“No geral, são bons jogadores, com qualidade, potencial. Claro que ainda são muito jovens. Se não é fora da curva, um fenômeno, o atleta tem que experimentar um pouco mais jogos com torcida, com uma pressão maior, contra atletas mais velhos, com mais maturidade, dentro do plantel profissional. Eles estão ainda nesse momento de amadurecimento, transição, em uma nova experiência, de vivenciar algo novo na carreira deles”, disse o técnico Marcos Valadares, do sub-20 do Atlético, em entrevista ao Superesportes.
O treinador comandou o time alvinegro ao título brasileiro da categoria na temporada 2020. O bom rendimento coletivo e individual deu mais segurança à diretoria atleticana, que apostou nos jovens na largada do Estadual de 2021. Até aqui, tem dado certo: são três vitórias em três jogos (3 a 0 sobre a URT, 2 a 1 diante do Tombense e 4 a 0 contra o Uberlândia).
“É uma avaliação ainda muito precoce afirmar ou não se eles vão ser importantes ao longo da temporada. Hoje, temos jogadores de grande potencial no profissional. É dar tempo ao tempo no processo de amadurecimento dos atletas. O primeiro passo está sendo dado, que é receber a oportunidade, vivenciar o momento e estar, de certa forma, dando uma resposta legal. Tomara que sigam nesse caminho”, avaliou.
Nome por nome
Vários dos atletas que compõem o elenco neste início de Mineiro trabalharam com Marcos Valadares. O Superesportes perguntou as características de cada um deles ao treinador e o que a torcida pode esperar dos jovens. Leia a seguir:
Calebe - “Em dezembro de 2019, na minha chegada, a equipe sub-20 era nova em relação à que jogou o Brasileiro. Calebe tinha chegado do São Paulo, fez o período de dezembro de trabalho comigo, fomos à Copa São Paulo e ele fez uma grande competição. Foi o nosso artilheiro, fez três gols num jogo, fez gol de falta... Foi o nosso destaque na Copa São Paulo, tanto é que, quando retornamos, ele foi, num primeiro momento, o único atleta que foi para o plantel profissional de forma fixa, não foi nem para a transição. Só ele e o Sávio - que já é um garoto que foi do sub-17 diretamente para o profissional”.
Calebe comemora gol marcado pelo Atlético contra o Uberlândia - Foto: Pedro Souza/Atlético
Echaporã - “É um jogador interessante, que joga mais pelo lado. Atuou mais ao longo da temporada pelo lado esquerdo, já que usávamos o Guilherme Santos pela direita. Eu, particularmente, gosto de jogadores trabalhando com a perna invertida pelos lados. Isso faz com que os atletas tenham a possibilidade de levar o jogo por dentro, enxergar o campo maior. Principalmente os jogadores técnicos, que não são só de velocidade. Ele tem velocidade, mas também qualidade técnica para construir algo mais elaborado por dentro. Ele entrou em dois jogos pela direita e foi bem. É um jogador que tem essa velocidade, essa força de arrancada, tem habilidade. É versátil, pode atuar pelos dois lados, tem uma boa batida na bola, fez muitos gols ao longo da temporada do sub-20, na Copa São Paulo, Brasileiro, Copa do Brasil também, tem uma boa batida de fora da área, bom recurso técnico na finalização”.
Giovani - “Teve uma pancada no treino e não está tendo oportunidade de participar tanto dos jogos, mas foi um atacante muito importante para a gente ao longo da temporada. Foi o vice-artilheiro da equipe no Brasileiro, ficou muito próximo dos gols do Guilherme (Santos). Tem um aproveitamento muito bom. Bateu só um pênalti na competição, então fez muitos gols de bola rolando. Joga como ‘falso 9’, sai para buscar, segura bem o jogo, faz um bom pivô, tem uma boa presença de área e boa finalização”.
Guilherme Santos - “Teve uma temporada muito positiva no sub-20. Foi o artilheiro do Campeonato Brasileiro, o que não é fácil, já que é uma competição de alto nível. Teve um desempenho muito bom nas ações ofensivas no fechamento das jogadas e também dando assistências. As duas duas ações mais importantes de uma jogada ofensiva, ele, como atacante, teve um número interessante de assistências e gols. Teve uma temporada muito legal. É claro que, pelo nosso modelo de jogo, a gente possibilitava muito a fase ofensiva, criando possibilidades para eles terminarem em gol. Até mesmo na fase defensiva, a gente pressionando o adversário no seu campo, recuperando essa bola, então potencializava essa ação também. Em alguns momentos, a gente até preservava ele, o Echaporã, o próprio Giovani, para não virem atrás marcar, mesmo com o adversário progredindo no campo, para que a gente desse essa possibilidade, numa recuperação de bola, eles já estivessem um pouco numa condição física boa para terminarem bem as jogadas”.
Hiago Ribeiro - “Era zagueiro titular da nossa equipe sub-20, mas acabou tendo uma lesão e não está participando. Fechou a temporada num nível muito alto, jogava ao lado do Micael. É experiente, jogou em São Paulo, em Portugal. Tem bom jogo aéreo, excelente saída de bola, é um jogador com bom recurso técnico, boa tomada de decisão, constrói o jogo, tem boa estatura”.
