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COPA LIBERTADORES

Presidente do Atlético pagou, do próprio bolso, fiança de jogadores do Boca

Sérgio Coelho se prontificou a disponibilizar R$ 6 mil em espécie, já que o clube argentino não dispunha da moeda nacional

postado em 21/07/2021 17:50 / atualizado em 21/07/2021 20:42

(Foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Em nota oficial divulgada nesta quarta-feira (21), o Atlético revelou que Sérgio Coelho, presidente do clube, pagou, do próprio bolso, a fiança exigida (R$ 6 mil) para liberar jogadores e membros da comissão técnica do Boca Juniors da Central de Flagrantes 4 (CEFLAN 4) da Polícia Civil, no bairro Alípio de Melo, região Noroeste de Belo Horizonte. Ainda de acordo com o time alvinegro, a instituição argentina não fez o ressarcimento do valor.
 
 
 
Tão logo o jogo entre Galo e Boca, válido pelas oitavas de final da Copa Libertadores da América, no Mineirão foi encerrado, os argentinos partiram para a violência na área de zona mista. Alguns chegaram a atirar cavaletes e um bebedouro em seguranças do Atlético. Ainda assim, seguiram rumo ao vestiário do clube mineiro e dos árbitros. No caminho, promoveram agressões e depredaram o estádio. A Polícia Militar foi acionada e conteve a delegação do Boca com gás de pimenta.
 
Em nota, a Polícia Civil informou que recebeu duas ocorrências do caso. Pela primeira, dois integrantes da delegação argentina foram autuados em flagrante por crime de dano qualificado. Eles foram liberados após pagamento de fiança de R$ 3 mil e responderão o processo em liberdade.
 
Já na segunda ocorrência, outros quatro integrantes da delegação assinaram um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) pelos crimes de lesão corporal e desacato, assumindo o compromisso de comparecer em futura audiência no Juizado Especial Criminal. Os nomes não foram divulgados.
 
A delegação da equipe argentina ficou na delegacia por cerca de 12 horas para esclarecimentos sobre a confusão. Após a liberação, o Boca Juniors seguiu direto ao Aeroporto Internacional de Confins para a viagem de volta a Buenos Aires. Inicialmente, o voo seria às 23h dessa terça.
 
A comissão do Boca Juniors permaneceu completa na delegacia por determinação do técnico Miguel Ángel Russo. Inicialmente, apenas oito integrantes da equipe identificados na confusão seriam levados para depoimentos: Gayoso (preparador de goleiros), Somoza (assistente técnico), e os jogadores Cascini, Rojo, Izquierdoz, Villa, Zambrano e Javi García.
 
Os ônibus do time saíram escoltados do estádio pela Polícia Militar até a Central de Flagrantes 4. Lá, foi feito Boletim de Ocorrência para documentar as agressões e os atos de vandalismo registrados pelas câmeras de TV. Representantes do Consulado da Argentina em BH deram assistência ao clube.
 
Durante a permanência dos argentinos no local, a Polícia Militar montou uma barreira na porta da CEFRAN 4, localizada na Avenida João XXIII, no Alípio de Melo, impedindo a saída dos ônibus do Boca até a conclusão dos depoimentos.
 

Nota oficial do Atlético

 
Sobre os graves acontecimentos protagonizados pela equipe do Boca Juniors, na noite de ontem, 20 de julho, no Mineirão, o Clube Atlético Mineiro informa e esclarece que:
 
1 - As cenas de violência amplamente divulgadas pela mídia evidenciam, de forma inequívoca, que toda a confusão foi provocada pelos jogadores e membros do staff do clube argentino, conforme o BO registrado pela polícia e a cronologia dos fatos, que segue abaixo desta nota;
 
2 - Não se admite que em uma competição de alto nível como a Copa Conmebol Libertadores haja espaço para esse tipo de comportamento e conduta antidesportiva, razão pela qual o Clube Atlético Mineiro exige da Conmebol severa punição aos infratores;
 
