Em uma casa simples do bairro Futuro, na cidade de Avellaneda, região metropolitana de Buenos Aires, cresceu o meia Matías Zaracho, novo jogador do Atlético. O Superesportes buscou informações sobre a vida e a carreira do argentino, que custou 6 milhões de dólares (R$ 33,8 milhões) ao Galo por 50% dos direitos econômicos. O restante segue em posse do Racing, que revelou o atleta.
Na Argentina, Zaracho ainda morava no mesmo lote que sua família, embora em casas diferentes. O núcleo familiar do atleta é formado por mãe, pai, duas irmãs e a filha, além de uma avó de consideração. "Sei que em algum momento vou sair da Argentina. Tenho que ir me acostumando. Sou muito apegado ao meu velho (pai), à minha família, sempre estou aqui (em casa). Pergunto quem quer sair daqui, mas meu pai não quer, fez a vida toda aqui (no bairro Futuro)", disse Zaracho, em entrevista ao canal TyC Sports, em 2019.
"Sou orgulhoso e muito contente por ele (pai) ter me bancado, ter bancado a cada um dos filhos, por sempre trabalhar para colocar a comida em casa", acrescentou o jogador, de 22 anos, emocionado.
Zaracho começou a carreira no clube Barrio Futuro, próximo à sua casa, em Avellaneda. Depois, quando tinha oito anos, participou de alguns treinamentos no Independiente. Entretanto, não recebeu oportunidades no Rojo e encontrou as portas abertas no Racing, onde construiu a sua carreira.
Jogador polivalente
Em campo, Zaracho é um jogador versátil, explica o jornalista Julian Mazzara. Além de volante e meia, o argentino já atuou como lateral.
"Zaracho é um jogador versátil, que pode ocupar qualquer lugar no meio e até apareceu como lateral-direito por vezes nas divisões inferiores. Com o passar do tempo (estreou em 2016), tornou-se meio-campista com muita chegada na área rival, gerador de situações, dinâmico e inteligente. É uma perda sensível para o Racing. Deixa a sensação de que ele saiu sem atingir o máximo aqui", afirmou o Mazzara.
Zaracho tem facilidade de jogar entre as linhas de defesa e meio da equipe adversária. Essa é uma das qualidades que mais encantam Jorge Sampaoli, que aconselhou Nathan a ter esse papel no Atlético.
"Quando Eduardo Coudet (ex-Racing e hoje no Internacional) era o treinador do Racing, a principal função do Zaracho era ser capaz de quebrar linhas no interior, aproveitando o seu bom controle orientado pelas costas dos médios rivais", destacou Julian Mazzara.
O próprio Zaracho falou sobre seu estilo de jogo em entrevista à TV Galo. “Jogo como armador, em qualquer posição do meio-campo, tenho muita chegada, muito jogo e resistência, sempre tentando chegar a frente”.
'Mais destacado do Racing'
Com a camisa do Racing, Zaracho fez 91 jogos e marcou 12 gols, segundo dados do site Ogol. O último jogo dele com a camisa do Racing foi no dia 13 de março, na vitória por 4 a 3 sobre o Aldosivi. Por causa da pandemia do novo coronavírus, o futebol argentino ficou paralisado. Na volta, Zaracho foi infectado com a COVID-19.
"Zaracho aqui era titular indiscutível. Antes do reinício da Copa Libertadores, ele pegou o novo coronavírus. Então, não joga desde março. Treinava sozinho e não tinha problema físico", afirmou o jornalista Ezequiel Fernandez.
A finalização é um dos pontos fracos do meio-campista. "É criativo, tem muita dinâmica, mas falta a ele definição, faltam gols. Chega muito na área, mas não converte tanto. Mas é o jogador mais destacado do Racing", acrescentou Fernandez.
"No 4-1-4-1, pode jogar como meio-campista interno pela direita ou esquerda. Com Eduardo Coudet, jogou de meia de armação. Não é seu forte a recuperação. Não é um camisa 5 de corte. É um volante de jogo", analisou Fernandez.
Seleção Argentina
Zaracho tem passagem pela seleção de base da Argentina. Participou de cinco jogos do Sul-Americano Sub-20 e de duas partidas do Mundial da categoria em 2017, segundo dados de Ogol. Balançou as redes apenas uma vez, em duelo contra a Guiné, pelo torneio intercontinental. Pela seleção principal, foi convocado uma vez e atuou alguns minutos do amistoso contra o Marrocos, em março de 2019.