SAF do Atlético: presidente é cauteloso sobre valores e não apressa debate

Nos bastidores, a diretoria do Atlético trabalha para entender aspectos jurídicos e financeiros do processo para transformar o clube em Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Ao longo dos últimos meses, ouviu sinalizações de interessados e tem feito avaliações sobre o valor de mercado da instituição. A ideia da gestão é estudar o tema com calma, prospectar a melhor proposta e, a médio prazo, efetuar a mudança administrativa.

Assim que a Lei da SAF entrou em vigor, em 2021, tradicionais clubes brasileiros aceleraram o processo de transformação em empresa, como Cruzeiro, Botafogo e Vasco, por exemplo. No Atlético, apesar da dívida bilionária, o tema é tratado com cautela pelo órgão colegiado (presidente Sérgio Coelho, vice José Murilo Procópio e os empresários Rubens Menin, Rafael Menin, Renato Salvador e Ricardo Guimarães).

Antes de avançar para assinaturas de contratos, a diretoria precisa da aprovação do Conselho Deliberativo. Os conselheiros vão se reunir neste 31 de março, em encontro que vai tratar das dívidas do Atlético e da evolução das obras da Arena MRV. A SAF não está na pauta da conversa, que também vai tratar da possível venda de 49,9% do Diamond Mall, shopping na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, para reduzir os débitos.

"Não, não tem nada previsto para o Conselho. Não é assunto da pauta da assembleia. Nós temos dois assuntos: um é falar sobre o nosso endividamento e o segundo é falar sobre a Arena MRV. Sobre esse assunto da SAF, não tem nada previsto", disse Sérgio Coelho em entrevista exclusiva ao Superesportes.

O City Football Group, dono do Manchester City, da Inglaterra, e de vários outros clubes pelo mundo, sinalizou interesse em adquirir o Atlético. Segundo publicou o jornalista Rodrigo Capelo, do ge.globo, no início do mês, a oferta foi de R$ 1 bilhão por 51% da SAF alvinegra.

A diretoria atleticana não confirma publicamente a oferta e tem falado pouco sobre o tema. Questionado sobre o valor de mercado do Atlético na avaliação da diretoria, Sérgio Coelho preferiu não dar detalhes para não influenciar negativamente nas negociações futuras com possíveis interessados.

"A gente tem que mandar fazer o valuation (avaliação de valor de mercado) do clube. É muito difícil falar de números sem ter certeza, porque cria-se uma especulação muito grande", iniciou.

"Às vezes, você fala um número que pode ser muito alto e assusta um possível investidor ou você fala um número muito pequeno e acaba tendo aquele valor como referência, e ele passa a ser o valor a ser negociado e o clube pode ter algum tipo de prejuízo com isso. Então, falar de números é muito difícil, exceto quando se tem certeza", completou.

Sabe-se, porém, que um valor inicial no entendimento da diretoria é que o clube vale cerca de R$ 4 bilhões na totalidade (considerando patrimônio e dívidas contraídas, que superam R$ 1 bilhão), como publicou o colunista do Superesportes Jorge Nicola.