Em meio à disputa do título brasileiro, o Atlético acertou a contratação de um importante reforço para a próxima temporada: Hulk. Anunciado na sexta-feira passada, o atacante de 34 anos chegará com status de protagonista do time de Jorge Sampaoli em 2021. Em entrevista exclusiva ao Superesportes, o diretor de futebol do Galo, Rodrigo Caetano, detalhou o processo de contratação e os 'trunfos' alvinegros para atrair o ex-jogador da Seleção Brasileira durante as negociações.
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“Hulk é um jogador internacional, um jogador que volta ao país depois de muito tempo, vencedor lá fora, (com passagem pela) Seleção Brasileira. Conseguimos convencê-lo de que este projeto, o retorno dele ao Brasil, tinha que ser aqui no Galo. Realmente, tivemos praticamente quase três semanas... Desde o dia da minha chegada, praticamente. Foi uma conversa inicial do ano passado, pelo Alexandre Mattos (ex-diretor de futebol do Atlético), e que me parece que não teve andamento, realmente não sei o motivo. Mas aí, depois da retomada, já em janeiro, e particularmente ele, Hulk, foi decisivo na tomada de decisão, principalmente a sua advogada, que é a doutora Marisa (Alija). Ela foi decisiva, veio a Belo Horizonte mais de uma vez, justamente para nós estabelecermos esse projeto”, declarou Caetano.
Hulk estava sem contrato desde que o vínculo com o Shanghai SIPG, da China, acabou, no fim de 2020. O atacante foi alvo do interesse de clubes do exterior (Besiktas, da Turquia, e Porto, de Portugal) e do Brasil (Palmeiras e Flamengo, além do próprio Atlético). O experiente jogador assinou vínculo com o Atlético até o fim de 2022. Antes da passagem pelo futebol chinês, ele brilhou na Europa por Porto-POR e Zenit-RUS. No Brasil, teve curta experiência profissional no Vitória antes de se transferir para o Japão, onde atuou por Kawasaki Frontale, Consadole Sapporo e Tokyo Verdy.
Rodrigo Caetano explicou que o salário de Hulk se encaixa dentro da realidade financeira do Atlético e comparou o impacto da contratação com as que o clube em passado recente, como Ronaldinho Gaúcho, Robinho e Fred. O dirigente ainda reforçou que a chegada de estrelas não interfere no planejamento para a ascensão de jogadores da base. Abaixo, leia a entrevista na íntegra.
SE: Como foram as negociações para contratar Hulk? E como pagar um salário alto, bem superior à média do futebol nacional?
RC: “É outra situação que a gente tem que tentar desconstruir. O Hulk é um jogador internacional, um jogador que volta ao país depois de muito tempo, vencedor lá fora, (com passagem pela) Seleção Brasileira. Conseguimos convencê-lo de que este projeto, o retorno dele ao Brasil, tinha que ser aqui no Galo. Realmente, tivemos praticamente quase três semanas... Desde o dia da minha chegada, praticamente. Foi uma conversa inicial do ano passado, pelo Alexandre Mattos, e que me parece que não teve andamento, realmente não sei o motivo.
Mas aí, depois da retomada, já em janeiro, e particularmente ele, Hulk, foi decisivo na tomada de decisão, principalmente a sua advogada, que é a doutora Marisa (Alija). Ela foi decisiva, veio a Belo Horizonte mais de uma vez, justamente para nós estabelecermos esse projeto. Porque um jogador com essa marca tem que ter segurança daquilo que o clube oferece a ele. E não é uma segurança financeira, não. Porque ele abriu mão de propostas muito melhores fora do Brasil para atender a esse convite do Galo. Então, foi um encontro de interesses: nós, em contarmos com ele, um jogador importante; e ele, que viu no Galo realmente a melhor casa para retornar ao país.
Como eu já disse, com participação importante da doutora Marisa e acho que muito provavelmente também da família do Hulk, que queria ficar no Brasil. Agora, o Atlético faz aquilo que pode fazer. O Hulk era um jogador livre (no mercado) e que por isso se viabilizou, diferentemente de você fazer uma contratação de peso em que muitas vezes você tem que fazer um aporte financeiro inicial de investimento. E aí sim você obrigatoriamente tem que contar com esse órgão colegiado, com os parceiros que tanto já investiram no clube. É um modelo diferente, um projeto de dois anos, com todos os vencimentos alongados durante o período. Obviamente, todos partem do princípio de que é algo fora da realidade, mas é algo que, pode ter certeza, o Atlético vai poder cumprir, justamente por conta disso: o jogador é livre. Sendo livre, você tem que computar o todo da operação, sem ter que botar um investimento inicial, porque aí realmente a coisa ia ficar inviável”.
SE: Como evitar que a contratação de grandes estrelas tirem espaço da base?
RC: “Eu penso que elas não são excludentes. Fosse assim... Uma das escolas mais exaltadas no mundo é justamente a do Barcelona. O próprio Messi foi forjado dentro de La Masia (base do Barça). Ou seja, comprovadamente eles forjaram um dos maiores ídolos da história - se não for o maior ídolo - dentro de casa. Quantos outros passaram por lá de investimento? O próprio Ronaldinho - os dois Ronaldos -, que foram antecessores ao Messi. Então, quem sabe esses que passaram viabilizaram o surgimento do Messi. Por isso, vejo que não é excludente. Na minha visão, se você tiver bons valores, jogadores consagrados, você ao invés de prejudicar, facilita o surgimento de jovens valores no clube”.
SE: O Atlético tem se notabilizado por realizar grandes e midiáticas contratações nos últimos anos. Ronaldinho, Robinho, Fred…
RC: “E se você puder rentabilizar isso num marketing bom... Realmente, é um papel do departamento de marketing e de mídia do clube. Acho que até o presente momento, eles estão de parabéns. Nesse curto período em que o Hulk está conosco - na verdade nem chegou ainda, chega esta semana -, que está oficialmente contratado pelo Galo, acho que eles estão trabalhando muito bem para justamente rentabilizar a chegada dele, por ser realmente um jogador de renome internacional. É dessa forma. Um clube não é feito só do departamento de futebol. Ele é feito de vários departamentos que convergem para que o futebol seja forte.
Fiquei muito satisfeito e feliz com aquilo que vi do clube, principalmente nessa contratação específica do Hulk, da mobilização de todos os departamentos em dar a devida importância para a chegada dele. Ainda não terminou. Ele ainda chega esta semana para exames médicos e treinamentos. Tenho certeza que aquilo que for possível a gente vai fazer para dar notoriedade e importância. No mais, é como eu disse: utilizar a imagem dele, assim como de outros que aqui já estão, para dar a sustentação necessária para a afirmação e surgimento de jovens valores no clube”.