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Atlético apura 'pagamentos indevidos' a ex-diretor; Fabel nega irregularidades

Ex-diretor financeiro recebia, em média, R$ 152 mil por mês

Thiago Madureira Túlio Kaizer
Ex-diretor Carlos Fabel negou acusações do Atlético - Foto: Pedro Souza/Atlético

A auditoria convocada pelo Atlético para apurar irregularidades financeiras em gestões passadas apurou “pagamentos indevidos” a Carlos Fabel, diretor financeiro entre 2009 e 2017. Baseado nesse relatório, o clube parou de pagar as parcelas da rescisão contratual do ex-dirigente e fez uma contranotificação para receber de volta valores em prazo de até cinco dias úteis. A informação foi publicada pelo GE e confirmada pelo Superesportes.



O Atlético contratou a consultoria da Kroll, especializada em investigação de fraudes, em maio deste ano. Essa é a mesma empresa que fez um relatório de 600 páginas sobre irregularidades na gestão do Cruzeiro entre 2018 e 2019, período em que o clube foi presidido por Wagner Pires de Sá. 

Devido à paralisação dos pagamentos relativos ao distrato de Fabel, a primeira notificação foi feita pela defesa do ex-diretor financeiro no começo de setembro. De acordo com o advogado Fábio Ribeiro, o Atlético quitou dez parcelas da rescisão e interrompeu os pagamentos em janeiro.

“Houve um termo de saída, e eles chegaram a um valor para finalizar a relação com um termo de rescisão contratual. O Atlético dividiu o valor e foram pagas 10 parcelas. Em janeiro, houve paralisação do pagamento. E o contrato é irrevogável, foi assinado pelo Atlético. Diante do não pagamento, nós notificamos o Atlético”, disse Fábio Ribeiro, em entrevista ao Superesportes.



O Atlético respondeu com uma contranotificação, tendo como base o relatório feito pela auditoria da Kroll. A consultoria apurou que houve pagamentos indevidos a Fabel. “Veio uma contranotificação informando da auditoria por meio da qual foi averiguado pagamento indevido”. 

Segundo Fábio Ribeiro, a resposta ao Atlético seria enviada ainda nesta quarta-feira. “Não há processo judicial. Apenas notificações. Estamos em tratativas. Hoje, estamos enviando a resposta a esta notificação do Atlético. Existe uma cláusula de confidencialidade dos termos e não posso revelar o conteúdo. O vazamento dessa informação para o GE infringiu uma das cláusulas”, disse.
 
Fábio Ribeiro afirma que o Conselho Fiscal do Atlético aprovou todos os pagamentos feitos a Fabel desde a saída dele do clube.

“Alegações infundadas, dez anos de trabalho, com lisura, dentro de contratos assinados, emissão de notas. Nunca houve nenhuma manifestação do Conselho Fiscal durante esse tempo todo, tudo ratificado e ordenado pelos órgãos de controle do clube. Tudo que foi feito de pagamento foi através de contrato e emissão de nota fiscal. Tudo foi aprovado pelo Conselho do clube”.



Três empresas


A auditoria da Kroll identificou que Fabel recebeu pagamentos por meio de três empresas diferentes. Ele era o proprietário em todas. O advogado do ex-diretor do Atlético se posicionou a respeito da situação.

“Há pagamentos para três empresas porque uma empresa ele fechou, por problemas da empresa mesmo, e abriu outras duas em períodos diferentes”, disse Fábio Ribeiro. 

Na notificação inicial enviada ao Atlético, Fabel busca o recebimento de R$ 1,7 milhão pendente da rescisão contratual. O diretor financeiro atuou no clube nas gestões dos presidentes Alexandre Kalil e Daniel Nepomuceno.

“Os contratos e aditivos foram feitos durantes todos os 10 anos que ele trabalhou no clube. A gente vai cobrar o valor restante do clube, porque é um direito do Carlos Fabel, está em contrato assinado pelo próprio Atlético, que vinha fazendo esse pagamento. Caso o clube decida não pagá-lo, vamos procurar o direito do nosso cliente”, acrescentou o advogado do ex-diretor financeiro. 



Em todo o período que trabalho no Atlético, Carlos Fabel recebeu R$ 15,8 milhões líquidos. Esse valor corresponde a cerca de R$ 152 mil por mês. 

Não vai à Justiça


O advogado de Fabel afirmou que a resolução do conflito entre o cliente e o Atlético será resolvido em uma Câmara Arbitral.

"Neste caso, não irá para a Justiça porque, em contrato foi definida uma arbitragem, que não posso revelar o nome. Ela definirá as divergências entre as partes. Por isso, não recorreremos à Justiça", explicou.
 

Posição do Atlético


Procurado pela reportagem, o Atlético informou que só vai falar sobre os relatórios de auditoria quando achar pertinente. “Como amplamente já divulgado pela imprensa, o Atlético contratou empresas de auditoria, que estão traçando uma radiografia do clube, incluindo as gestões passadas e a atual. Portanto, se necessário e quando pertinente for, o clube fará os devidos encaminhamentos”.