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Galo: Jesus teve dinheiro, 'vestiário agitado' e ficou sem taça no Benfica

Treinador português é o preferido de parte da diretoria do Atlético para substituir Cuca

29/12/2021 13:03 / atualizado em 29/12/2021 16:26
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Jorge Jesus não conseguiu fazer o Benfica voltar a ser campeão
foto: PATRICIA DE MELO MOREIRA / AFP

Jorge Jesus não conseguiu fazer o Benfica voltar a ser campeão


Jesus voltou pela segunda vez e não esteve à imagem e semelhança de um homem sábio, capaz de empolgar e alegrar multidões. Desta vez, diferentemente do passado, ele pecou demais: para muitos, foi arrogante e, ademais, não convenceu seus seguidores mais próximos. Sua partida fica longe da salvação, mas é um alívio para muita gente.

Disponível no mercado depois da demissão do Benfica, Jorge Jesus é um dos alvos do Atlético, que procura um substituto para o técnico Cuca, que, por motivos familiares, preferiu não cumprir o contrato que tinha até o fim do próximo ano.

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Após trabalho fantástico no Flamengo, em 2019 e 2020, quando conquistou cinco títulos (Campeonato Brasileiro, Copa Libertadores, Supercopa do Brasil, Recopa Sul-Americana e Campeonato Carioca), Jorge Jesus exigiu muito investimento para acertar sua volta ao Benfica, em agosto de 2020.

O clube português investiu mais de 100 milhões de euros (R$ 640 milhões) em contratações e empréstimos. Nomes de peso, como Everton Cebolinha, Nico Otamendi, Vertonghen e Lucas Waldschmidt, foram contratados.

"Luís Filipe Vieira e Rui Costa (presidentes do clube) sabiam bem ao que iam quando, em meados de 2020, decidiram resgatar o técnico campeão pelo Flamengo, conferindo-lhe uma aura messiânica. Sabiam que teriam de lhe dar carta branca - e ouvi-lo dizer que algumas das contratações não tinham merecido o seu aval -, sabiam que iria insuflar o discurso público com alguma arrogância", diz o colunista do jornal Público, Nuno Souza.

No primeiro teste depois da volta de Jesus, o Benfica caiu para o modesto PAOK, da Grécia, na Liga dos Campeões da Europa, e não chegou nem à fase de grupos da competição europeia. No campeonato nacional, o terceiro lugar foi um duro golpe no time de maior investimento de Portugal.



Na atual temporada, o Benfica avançou às oitavas de final da Liga dos Campeões, fase na qual enfrentará o Ajax, e está em terceiro no Campeonato Português, com 37 pontos, a quatro de Porto e Sporting.

"Jorge Jesus regressou com a aura da conquista da Libertadores e do Brasileirão ao comando do Flamengo, mas nunca foi consensual. Em uma temporada e meia, ficou muito aquém dos objetivos. Qualificação para a fase de grupos da Liga dos Campeões esta temporada e vitória (3-0) sobre o Barcelona foram os pontos altos", opina o jornalista Arnaldo Martins, do Jornal de Notícias.

Em Portugal, Jorge Jesus enfrentou problemas de vestiário. Chegou a afastar o meia Pizzi, mas acabou perdendo o grupo em poucas horas. O desgaste envolvendo o interesse do Flamengo também desagradou torcida e dirigentes. Essa somatória motivou a demissão do treinador, que nunca conseguiu fazer o time brilhar de verdade por um longo período. 

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"O castelo começou a ruir na derrota para o Sporting - mais até do que nas goleadas sofridas ante o Bayern Munique - e caiu com estrondo após a derrota no Dragão. Já depois de terem vindo a público queixas de antigos jogadores sobre o estilo de liderança (autocrática?) do treinador e sobre a falta de empatia que gera com muitos elementos do plantel. Neste contexto, os episódios Flamengo e Pizzi limitaram-se a acrescentar camadas a uma justificação para o divórcio", disse Nuno Sousa.

A segunda passagem de Jorge Jesus pelo Benfica terminou, nessa terça-feira (28), com 52 vitórias, 17 empates e 14 derrotas. Foram 182 gols marcados e 80 sofridos. Ele não conquistou nenhum título neste ciclo - no primeiro (2009-2015) foram dez conquistas pelas Águias.

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