Passadas as mais fortes emoções deste domingo, Victor conteve as lágrimas e conseguiu falar sobre o futuro. Minutos depois de se despedir da carreira de goleiro, o ídolo do Atlético disse que este não é um ‘adeus’ ao futebol. De agora em diante, ele vai pensar nos próximos passos, seja como treinador, seja como gestor.
“Pretendo continuar no futebol. Me preparei para isso, estudei, tenho curso superior, já visando a este momento. É claro que o aprendizado vai ser diário, porque agora a linguagem é outra, o conhecimento é outro, a demanda é diferente. Mas acho que dá para aproveitar muito bem esse período como atleta de futebol profissional, a experiência de vestiário, e conseguir colocar isso em prática em outras funções no futebol que venham a aparecer”, disse, em entrevista coletiva no Mineirão.
Victor, porém, preferiu falar sobre o passado - de glórias no Atlético - e viver o presente, marcado por tantas homenagens antes, durante e depois da vitória por 3 a 0 sobre a URT, pela estreia do Campeonato Mineiro. Tristeza? Que nada. Para ele, a noite foi de coisas boas.
“O sentimento é de dever cumprido. Estou muito em paz, muito sereno, muito tranquilo neste momento. Eu me preparei para isso. Passei um tempo refletindo sobre essa decisão. Feliz por poder encerrar meu ciclo como atleta do Atlético Mineiro neste dia, sabendo que deixei meu legado, cumpri minha missão”, afirmou.
Os meses que antecederam a decisão, porém, não foram simples. Eternizado na galeria de ídolos atleticanos, Victor perdeu a condição de titular absoluto em 2019. Na temporada 2020, tornou-se o terceiro goleiro. E isso o fez pensar mais seriamente na aposentadoria, concretizada aos 38 anos.
“Tive tempo (para refletir), principalmente durante o segundo semestre do ano passado, quando as coisas não foram muito favoráveis à minha continuidade no Atlético. Eu fui trabalhando a minha cabeça, pensando em novas oportunidades, novas possibilidades. Mas eu não via a minha carreira sendo encerrada se não fosse aqui no Atlético. Era um desejo que eu tinha, que sempre manifestei. Obviamente que gostaria que tivesse sido de uma forma um pouco mais proveitosa, mas a gente tem que aceitar as escolhas que são feitas pelos treinadores”, disse.
“Sempre trabalhei, me dediquei. Não pude dar a colaboração técnica, mas procurei dar minha colaboração no vestiário, no dia a dia. Em relação ao futuro, a partir de amanhã (segunda-feira) vou começar a tentar definir como vai ser. Acho que o momento é de desfrutar deste dia especial, do que foi esta festa. Senti falta demais do torcedor aqui no estádio. Foi algo que me deixou um pouco mais triste. Não que tenha sido triste, porque foi um dia de alegria para mim, de me orgulhar por tudo o que fiz e vivi com a camisa do Atlético”, prosseguiu.
‘Spoiler’
Em quase nove anos de Atlético, Victor disputou 424 partidas, com 205 vitórias, 109 empates e 110 derrotas. O goleiro é o nono jogador que mais atuou com a camisa alvinegra.
Victor conquistou e sete troféus oficiais: quatro estaduais (2013, 2015, 2017 e 2020), o da Copa Libertadores (2013), o da Copa do Brasil (2014) e o da Recopa Sul-Americana (2014). Em 2016, venceu também a Florida Cup, torneio amistoso de pré-temporada disputado nos Estados Unidos.
E essa história de glórias, como revelou o próprio Victor, vai ser eternizada em um livro, escrito por Roberto Marques, o Betinho, um jornalista e torcedor atleticano que estava presente na entrevista. “Escrevendo um livro aí… Espero que tenha muitas boas histórias para contar e apresentar aos que apreciam meu trabalho. Dei um spoiler… (risos)”.