O time estampado na kombi chama atenção. No campinho, ídolos das antigas, como Luizinho, Reinaldo e Cerezo, fazem companhia a outros mais recentes, casos de Victor, Ronaldinho e Diego Tardelli. Ao abrir uma das portas, aparecem os bancos - numerados como uma escalação - uma televisão que transmite um duelo da Liga dos Campeões. Mas o jogo que realmente importa não é o do PSG de Lionel Messi contra o Manchester City de Pep Guardiola. Todos ali esperavam a bola rolar para o duelo decisivo entre Atlético e Palmeiras, pela volta da semifinal da Copa Libertadores - o que ocorreria em horas, a metros de distância, no Mineirão.
Ao som de músicas da torcida alvinegra, os nove que ali estavam - sete adultos e duas crianças - bebiam e comiam no aguardo do jogo. Mas o que chamava mesmo a atenção era a kombi. O veículo foi personalizado com símbolos alusivos ao Atlético. Do lado de fora, taças históricas conquistadas pelo clube. Acima, uma frase eternizada do jornalista Roberto Drummond: 'Se houver uma camisa branca e preta pendurada no varal durante uma tempestade, o atleticano torce contra o vento'.
Ao menos era o que achava Daniel. "Veio a pandemia, as coisas ficaram difíceis", contou ao Superesportes. Otávio, porém, nunca tirou o projeto da cabeça. E resolveu levar o sonho adiante, sozinho mesmo. "Fiz sozinho, 'traí' o meu primo, e dei a kombi para ele de presente de aniversário", sorri.
"A kombi é de 2013 (ano em que o Atlético conquistou a Copa Libertadores). Tinha que ser desse ano. Plotei, fiz os bancos enumerados, colocamos a TV portátil, tem barraca... Tudo personalizado do Galo. Hoje, estamos em nove, todos da família", completa Otávio.
"É inexplicável. Muito bom mesmo. Por trás, há uma história muito grande da família toda. Foi muito legal, porque a gente fez o projeto da kombi. E aí, no meu aniversário, em outubro de 2020, chegou a kombi como um presente. Fico muito grato", conta o presenteado Daniel.
Projeto Montevidéu
Com a família reunida, os primos contam o próximo plano: percorrer, de kombi, 2,6 mil quilômetros entre Belo Horizonte e Montevidéu, capital do Uruguai, para a final da Copa Libertadores desta temporada. Já juntam dinheiro há meses e falam com otimismo sobre a possibilidade mesmo antes da semifinal contra o Palmeiras, no Mineirão. O jogo de ida terminou 0 a 0.
"A família, muito unida, começou a idealizar isso há quatro, cinco meses. Estamos com uma caixinha, juntando os recursos necessários. Vamos levar crianças, pois vai ser inesquecível para eles. Estou muito empolgado. Vamos, Galo!", vibrou.