Herói do Atlético na conquista da Supercopa do Brasil 2022, ao defender três pênaltis do Flamengo e garantir a vitóia alvinegra por 8 a 7, depois de longa disputa e muitas cobranças desperdiçadas, o goleiro Everson revelou que o sucesso na decisão na Arena Pantanal, em Cuiabá, foi resultado de longo estudo dos possíveis batedores do rubro-negro. Ele disse que fez uma avaliação criteriosa de todos os jogadores do rival que poderiam ser escalados para a série de penalidades.
Depois de empate por 2 a 2 em jogo empolgante na Arena Pantanal, Atlético e Flamengo decidiram a Supercopa nos pênaltis. O rubro-negro teve três chances de liquidar a fatura, mas não aproveitou. O atacante Hulk, que bateu pela segunda vez na nova série de batidas, deixou o Galo na frente.
Everson saltou no canto direito e catou o chute de Vitinho, decretando o triunfo alvinegro por 8 a 7 e a conquista da taça inédita para o clube.
Everson saltou no canto direito e catou o chute de Vitinho, decretando o triunfo alvinegro por 8 a 7 e a conquista da taça inédita para o clube.
Em entrevista ao programa Bastidores, da Rádio Itatiaia, Everson revelou que estudou com afinco os possíveis batedores de pênaltis do Flamengo. Ao lado do treinador de goleiroes, Rogério Maia, ele se dedicou a uma extensa avaliação dos jogadores adversários durante o voo que levou a delegação à capital do Mato Grosso, na véspera da decisão.
"Como era um jogo que poderia ir para a decisão nos pênaltis, a gente estudou todos os possíveis batedores. A gente acompanhou quem viajou para jogar, estudamos 20 jogadores do Flamengo que poderiam bater os pênaltis. A gente só não estudou o Diego Alves e o Hugo, porque não tínhamos pênaltis deles para ver", contou o goleiro atleticano que, além de pegar a cobrança de Vitinho, que garantiu o título, defendeu os chutes de Willan Aarão e Matheuzinho, enquanto Hugo e Fabricio Bruno mandaram para fora.
"A gente estudou o Willian Aarão, Matheuzinho, o Gabigol a gente estudou com um pouco mais de tempo. Isso demandou a nossa viagem toda para Cuiabá. Das 2h30 de voo, utilizamos 2h para estudar os cobradores do Flamengo. Procuramos estudar, debater e ter vários pontos de vista. Além disso, há o momento de pressão que o batedor tem para fazer o gol do título ou manter a disputa", acrescentou o camisa 22 atleticano.
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Assim como a história do Atlético, a carreira de Éverson é digna de um filme épico
Everson disse ainda que os segundos antes da batida também são decisivos para a postura do goleiro na disputa por pênaltis. "Nunca vai ser essa conta exata, não sabemos se ele vai bater naquele canto ou não, mas há também o feeling do goleiro na situação. É uma guerra psicológica, para você saber telegrafar o momento em que o batedor vai fazer a cobrança, se ele vai bater no mesmo canto ou se vai mudar. É uma guerra de estudos, pois os batedores já começaram a estudar os goleiros. mas graças a Deus, a gente saiu mais uma vez vitorioso", comemorou.
Foi a segunda disputa de pênaltis que Everson teve êxito no Atlético. Nas oitavas de final da Copa Libertadores do ano passado, diante do Boca Juniors, no jogo da volta, no Mineirão, ele pegou duas cobranças e fez o gol decisivo no triunfo alvinegro por 3 a 1. Em Cuiabá, na Supercopa, a sensação foi de alívio, já que, ao contrário do ocorrido contra os argentinos, bateu para fora e deu brecha para que o Flamengo conquistasse a taça.
"Foram duas decisões, e eu saí como herói. Na primeira, bati um pênalti muito bem batido, na decisão seguinte eu bati a oitava cobrança para fora, e se o batedor do Flamengo fizesse o gol a gente seria eliminado. Então eu poderia ficar marcado por isso. Mas estava focado, concentrado, e estudei muito os possíveis batedores do Flamengo. Tive discernimento, concentração e tomei a decisão certa de fazer aquela defesa e a gente conquistar o título", declarou.
Everson admitiu que ter participação fundamental em uma decisão por pênaltis eleva o patamar de um goleiro no clube. "A posição mais sofrida no futebol é a de goleiro. A responsabilidade de um goleiro é maior, e uma decisão por pênaltis pode consagrar. A gente acompanhou ao longo dos anos goleiros que foram julgados por não serem tão decisivos em decisões por pênaltis, então a gente sabe que vida de goleiro não é fácil. É preciso estar bem psicologicamente, isso conta muito", ressaltou.
Volta por cima
Everson completou 101 jogos com a camisa do Atlético e sofreu 81 gols, o que representa excelente média de 0,80 por partida, retrospecto melhor que nomes como "São Victor", Taffarel, Velloso, Kafunga e outros. Em uma posição em que o clube teve grandes ídolos ao longo dos 113 anos, ele, aos poucos, vem conquistando cada vez mais espaço na galeria dos grandes goleiros do Galo.
"Conquistas coletivas trazem benefícios individuais. Quando você está em um clube que briga por títulos e eles vêm, você tem o reconhecimento individual também. Estamos com muita sede para continuar escrevendo nosso nome na história do Atlético", frisou o goleiro, que foi alvo de críticas por parte da torcida quando chegou, em setembro de 2020, mas deu a volta por cima na temporada passada, sendo peça fundamental para os títulos do Brasileiro e da Copa do Brasil.
"Eu consegui chegar aqui graças a muito trabalho, não foi só por pedido do treinador, mas a diretoria e os investidores acreditaram. Sei que no começo sofremos muitos gols, mas nossa equipe jogava de uma maneira mais exposta e eu fui responsabilizado por muitos gols. Parte da torcida e da imprensa tinha dúvida se eu conseguiria representar bem o Atlético. Mas a gente sempre tem que provar, o trabalho começou a surtir efeito e eu sei da minha parcela de contribuição para o Atlético. Hoje eu tenho o reconhecimento do meu trabalho e é como eu digo, nada vence o trabalho. O trabalho rende frutos, deu títulos para o clube e alegria para o torcedor", comentou.