Arena MRV valorizou 66% no balanço divulgado pelo clube - Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

Durante o Galo Business Day, realizado nesta sexta-feira, o Atlético apresentou o balanço financeiro da temporada 2020. De acordo com os números divulgados, o alvinegro encerrou o último exercício com superávit de R$ 19 milhões. Mas como o clube chegou a esse fechamento mesmo em um ano marcado pela pandemia do coronavírus, diminuição de receitas e aumento da dívida em R$ 462 milhões? É isso que vamos explicar a partir de agora.

O Atlético dividiu receitas e despesas da última temporada em dois tópicos: resultados recorrentes e resultados não recorrentes. O segundo termo chama mais a atenção, pois não é totalmente de um valor que entrou nos cofres do clube, e sim uma projeção sobre a Arena MRV e o Diamond Mall, shopping que o clube detém 49,9%. 

“O resultado do clube está positivo, principalmente, por três fatores que contribuíram de maneira positiva para virar o resultado do exercício. O primeiro deles foi a venda de 50,1% do shopping. Esse recurso foi direcionado à construção da Arena MRV, mas gerou um lucro de R$ 91 milhões em relação ao que tínhamos registrado na contabilidade. Isso é real, o dinheiro entrou no caixa e foi para a Arena MRV. Tem que ser reconhecido dentro do balanço”, disse Paulo Braz, diretor de finanças e orçamento do clube. 

No total, o Atlético teve R$ 295 milhões de resultados não recorrentes. São R$ 91 milhões pela venda do Diamond Mall (como explicado acima), R$ 66 milhões pela valorização da Arena MRV a fluxo de caixa descontado (empresa internacional contratada para verificar o planejamento futuro da arena e as perspectivas de receita) e R$ 138 milhões pela avaliação do shopping, feita pela mesma empresa internacional.

Paulo Braz explicou que a entrada desses valores no balanço financeiro é uma regra contábil usual no mercado. Ele detalhou o trabalho feito para chegar a esses valores.

“Com relação à valorização da Arena, quando temos bens destinados a investimentos, é importante que se valorize esse investimento em relação ao mercado, ao que se projeta de resultado futuro em cima do que o mercado entende ser razoável que aquele investimento vai produzir no futuro. Tanto na Arena MRV quanto no Diamond Mall, temos uma projeção de resultado baseada num histórico passado. Fizemos uma projeção futura, que é trazida à taxa de desconto de modo a reproduzir o valor presente. É uma prática sim, de mercado, valorizar os investimentos destinados a mercado, com valor de mercado. É sim uma projeção. O reconhecimento aqui é de quanto esse bem destinado a investimento vale em relação à sua expectativa de negócio. Quando você vai comercializar qualquer um desses, você precisa fazer essa valorização. Uma vez que ele está para investimento, tem sempre que estar a valor de mercado. É uma regra contábil reconhecê-lo a valor de mercado, uma vez que essa seja a decisão. A melhor forma de se fazer é pegar a projeção e trazer a fluxo de caixa descontado. Tudo isso foi feito de regras contábeis usuais do mercado”, completou.

O resultado recorrente do Atlético na temporada 2020 foi no valor de R$ 276 milhões negativos. O maior déficit foi no impacto da COVID-19, com R$ 179 milhões.

Entre os valores avaliados neste impacto estão: bilheteria, menor liquidez no mercado de transferência, queda no valor dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro, reestruturação administrativa e premiação do Campeonato Brasileiro.

Além disso, o clube contabilizou gastos com o futebol de R$ 97 milhões. Nesses valores estão inclusos a amortização de contratos e salários.