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Cuca promete time ofensivo e quer reviver glórias no Atlético

Treinador foi apresentado nesta terça-feira, na Arena MRV

postado em 16/03/2021 17:03 / atualizado em 16/03/2021 20:51

(Foto: Pedro Souza/Atlético)

Quase sete anos e três meses depois, Cuca voltou a vestir o uniforme para trabalhar pelo Atlético. De dezembro de 2013 até março de 2021, o treinador passou por quatro clubes até que, enfim, aceitou retornar à Cidade do Galo. Nesta terça-feira, foi apresentado como o novo comandante alvinegro, prometeu um time ofensivo e expressou o desejo de reviver as glórias da primeira passagem.

 

“Era uma grande vontade que eu tinha de voltar a trabalhar aqui no Galo. Depois de sete anos, consigo voltar. É lógico que sei o tamanho da responsabilidade que tenho aqui, assim como eu sabia da outra vez que vim, em 2011. Nós fizemos um 2011 de recuperação, um 2012 muito bom e um brilhante 2013. Então, tenho muita confiança. Hoje, as condições são até melhores do que eram naqueles anos”, disse, em entrevista coletiva realizada onde está sendo construída a Arena MRV.

Também estiveram na apresentação o presidente Sérgio Coelho, o diretor de futebol Rodrigo Caetano e o gerente Victor, que trabalhou com Cuca no Atlético quando era goleiro.


Na primeira passagem - que durou entre 2011 e 2013 -, Cuca foi bicampeão mineiro (2012 e 2013) e campeão da Copa Libertadores (2013). Na temporada 2021, o treinador dirigirá o time nas duas competições, além da Copa do Brasil e do tão sonhado Campeonato Brasileiro, que não é conquistado desde 1971.

“Não sei aqui qual competição vamos buscar, qual a gente vai sair campeão, mas sei que tenho vontade de disputar todas elas com a máxima vontade possível para poder sair campeão. A gente tem um elenco fortíssimo. Vamos procurar tirar o máximo de cada um em benefício disso”, afirmou.

Ofensividade


A ofensividade era uma das principais marcas daquela equipe dirigida por Cuca há sete anos. Para as duas próximas temporadas - período do vínculo assinado com o Atlético -, o desejo é ter um time que prioriza o ataque, como ocorreu com Jorge Sampaoli em 2020. O brasileiro, porém, frisou que haverá diferenças em relação ao trabalho do argentino.

“Eu tenho meu estilo de jogo. Eu sempre tento pôr a equipe o mais à frente possível, com organização. O Sampaoli também é assim, só que cada um tem uma maneira tática de jogar”, pontuou.

 

“Aquele Atlético de 2012 e 2013 era um time que jogava bonito. Jogava um jogo fino. Uma equipe leve, que sabia jogar e também sabia, em alguns momentos, aproveitar do jogo aéreo, que também é fundamental. Acho que todo torcedor do Galo tem saudade da maneira como aquele time jogava. Quanto mais no ataque você jogar, maior o risco de exposição defensiva. Isso acontece com o Galo e com qualquer outra equipe. Vai acontecer comigo também, pode ter certeza. Tomara que num número menor, mas vai acontecer uma exposição, porque a gente busca jogar no ataque”, prosseguiu.

‘Escândalo de Berna’


A decisão de voltar ao Atlético após sete anos não foi fácil para Cuca. Nas últimas semanas, o treinador acompanhou a mãe, Nilde Stival, internada com COVID-19 em um hospital de Curitiba. Por isso, atrasou a chegada a Belo Horizonte, prevista inicialmente para a semana passada. Ele desembarcou na capital mineira só na noite dessa segunda.

Outro tema que travou, momentaneamente, o acerto de Cuca com o Atlético foi um caso intitulado o ‘escândalo de Berna’. O treinador se envolveu num episódio policial ocorrido em 1987, em Berna, na Suíça, quando era jogador do Grêmio. À época, uma garota de 13 anos acusou de estupro coletivo Alexi Stival (Cuca) e outros três jogadores: Eduardo Hamester, Fernando Castoldi e Henrique Etges.

Em 1989, os quatro foram condenados não por estupro, mas por violência sexual contra pessoal vulnerável (com menos de 16 anos). Embora não tenha sido reconhecido pela garota, Cuca pegou 15 meses de prisão, mas não cumpriu a pena, já que o Brasil não extradita seus cidadãos. Em 2004, a possibilidade de execução expirou.

Nesta terça, Cuca falou sobre o tema. “Acho que esse assunto tem que ser debatido sempre, em todos os sentidos, não só no futebol. Eu postei a minha família na frente da câmera e dei meu depoimento. Falei o que eu tinha que falar. Sou uma pessoa do bem, não preciso ficar falando isso aqui. Já treinei em Minas quase quatro anos, primeiro Cruzeiro e depois Atlético. Aqui, fiz muitas amizades e acho que nenhuma inimizade. O que eu tinha que falar desse tema eu já falei, junto com toda a minha família. É uma coisa que ocorreu há 34 anos e é um episódio que já está superado. Vida que segue”, afirmou.


O vídeo a que Cuca se referiu foi uma declaração gravada dias antes do acerto oficial com o Atlético, em que ele negou ter violentado a garota, embora tenha sido condenado. "Eu quero treinar ainda grandes equipes, mas não quero nunca ser um cara mal falado. Prefiro ficar na minha casa à sair aí e achar polêmica, problema. Minha vida é baseada nesses conceitos, que são família, fé em Deus e ser uma pessoa honesta e íntegra", afirmou, em entrevista ao Blog da Marília Ruiz, do Uol.
 
Após o posicionamento, grupos de torcedores que haviam impulsionado a tag contra o retorno de Cuca voltaram às redes sociais. Parte deles manteve as críticas às declarações do treinador. Foi o caso, por exemplo, da Grupa, um coletivo de atleticanas, que publicou uma nota sobre o tema.
 
"A postura do treinador em não assumir, não se desculpar, apagar a mancha que não se apaga apenas reitera o seu descaso, o da diretoria atleticana e de todos que o apoiam em relação à manutenção de uma situação de violência constante de desrespeito à mulher e a continuidade de um comportamento de eximir a responsabilidade dos atletas", lê-se em um trecho da nota.

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