A primeira partida da final, por força de sorteio, foi no estádio Independência, em 12 de novembro. O Atlético venceu por 2 a 0 com gols do atacante Luan e do meia argentino Dátolo. Irretocável em campo, mostrando clara superioridade sobre o rival durante os pouco mais de 90 minutos, o Galo abriu boa vantagem.
O gol histórico do título nacional do Atlético sobre o Cruzeiro foi marcado pelo atacante Diego Tardelli, aos 47 minutos do primeiro tempo. Uma cabeçada forte do lado direito de Fábio, deixando o goleiro no chão, selou a conquista. Foi a vitória mais importante de um sobre o outro em 100 anos de clássico, com um segundo lugar honroso para o triunfo no Independência, duas semanas antes. A torcida atleticana, que só teve direito a 1.833 bilhetes no Gigante da Pampulha, transformou Belo Horizonte num palco para a festa que parecia interminável.
‘Quarta-feira tem mais’
Os dois clássicos mais importantes da história guardam também uma curiosidade que, até hoje, é motivo de gozação. Três dias antes da finalíssima da Copa do Brasil, o Cruzeiro conquistou o bicampeonato brasileiro (2013/2014) ao vencer o Goiás, no Mineirão, por 2 a 1.
Durante a festa dos jogadores no gramado, o meia do Cruzeiro, Ricardo Goulart, soltou a célebre frase: “Quarta-feira tem mais”. Na ocasião, Goulart respondia à abordagem de uma repórter. Segundo ela, o atleta enlouquecia a torcida celeste naquele momento ao tremular uma bandeira na comemoração do título brasileiro.
Na quarta-feira, porém, o Atlético venceu o Cruzeiro, por 1 a 0, no Mineirão, levantando a taça da Copa do Brasil. De quebra, como dizia insistentemente a torcida alvinegra na época, carimbou a faixa de campeão brasileiro do rival. O atleticano ainda comemorou o fato de passar o ano de 2014 invicto diante da Raposa. Foram sete clássicos naquela temporada, com quatro vitórias alvinegras e três empates. Vale lembrar que dois daqueles empates, ambos por 0 a 0, valeram o título de campeão mineiro ao Cruzeiro, justamente em cima do Atlético.
‘Ganhar do Cruzeiro é gostoso’
Ídolo da torcida do Atlético, Diego Tardelli conquistou aquele status também por ser carrasco do Cruzeiro. O atacante coleciona boas atuações e ótimos números em clássicos contra o arquirrival. Em 20 embates, são nove gols marcados, o que equivale a quase um gol a cada duas partidas.
O gol mais importante foi justamente o do título da Copa do Brasil. “Ganhar do Cruzeiro é gostoso. Aqui é nosso salão de festas”, disse na época o atacante, em êxtase, poucos minutos após a conquista no Mineirão.
Mas Tardelli tem outros gols marcantes que entraram para o imaginário da torcida alvinegra, inclusive um hat-trick. Com três gols na Arena do Jacaré, o atacante foi decisivo no triunfo, por 4 a 3, pela fase de classificação do Campeonato Mineiro 2011, em 12 de fevereiro. Também pelo Estadual, mas em 2013, ele balançou as redes uma vez na goleada por 3 a 0, no jogo de ida da final no Independência. O Galo terminou o torneio como campeão.
Já no Campeonato Brasileiro 2014, além de fazer um dos gols da vitória do Atlético, por 3 a 2, no Mineirão, em 21 de setembro, Tardelli se juntou ao lateral-direito Marcos Rocha para relembrar a maior goleada da história dos clássicos contra o Cruzeiro: 9 a 2. O placar máximo aconteceu em 27 de novembro de 1927, quando o ataque alvinegro era composto pelo “Trio Maldito”, que tinha Jairo, Mário de Castro e Said.
Tardelli jogou pela última vez contra o Cruzeiro em 7 de março do ano passado. Ele entrou na partida aos 24 minutos do segundo tempo na vitória atleticana, por 2 a 1, naquele que ficou conhecido como o “clássico do Cruzeiro Série B”. Já no “clássico centenário”, domingo passado (11/4), na vitória celeste por 1 a 0, ele sequer foi relacionado. Tardelli havia sido liberado pelo departamento médico alvinegro para iniciar a transição física. Ele se recuperou de uma lesão muscular na coxa direita.
Diego Tardelli é o sexto jogador a vestir a camisa preta e branca que mais fez gols no Cruzeiro. Assim como ele, outros quatro marcaram nove vezes diante da Raposa: Nílson, Paulo Isidoro, Guilherme e Lauro. O recordista de gols sobre o arquirrival é Guará, ídolo nos anos 1930, com 26.