Para reduzir erros e aumentar as chances de vencer - dentro e fora de campo -, o Atlético decidiu apostar na informação. O clube seguiu exemplos de gigantes europeus, como Liverpool e Manchester City, ao criar o novo departamento de analytics, inédito entre as equipes brasileiras.
O setor faz parte do Centro de Informação do Galo (CIGA), implementado há três anos e reformulado em 2021. Outros três departamentos integram a área: o de captação, o de análise de desempenho e o de análise de mercado.
Departamentos que integram o CIGA:
- Captação (novo), voltado para a observação de jogadores das categorias de base;
- Análise de desempenho (novo), que engloba desde o sub-15 ao profissional do Atlético e de adversários;
- Analytics (novo), que avalia jogadores com minutagem em jogos profissionais, independentemente da idade;
- Análise de mercado, que já existia e teve capacidade de análise de jogos dobrada entre 2020 (1,5 mil) e 2021 (3 mil).
A reformulação foi anunciada à imprensa em evento online realizado na tarde desta terça-feira. Representaram o clube o diretor de comunicação, André Lamounier, o coordenador do CIGA, Alessandro Brito, e os gerentes do departamento de analytics, Rodrigo e Pedro Picchioni.
“A comunicação entre a comissão técnica e o CIGA acontece de forma diária. A gente recebe muita indicação e informação, seja da comissão, seja do executivo e da direção. É algo novo no Brasil e, infelizmente, ainda é visto com preconceito. Mas a gente tem certeza do que está fazendo e, por isso, está criando esse departamento no clube”, relatou Alessandro.
As mudanças foram coordenadas pelo diretor de futebol Rodrigo Caetano, que contratou profissionais e deu aval a parcerias com empresas que compilam e analisam dados no futebol. A ideia, como publicou o Superesportes em janeiro, é reduzir os erros na busca por reforços e análise do time e adversários.
Contratações
Na prática, o CIGA auxilia o Atlético a tomar decisões sobre contratação de jogadores e estratégias sobre o time e os adversários, além de monitorar os atletas emprestados a outras equipes.
No processo de reformulação do setor, o clube aumentou de sete para 12 o número de observadores espalhados pelo Brasil. No exterior, a análise de atletas promissores também foi ampliada a partir do uso de ferramentas que compilam dados dos atletas desde as categorias de base até o profissional.
Ao longo do evento, dois exemplos recentes de negociações foram citados: a compra dos direitos econômicos do meio-campista Guilherme Castilho e a contratação do atacante Hulk.
“Como temos no departamento o monitoramento de brasileiros que atuam no exterior, em 2020 ficou determinado que fosse observado o Campeonato Chinês. Então, as duas últimas temporadas do Hulk foram monitoradas, 100% dos jogos. E aí foram criados vários relatórios sobre a sua performance e entregues à diretoria”, exemplificou Alessandro.
Nova ferramenta
Pouco antes do evento desta terça-feira, o Atlético anunciou uma parceria com a StatsBomb, empresa britânica especializada em coleta e análise de dados do futebol. As novas informações disponibilizadas servem como base para o novo departamento de analytics, inédito no Brasil.
“O analytics não é mais o futuro. É o presente. Quem não está embarcando nisso tende a ficar para trás e perder tempo. O futebol foi um esporte com início tardio na área, mas hoje está próximo do futebol americano e do basquete, numa segunda fase da revolução analítica, com o beisebol um pouco à frente”, disse Pedro Picchioni. “É uma vantagem competitiva que estamos buscando criar. E, ao mesmo tempo, a inovação, que é um pilar importante no projeto do clube”, complementou Rodrigo.
A empresa tem parceria com mais de 100 federações e clubes ao redor do mundo, como Liverpool e Manchester City. A plataforma possui uma base de 13 mil jogos coletados e oferece mais de 3,4 eventos por partida em 80 competições.