Pelo trajeto que liga as cidades históricas Ouro Preto e Mariana já passaram pessoas importantes para a construção da história do país. O que poucos sabem é que, na história do futebol, Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais, também tem seu representante. Na Rua Conselheiro Quintiliano, no Bairro Lages, nasceu, em 1907, um filho de Ouro Preto que se tornou figura importante para a conquista do título de Campeão dos Campeões, pelo Atlético, em 1937: Alcindo de Souza Alves – para muitos, só Alcindo, mas ele gostava de ser chamado de “Peitão”.
Na comemoração dos 85 anos do título, o clube tenta reconhecer o torneio nacional, junto à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), como Campeonato Brasileiro.
No grupo atleticano comandado por Floriano Peixoto, que tinha Kafunga, Florindo, Zezé Procópio, Lola, Bala, Quim, Clóvis, Paulista, Alfredo, Guará, Nicola, Rezende e Elair, o center-half (posição da época que se assemelha ao volante) Alcindo é o único filho de Ouro Preto a levar o nome da cidade histórica para o futebol nacional.
No grupo atleticano comandado por Floriano Peixoto, que tinha Kafunga, Florindo, Zezé Procópio, Lola, Bala, Quim, Clóvis, Paulista, Alfredo, Guará, Nicola, Rezende e Elair, o center-half (posição da época que se assemelha ao volante) Alcindo é o único filho de Ouro Preto a levar o nome da cidade histórica para o futebol nacional.
Na segunda-feira (14/2), no Twitter do Atlético uma foto do time de 1937 foi publicada para homenagear a primeira taça nacional e chamar a Massa atleticana a participar da campanha de reconhecimento do título, contribuindo com fotos e reportagens da época em um dossiê que será entregue à CBF.
Em tempos em que Atlético era grafado com a letra "h" e Minas Gerais trazia mais uma "e", o jornal Estado de Minas noticiou a vitória em cima do Rio Branco colocando na reportagem a conquista desejada pelos torcedores atuais. “O Club Athletico Mineiro conquistou para Minas Geraes o título de Campeão Brasileiro”.
O filho mais velho de Alcindo, Virgílio Augusto Alves, conta que a trajetória do ouro-pretano no futebol se mistura com a história do futebol mineiro no início do século passado.
História de vida
Alcindo iniciou a carreira no Tiradentes Foot Ball, de Ouro Preto chamado. Depois, atuou em Itabirito e pelo extinto Retiro Esporte Clube, de Nova Lima – de onde foi convidado a jogar pelo Galo, em 1936. A estreia no alvinegro da capital foi em setembro daquele ano, com a vitória por 4 a 0 sobre o time de Nova Lima.
“Meu pai participou da conquista do Campeonato Mineiro de 1936. A partir dali, o Peitão conquistou mais quatro Campeonatos Mineiros, de 1938, 1939, 1941 e 1942, e fechou a passagem como jogador do Galo com chave de ouro ao conquistar o título de Campeão dos Campeões”, conta Virgílio.
Segundo ele, após encerrar a carreira como jogador, em 1942, o ouro-pretano foi trabalhar como funcionário do clube, como diretor de concentração, até 1946. Naquele período, a estrutura de treinamento e concentração das equipes era diferente, e Alcindo montou uma espécie de pensão, onde os jogadores se alimentavam com almoço e janta.
O filho diz que a carreira de gestor da “Cidade do Galo” de Alcindo durou até 1947 quando, a convite de Ayrton Moreira, foi trabalhar como auxiliar técnico. Depois, assumiu o comando do Metaluzina Esporte Clube, em Barão de Cocais, na Região Central de Minas Gerais.
“Ele se casou com a minha mãe e tiveram quatro filhos. Meu pai ficou em Barão de Cocais por 22 anos, até sua aposentadoria. Depois, retornou a Ouro Preto e viveu até o fim de seus dias. Morreu em 1978, de parada cardíaca causada por uma pneumonia”.
Memória de família
As lembranças que o filho mais velho tem da infância em Barão de Cocais, na Região Central de Minas Gerais, ao lado também da mãe, Iracema Alves, e dos três irmãos, Alcindo, Ademir e Sara, são repletas de música ao redor da radiola comprada pelo pai.
A altura (com 1,81, era um dos mais altos do time de 1937) do pai e o peitoral avantajado – o que lhe rendeu o apelido de “Peitão” – são características que, junto à elegância e o jeito alegre ficaram marcadas na memória.
“Ele sempre usava chapéu, um sapato bicolor, casaco com gravata e o relógio de bolso. Meus pais dançavam valsa e músicas de choro do Jacob do Bandolim e o bolero de Nelson Gonçalves. Era um casal pé de valsa”, afirma.
Homenagem
A família Alves torce para que o Atlético tenha reconhecido o título de Campeão Brasileiro de 1937.
Virgílio Alves defende a ideia de que, se o título for reconhecido pela CBF, a direção do clube faça uma grande homenagem aos jogadores que ajudaram a levantar a taça.
“Toda a cultura e história do futebol são feitas por pessoas. Eles merecem", comenta.
Virgílio Alves defende a ideia de que, se o título for reconhecido pela CBF, a direção do clube faça uma grande homenagem aos jogadores que ajudaram a levantar a taça.
“Toda a cultura e história do futebol são feitas por pessoas. Eles merecem", comenta.