3 - O Clube Atlético Mineiro reitera de forma enfática que não teve qualquer responsabilidade pelos incidentes ocorridos, mas que, ainda assim, pelo princípio da cordialidade que rege o ambiente esportivo, deu todo o apoio possível ao clube argentino, inclusive intercedendo perante as autoridades policiais brasileiras. O presidente do Clube Mineiro, Sérgio Coelho, participou pessoalmente destas negociações e pagou, do próprio bolso, a fiança exigida ao clube argentino, pela Polícia Civil de Minas Gerais, já que a delegação do Boca Jrs não tinha dinheiro em espécie e em moeda nacional (o valor foi, logo em seguida, ressarcido pelo time argentino);
 
4 - O estádio do Mineirão, que já foi palco de grandes momentos em competições organizadas pela Conmebol, inclusive a decisão da Libertadores de 2013, é absolutamente seguro e adequado para realização de partidas como a ocorrida, e que jamais teve registro de episódios semelhantes aos protagonizados pela equipe argentina;
 
5 - O Clube Atlético Mineiro espera que episódios como os registrados se tornem, cada vez mais, fatos isolados no mundo do futebol, para que a paz e o respeito sejam os senhores da razão;
 
6 - Por fim, destaca-se que a despeito da péssima forma como a equipe mineira fora recebida no jogo de ida, e da lamentável conduta que teve a delegação do Boca Jrs em nossa casa, na segunda partida, o Atlético Mineiro não deixou de prestar todo o apoio que se fez necessário.
 
CRONOLOGIA DOS FATOS:
 
1 - Após o jogo, os atletas das duas equipes desceram o túnel e foram para seus respectivos vestiário, como de praxe. Poucos minutos depois, jogadores e comissão técnica da equipe argentina saíram do local e, em bloco, partiram em direção ao vestiário dos árbitros.
 
2- Seguranças do Galo e do Mineirão tentaram, sem sucesso, contê-los. No caminho, atacaram todos que se encontravam pela frente, arremessando gradis, extintores, bebedouros, barras de ferro (em forma de punhal) e outros objetos que estavam ao seu alcance;
 
3 - Subitamente, sem lograr êxito na tentativa de buscar os árbitros, os argentinos decidiram invadir o vestiário do Galo, que era protegido, naquele momento, somente por um segurança. Para proteger a integridade física dos atletas e da comissão técnica da equipe mineira, até o presidente Sérgio Coelho se posicionou para tentar impedir a entrada dos argentinos, exercendo o direito de legítima defesa;
 
4 - A contenção só foi possível após a chegada da Polícia Militar, que teve de usar gás de pimenta para dispersar os agressores. O saldo foi de pessoas feridas, felizmente sem maior gravidade;
 
5 - A PM deu voz de prisão a alguns jogadores e membros da comissão técnica do Boca;
 
6 - Passado o momento de maior tensão, o chefe de segurança do Boca Jrs procurou pessoalmente o presidente e a diretoria atleticana para se desculpar pelo ocorrido e esclarecer que o objetivo era chegar ao vestiário da arbitragem, conforme registrado em vídeo amplamente divulgado;
 
7 - Diante da gravidade dos fatos e das consequências impostas pela Polícia Militar, dirigentes do Boca procuraram o presidente do Atlético para se desculpar pelo ocorrido e para pedir-lhe apoio, no que foram prontamente atendidos;
 
8 - O presidente atleticano solicitou aos diretores de administrativo e jurídico que acompanhassem a delegação argentina e lhes desse total guarida;
 
9 - Às 4h30 da manhã, os dois diretores do Galo ligaram para o presidente Sérgio Coelho, solicitando-lhe que conseguisse 6 mil reais em espécie para que fossem pagas as fianças, junto à Polícia Civil mineira. Prontamente, o presidente enviou os recursos necessários, do próprio bolso.

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