Nas imagens (assista acima), o atleticano comemora o terceiro gol do Atlético na épica vitória de virada por 3 a 2 sobre o Bahia, nessa quinta-feira, na Fonte Nova. Rodrigo acompanhava o jogo do título nacional no comércio do qual é dono no Centro de Belo Horizonte e explodiu de alegria no chutaço de Keno que garantiu o triunfo. O vídeo o mostra em êxtase, correndo, pulando, rasgando a camisa que vestia e até chutando a própria loja.
"O Galo tomou dois gols em menos de cinco minutos. Passou aquele filme na cabeça de que perdemos e vamos ter que aguentar todo mundo zoando. Do lado de fora da loja, tinha cruzeirenses gritando 'Bahia', chamando o Galo de pipoqueiro", conta, em entrevista ao Superesportes . "Eu não discuto, não falo de futebol. Sou paz e amor, apesar do vídeo parecer que não", brinca o torcedor, nascido em 25 de março - data de aniversário do clube.
"Logo em seguida, o Galo empatou. Comemorei só para extravasar, gritando Galo, a máscara caiu, fiquei sem ar. Logo em seguida, fez o terceiro gol. Aí já era. Na hora, fiquei tão desesperado que queria sair chutando tudo, mas sabia que não podia", sorri. "Tirei a máscara, joguei o controle da TV no chão, lembrei que estava de blusa e raguei, gritei como um louco", relembra.
Paixão de família
A reação espontânea ganhou as redes sociais e o fez ser conhecido por muita gente. Mas engana-se quem pensa que aquele foi o ápice de Rodrigo como torcedor. O comerciante "nasceu" atleticano. A paixão vem do avô Arlindo Lucas, que morreu em decorrência de um infarto durante uma partida do Galo contra o Remo, pela Copa do Brasil, nos anos 1990.
O pai, Cláudio Maurício, de 75 anos, é a grande inspiração de Rodrigo. "A referência maior de ser o que sou é ele. É bonito demais vê-lo torcer para o Atlético. Para ele, o Atlético está acima de tudo. Meu pai costuma dizer que gosta mais do Galo do que da família. Graças a Deus, eu vi o Atlético ser campeão brasileiro com o meu pai vivo. Muita gente, infelizmente, não teve essa oportunidade", emociona-se.
As histórias familiares com o Galo são muitas. Rodrigo e o pai foram ao Mineirão na final da Copa Libertadores de 2013, mas não conseguiram assistir ao jogo todo. Afinal, Cláudio Márcio, de tão tenso que estava, começou a passar mal. A festa pelo título foi, no mínimo, inusitada. "Ele me fez ir junto ao Cemitério da Paz para zoar um amigo cruzeirense que o Atlético tinha sido campeão", conta.
A paixão é tanta que o símbolo do Atlético desperta sentimentos que parecem incompreensíveis. Rodrigo lembra que o pai chorou copiosamente ao ver o escudo alvinegro estampado no sítio da família. "É um sentimento muito puro", conta.
Anos antes, o comerciante viveu outra situação curiosa. De férias, foi a Foz do Iguaçu ver as cataratas. Depois de quase duas horas na fila debaixo de um forte sol, chegou a vez da família de Rodrigo pegar o ônibus para iniciar o passeio. Mas ele não quis. "O veículo era azul. Azul eu não entro. Deixei todo mundo passar de mim na fila e peguei o próximo", conta.
A paixão de pai e avô chegou até o filho de Rodrigo, Luiz Felipe. É o garoto de 17 anos que está com a camisa preta e aparece no vídeo que viralizou. "É atleticano fanático como nós", diz. "Nós", a quem o comerciante se referiu, é ele e a esposa Karine Capetinga, 42. Uma união que também nasceu e se fortaleceu no Galo.
Casamento atleticano
"Entramos ao som do hino do Galo, na Igreja da Pampulha. Agora, não se pode mais. As músicas têm que ser aprovadas pela Igreja. É coisa que não tem explicação", conta. E quis o destino que o casal tenha se casado em um 2 de dezembro - mesmíssima data do histórico bicampeonato alvinegro.
"Por coincidência, eu estava comemorando cinco anos de casado. Na correria do dia a dia, não me atentei para as coisas. Fui comemorar cinco anos de casado na Praça Sete com minha esposa e meu menino, cheguei em casa cinco horas da manhã. Graças a Deus, foi o melhor presente que poderíamos ter", festeja o atleticano que, para além do vídeo viral, vive uma vida dedicada ao Galo.