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SÉRIE A

Análise: Está cada vez mais chato ver o Atlético jogar

Time mineiro mantém superioridade nos números, mas não se mostra objetivo no ataque, o que irrita e frustra o torcedor

Roger Dias
Hyoran mais uma vez não consegue dar mobilidade ao Galo - Foto: Pedro Souza/Atlético
Mais de 600 passes trocados, posse de bola acima dos 65% e quase 10 atletas atuando no campo adversário durante 90 minutos. Tais características deveriam ser valorizadas conforme o futebol moderno determina, mas, com o Atlético, elas se transformam em sinônimo de falta de objetividade. Após a derrota para o Goiás por 1 a 0, em Goiânia, o Galo mais uma vez peca ao empatar com o Fluminense, no Maracanã.


 
 
Se já era complicado, o título brasileiro ficou praticamente impossível, restando três rodadas para o fim. O Galo está a cinco pontos do líder, Internacional, e tirar essa diferença é algo inimaginável. O tempo é muito curto para uma reação, num momento em que a equipe deveria mostrar lições de regularidade.

É estranho analisar o porquê de o time que demonstrou muita organização e capacidade anteriormente agora se encontrar numa sinuca de bico: sem ter por onde sair. Toca de um lado para o outro, faz triangulações, mas ninguém chuta. A equipe deu um único chute a gol em 90 minutos. O que Sampaoli e o grupo fazem no dia a dia nas atividades?

Tempo para treinar não seria o problema, já que são semanas cheias de trabalho desde o retorno do futebol no Brasil. Esse nível de atuação cada vez mais irrita e desanima o torcedor, depois de momentos de esperança no ano passado.

Alguns aspectos têm derrubado o Atlético no momento decisivo da competição. A falta de Keno é um deles. A insistência de Sampaoli com jogadores que não rendem – casos de Sasha e Vargas – é outro fator a ser analisado. E há também a enorme dificuldade que os mineiros enfrentam quando encaram adversários que marcam muito e jogam por uma bola. 



As especulações sobre a possível saída de Sampaoli para o Olympique de Marselha também podem fazer mal ao grupo. Nessa altura da competição, os jogadores teriam concentração máxima sabendo que seu treinador pode deixar o projeto? O mais certo é que não. 

Os erros cometidos ao longo de 2020 e 2021 vão custar caro à equipe, certamente. Nessa altura da competição, a torcida poderia estar feliz e ansiosa por um título que não vem há quase cinco décadas, mas o Galo abusou do direito de errar. Não acumulou gordura quando poderia. Sofreu mais do que deveria nas situações complicadas. E não suportou a pressão. A realidade é que os milhões de atleticanos vão ficar na fila de espera por pelo menos mais um ano.