A Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) rebateu a nota oficial do Atlético sobre a denúncia contra Hulk. O atacante do Galo será julgado em 18 de maio por falta grave cometida contra o Coritiba, em duelo pela 3ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro.
Na ocasião, o atacante aplicou um chute no volante Willian Farias, aos 22 minutos do segundo tempo, após perder a bola em lance no meio-campo. Ele foi amarelado pelo árbitro Sávio Pereira Sampaio, que destacou na súmula do jogo: "Entrada contra um adversário de maneira temerária na disputa da bola".
"É inaceitável que a Procuradoria do STJD, que deve primar pela isenção e pela imparcialidade, tenha se prestado ao papel de fazer tal denúncia, oferecida pelo Sr. Rafael Bozzano, claramente motivada por desejo de prejudicar o Clube Atlético Mineiro", lamentou o clube.
O Atlético também citou o episódio envolvendo Gabigol, do Flamengo. No dia seguinte ao jogo, o atacante rubro-negro comentou, nas redes sociais, o lance envolvendo Hulk, e disse que as consequências seriam outras caso fosse ele o autor da falta.
"Cartão vermelho, 25 jogos de suspensão... e direto para a delegacia por agressão HAHAHAHAHAHA ahhhhh, matérias em todos os portais esportivos e um programa só para falar sobre isso, e ganharam Ibope (sic)", postou o centroavante, em resposta a um seguidor.
Na visão do time mineiro, a publicação de Gabigol motivou a denúncia por parte do STJD. "É inadmissível que uma postagem infeliz de um atleta rival, em uma rede social, possa motivar denúncia por parte de um procurador do STJD", diz parte da nota.
O clube ainda alega que o lance foi analisado pelo árbitro de vídeo (VAR) e lamentou o fato de o órgão não ter tido "o mesmo interesse e agilidade" quando o ônibus com a delegação alvinegra foi apedrejado em Curitiba, na decisão da Copa do Brasil, contra o Athletico-PR.
Por fim, o Galo diz que "não aceitará calado iniciativas esdrúxulas como essas e fará o que for possível para revertê-las, bem como impedir que motivações pessoais voltem a macular as competições nacionais".
Denunciado por "agressão física", Hulk pode pegar gancho de 4 a 12 jogos de suspensão se for condenado. A sessão do julgamento ocorrerá na terceira comissão disciplinar do STJD, no Rio de Janeiro, às 10h do dia 18 de maio (uma quarta-feira).
Em nota, a Procuradoria do órgão garante independência e autonomia, sem denúncias motivadas por "postagem de atleta rival" ou "com desejo de prejudicar algum clube". O documento ainda enfatiza que a denúncia está fundamentada pela "prova de vídeo veiculada na mídia".
A Procuradoria do STJD também "lamenta e repudia" a atitude do Atlético, que, em nota, cita o nome do Procurador. "Jogando-o para torcida, o que se sabe é um ato perigoso e danoso", diz o documento.
Nota oficial da Procuradoria do STJD em resposta ao Atlético
"A Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportivo, vem por seu Procurador-Geral, se manifestar sobre a nota emitida pelo Clube Atlético Mineiro, na qual se diz perplexo com a denúncia oferecida contra seu atleta "HULK".
Ressalta-se que a Procuradoria do STJD é um órgão independente e autônomo, sendo que suas denúncias são pautadas com base na lei ou no CBJD, jamais motivada por postagem de atleta rival ou com desejo de prejudicar alguém ou algum clube.
A denúncia está pautada e fundamentada pela prova de vídeo veiculada na mídia, que demonstra claramente os fatos ocorridos, conforme previsão legal (parágrafo único do artigo 58-B do CBJD).
Por sua vez, a denúncia não é uma punição sumária, pois o atleta terá o direito de se defender, utilizando-se do seu direito constitucional da ampla defesa e do contraditório, e se a denúncia é tão absurda como diz o clube, basta demonstrar isso em julgamento.
O fato do árbitro ter analisado os lances em campo e ter aplicado a punição com cartão amarelo, não impede a Procuradoria de oferecer denúncia por eventual infração disciplinar, porque o árbitro analisa as regras de futebol de campo, ele é o primeiro sancionador, sendo que a infração disciplinar por condutas antidesportivas deve ser analisada pela Justiça Desportiva. Portanto, caso o Procuradoria entenda que houve uma infração disciplinar, estará obrigada a oferecer denúncia, é uma obrigação legal do órgão.
Como exemplo, podemos citar casos em que atletas são expulsos com cartão vermelho, e depois absolvido no Tribunal, o que per se, demonstra que a punição aplicada em campo pelo árbitro de futebol não se confunde com a infração disciplinar analisada pela Justiça Desportiva.
No que diz respeito a questão do ônibus do C.A. Mineiro ser apedrejado, isso ocorreu em via pública, porém fora da competência da Justiça Desportiva.
Por final, a Procuradoria lamenta e repudia a atitude do Clube Atlético Mineiro que não identifica o autor da sua nota, mas cita o nome do Procurador, jogando-o para torcida, o que se sabe é um ato perigoso e danoso.
Atenciosamente,
Ronaldo Botelho Piacente
Procurador Geral do STJD".
Veja, na íntegra, a nota do Atlético
"O Atlético recebeu com perplexidade a notícia de que o atleta Hulk será julgado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), pelo lance ocorrido na partida contra o Coritiba, pela 3ª rodada do Campeonato Brasileiro.
É inadmissível que uma postagem infeliz de um atleta rival, em uma rede social, possa motivar denúncia por parte de um procurador do STJD.
A denúncia já seria absurda em qualquer qualificação, quanto mais a de agressão física. Em campo, inclusive com a presença de árbitro de vídeo, o lance foi analisado e o jogador punido com cartão amarelo.
A propósito, o mesmo interesse e agilidade não foram vistos quando o ônibus do Atlético foi apedrejado em Curitiba, na decisão da Copa do Brasil, em dezembro de 2021 (fato gravíssimo e de pleno conhecimento da Procuradoria do STJD), quando o órgão, por razões inexplicáveis, simplesmente perdeu o prazo para fazer a denúncia.
O Atlético não aceitará calado iniciativas esdrúxulas como essas e fará o que for possível para revertê-las, bem como impedir que motivações pessoais voltem a macular as competições nacionais".