Atlético e o ex-volante Adilson se encontraram virtualmente em audiência da 5ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte nesta terça-feira. Representantes do clube contradisseram o próprio discurso alvinegro e afirmaram que o ex-atleta foi "estagiário", e não "auxiliar-técnico", após encerrar a carreira nos gramados aos 32 anos por causa de um problema cardíaco. Não houve conciliação entre as partes, e o processo de mais de R$11,6 milhões continua.
“Não houve dispensa do reclamante (Adilson); o reclamante trabalhou até julho de 2019, não assumindo nenhuma outra função no clube em período posterior; o reclamante não atuou como auxiliar técnico, sendo dito pela reclamada (Atlético) que poderia haver a possibilidade de treinamento/estágio para, futuramente, quem sabe, ser auxiliar”, disse o reclamado na audiência conduzida pela juíza Andressa Batista de Oliveira.
“Em janeiro de 2020, com a chegada do técnico Dudamel, o mesmo disse que só queria trabalhar com pessoas experientes, então, o reclamante, que estava aprendendo, não continuou; ao que sabe, o reclamante também "não estava muito a fim de continuar"; por falha, o nome do reclamante também não foi tirado do registro da CBF após julho de 2019; não houve utilização da imagem do reclamante após julho de 2019; não houve festa em homenagem ao reclamante, apenas uma despedida do reclamante”, complementou a defesa do clube.
A versão apresentada pelo jurídico contradiz o próprio clube alvinegro, que, em 2019, chamou Adilson de “auxiliar-técnico”. Em 15 de julho daquele ano, o Atlético anunciou nas redes sociais a mudança de função.
Presente na reunião, Adilson explicou que o último dia trabalhado no Atlético foi “7 ou 8 de dezembro de 2019”. Depois, não retornou mais à Cidade do Galo, pois durante as férias foi avisado por seu empresário, Cristiano Manica, de que havia sido despedido. Uma de suas testemunhas na audiência foi Rodrigo Santana, técnico atleticano no período em que o ex-volante foi auxiliar.
Santana relatou à juíza que pediu ao então diretor de futebol Rui Costa para incorporar Adilson ao estafe como auxiliar, pois se tratava de uma “peça importante” para o grupo. De acordo com o treinador, o executivo conversou com o presidente Sérgio Sette Câmara, que gostou da ideia e autorizou a contratação.
“No dia seguinte, o reclamante se tornou membro da comissão técnica e começou a atividade; o depoente ficou trabalhando na reclamada até outubro de 2019, quando foi desligado, mas o reclamante permaneceu até dezembro de 2019; não foi ajustada a ida do reclamante como estagiário/treinamento, mas não sabe dizer a remuneração para o exercício dessa função; chegou a ouvir que seria mantido o contrato do reclamante até o término do contrato; ouviu tal fato do diretor Rui; nunca conversou diretamente com o presidente sobre a alocação do reclamante na comissão técnica”.
O Atlético contestou a presença de Rodrigo Santana com o argumento de que ele é amigo de Adilson. A testemunha negou a relação próxima, e a juíza indeferiu a contradita por falta de provas do clube. Por outro lado, Andressa Batista aceitou a impugnação de Cristiano Manica como depoente pelo fato de ele ser agente do ex-jogador.
“No caso em apreço, entendo que, de fato, ausente a isenção necessária para depor como testemunha, uma vez que, sendo agente do autor, tem interesse direto no resultado da demanda, agindo, ainda, como empresário em prol dos interesses dos reclamante”.
Origem do imbróglio
Diagnosticado com um problema cardíaco, Adilson anunciou a aposentadoria precoce em julho de 2019, depois de 99 jogos e dois gols pelo Atlético. Conforme já citado por Rodrigo Santana na audiência, a diretoria da época - encabeçada por Sette Câmara e Rui Costa - optou por mantr o ex-volante no clube.
Adilson, então, assumiu a função de auxiliar de Santana, que havia sido efetivado no comando do elenco profissional dois meses após a saída de Levir Culpi.
Em outubro de 2019, Rodrigo foi dispensado do Galo, que contratou Vagner Mancini como substituto na reta final do Campeonato Brasileiro. Adilson continuou como assistente, sendo desligado somente em dezembro, no momento em que a direção acertou com o venezuelano Rafael Dudamel para 2020.
Fora dos planos de Dudamel, Adilson acionou o Atlético na Justiça em janeiro de 2020 cobrando R$11.648.906,64 de salários, férias, 13º e FGTS atrasados. O montante inclui o que profissional teria a receber até dezembro de 2020, lucros cessantes, danos morais e verbas indenizatórias sobre o direito de imagem. Na petição inicial, ele também culpou o clube pelo agravamento do seu quadro de saúde.
Em outubro de 2019, Rodrigo foi dispensado do Galo, que contratou Vagner Mancini como substituto na reta final do Campeonato Brasileiro. Adilson continuou como assistente, sendo desligado somente em dezembro, no momento em que a direção acertou com o venezuelano Rafael Dudamel para 2020.
Fora dos planos de Dudamel, Adilson acionou o Atlético na Justiça em janeiro de 2020 cobrando R$11.648.906,64 de salários, férias, 13º e FGTS atrasados. O montante inclui o que profissional teria a receber até dezembro de 2020, lucros cessantes, danos morais e verbas indenizatórias sobre o direito de imagem. Na petição inicial, ele também culpou o clube pelo agravamento do seu quadro de saúde.