Iago - “É um jogador interessante. Foi titular da nossa equipe sub-20. Jogou como primeiro volante, é elegante, joga com cabeça em pé, tem uma boa postura, é bem inteligente, se posiciona bem, tem um bom passe, uma boa qualidade na saída de bola, constrói bem o jogo. Participa muito bem das fases defensivas, preenche bem a última linha nos momentos que são necessários. É um jogador com uma postura muito bacana em termos técnicos e posicionais”.
Neto é mais um da base do Atlético a jogar pelo profissional em 2021, mas não foi treinador por Marcos Valadares na equipe sub-20 - Foto: Pedro Souza/Atlético
Júlio César - “É um garoto bem jovem, de 2002, quase 2003. Veio do Sport no início da temporada passada. É um meia que atuava mais pelo lado, mas por a gente ter jogadores com muita qualidade pelo setor, a gente usou ele por dentro ao longo da temporada. Ele se adaptou bem, conseguiu desenvolver o seu jogo, ganhou competitividade, ficou mais maduro, conseguiu construir bem o jogo por dentro. Tem uma boa finalização de fora da área, fez belos gols ao longo da temporada, chega bem dentro da área, dá boas assistências. É um jogador muito interessante para desenvolvimento. É claro que é muito novo ainda, pode amadurecer mais para dar uma resposta muito grande no médio prazo”.
Kevin - “Está voltando de lesão, ainda não participou de jogos. Foi o lateral-esquerdo titular ao longo da temporada, fez uma grande competição, deu boas assistências, fez gols, apoia muito bem, constrói muito bem o jogo por dentro, tem personalidade. Era o nosso segundo capitão, um líder.”
Matheus Lima - “Ele foi comigo para a Copa São Paulo, trabalhou comigo por um mês antes da competição, em dezembro, quando cheguei. Ele ainda estava voltando de lesão, então foi como suplente. O Kevin era o titular da posição na Copa São Paulo. Entrou em alguns momentos, até mesmo de atacante. Ele fez um gol na Copa São Paulo em que o coloquei de atacante de perna invertida, nem foi no corredor em que ele trabalha normalmente na lateral, coloquei pela direita. É versátil, porque a origem dele é de meia. Ele foi, ao longo do sub-20, sendo adaptado, com o Leandro (Zago) anteriormente na lateral. É um jogador com boa dinâmica de chegada ao ataque, é leve, fisicamente tem facilidade de apoiar, até por ter sido meia. Mas não foi um atleta que eu trabalhei por muito tempo. Quando retornamos (da Copa São Paulo), ele foi para a equipe de transição e ficou a temporada toda lá. Ele não fez nenhum jogo no sub-20 pós-pandemia”.
Micael - “Zagueiro canhoto. Está treinando, foi ao banco neste Campeonato Mineiro, mas não entrou ainda. É um zagueiro interessante, tem uma boa estatura, sai jogando bem, é firme nas disputas, tem um jogo aéreo muito bom. É interessante ser canhoto para ter a possibilidade de jogar pela esquerda. Na saída de bola, é um facilitador ter um zagueiro com a perna dominante do lado esquerdo. É um zagueiro que fez uma excelente temporada, foi o capitão do sub-20 na temporada anterior”.
Rubens - “Ele teve um processo mais alternado entre o sub-20 e a equipe de transição. Ele passou boa parte da temporada na transição, atendendo um pouco mais o profissional, estando um pouco mais no contexto próximo do profissional. Ele desceu em alguns momentos oportunos, trabalhou bem menos com a gente do que os outros atletas. Realmente, é um jogador com muito potencial, com qualidade muito grande principalmente na perna esquerda, é muito competitivo, dinâmico, leve, tem muita mobilidade, é bem participativo, gosta de se movimentar bastante em campo e também tem como virtude a boa finalização de média e longa distância”.
Talison - “Foi nosso lateral-direito titular praticamente o Campeonato Brasileiro todo. Não na Copa São Paulo, porque ele foi lesionado para São Paulo, fez a recuperação dentro da Copa São Paulo e entrou para jogar meio tempo contra o Grêmio, que foi o jogo em que fomos eliminados. No nosso retorno, aí sim ele pegou a temporada inteira, trabalhou, desenvolveu muito bem, fez uma grande temporada também e contribuiu com a nossa sequência. É um lateral com muita força, muito competitivo, com uma boa estatura, que tem uma chegada forte ao ataque, fez gol no Brasileiro Sub-20, deu assistências, tem um biotipo muito bom para a posição. Não é aquele lateral muito baixo, o que acaba contribuindo também numa bola parada. É um lateral interessante até mesmo em termos de mercado, pensando em Europa, pelo porte físico também”.
Wesley - “Jogou um pouco no Brasileiro, naquele momento de surto de COVID-19 no ano passado, teve algumas participações. É um segundo volante mais maduro, experiente, que segura bem o jogo, cadencia o jogo, tem uma boa finalização de fora, chega à área para fazer gols, fez gols na temporada passada, de cabeça, de falta, gols importantes contra o Corinthians na semifinal chegando à área adversária. Chega bem ao campo ofensivo”.
Jovens do Atlético durante jogo do Campeonato Mineiro - Foto: Pedro Souza/Atlético