"Com toda sinceridade, houve um momento em que o Atlético claudicou no ano passado, que foi infelizmente quando aconteceu o surto de COVID-19. Não estou dizendo que foi, mas aconteceu coincidentemente depois de uma festa de um assessor do Sampaoli [Gabriel Andreata, gerente de futebol] e ali, posso ter a impressão, houve uma quebra da confiança total, ele sempre foi muito exigente, do elenco com ele', disse.
O Atlético enfrentou um surto do novo coronavírus no fim do ano passado. Os casos atingiram jogadores, comissão técnica, diretoria e até seguranças do clube. Do time principal foram infectados o meio-campista Alan Franco, o zagueiro Gabriel, o zagueiro Réver, o lateral-direito Guga, o volante Allan, o goleiro Victor e o atacante Eduardo Vargas, além do técnico Jorge Sampaoli. Toda a equipe de trabalho de Sampaoli foi infectada.
Sette Câmara disse que sentiu um baque do elenco. "Foi muito duro. No dia seguinte, quando recebi a notícia de que o time titular estava praticamente todo infectado, eu fui até o CT antes da preleção, nós tivemos que buscar um treinador do time de transição, e levei os jogadores para o refeitório. E eu senti que o elenco estava abatido, senti com a experiência que tenho de muitos anos de Atlético, de bastidores, de vestiário, que tínhamos ali um problema sério. Quando saí dali, até comentei com uma pessoa que trabalhava comigo que o jogo seria muito difícil para a gente empatar. Dito e feito: o Atlético perdeu o jogo para o Athletico-PR por 2 a 0, era um jogo ganhável", disse.
"Depois tivemos um jogo em seguida no Ceará, e o time deu uma caída. Quando chega ao fim do campeonato e você vê que ficou a três pontos do campeão, o Atlético empatou um jogo com o Internacional praticamente ganho, com o Grêmio, um jogo ganho, colocou o Borrero que não estava preparado para entrar, levamos o gol de empate, o Renato soube explorar o lado do Borrero. Perdemos um jogo para o Goiás. Perdeu para times que não poderia perder. Mas o trabalho foi bom, porque o Atlético ficou em terceiro e não ganhou por três pontos. (Sampaoli) é pessoa de difícil trato, não é fácil, mas é um treinador que conseguia extrair muita coisa dos seus jogadores e você via em campo", afirmou.
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Sette Câmara disse que nunca teve em mente demitir Jorge Sampaoli. "Não era minha vontade mandar ele embora, ia mais atrapalhar do que ajudar, tinha a questão da multa também. São Paulo trocou o treinador no final e não resolveu. Eu não faria isso. E o Sampaoli saiu do Atlético porque tinha uma proposta, senão estaria aqui", destacou.
"Ele (Sampaoli) sempre me tratou bem, com deferência e educação. Ele nunca foi descortês comigo. Mas também não tinha aquela resenha, aquela aproximação, aquela coisa que eu tive com outros treinadores. Como eu não queria o Sampaoli para casar com minha filha, então está tudo bem. Eu entendi a maneira dele trabalhar. Ele não gostava muito que as pessoas estivessem ali testemunhando os treinos dele, e deixei o trabalho ser feito pela pessoa da minha confiança que tinha o contato direto com ele, que era o Alexandre Mattos. O Mattos, muito habilidoso, soube levar muito bem o Sampaoli", concluiu.