - Por fim, reiteramos que está mantida a Reunião Extraordinária deste Conselho Deliberativo, a ser realizada no dia 21 de novembro, bem como todas as pautas contidas no Edital de Convocação."