Ao contrário dos anos anteriores, o Atlético não conseguiu fazer caixa com venda de jogadores ao futebol europeu na chamada “janela de inverno” de 2020. O clube, porém, deve receber uma quantia - ainda que relativamente pequena - pela transferência de um jovem jogador de 23 anos formado na Cidade do Galo: o atacante Bruno Tabata.
De acordo com o jornal português A Bola, o jogador de 23 anos está em vias de trocar o Portimonense pelo Sporting. A transferência está avaliada em 5 milhões de euros (R$ 32,35 milhões na cotação atual), mas ainda não foi oficialmente anunciada pelos clubes.
Por ser responsável por parte da formação de Bruno Tabata na base, o Atlético tem direito a receber 1,8% do valor total, segundo dados da Rede do Futebol, consultada pelo Superesportes. Portanto, 90 mil euros (R$ 582,3 mil) seriam destinados às contas alvinegras.
A quantia se refere ao chamado “mecanismo de solidariedade”, implementado pela Fifa para recompensar os clubes formadores. Até junho, a transferência de Tabata do Portimonense ao Sporting não renderia nada aos cofres atleticanos, por se tratar de uma venda interna (entre agremiações de um mesmo país). No entanto, a regra mudou.
Saída turbulenta do Atlético
Natural de Ipatinga, Bruno Vinícius Souza Ramos chegou à Cidade do Galo em 2012, ainda na categoria infantil. Em novembro de 2015, jogador e clube se desentenderam sobre a renovação contratual. O atacante tinha tinha vínculo com o Atlético até o 31 de março de 2016 e, no final do ano anterior, começou a receber propostas de clubes da Europa. A questão virou uma contenda judicial. Por isso, jovem passou um período afastado dos jogos.
Em dezembro de 2015, o Atlético conseguiu uma liminar na Justiça para impedir que o atleta assinasse com outro clube, evitando, assim, que Tabata deixasse a Cidade do Galo de graça. A diretoria alvinegra da época pretendia conseguir a renovação automática do contrato, sob o argumento de que a lei lhe garantia a prioridade de renovação, caso igualasse qualquer proposta recebida pelo jogador. Se, mesmo assim, o atacante optasse pela transferência, o Alvinegro entendia que deveria ser indenizado.
Em janeiro de 2016, o Portimonense protocolou na Federação Mineira de Futebol (FMF) uma proposta oficial de salário de 20 mil euros para Tabata. Como se tratava de um atleta da base - ao contrário do que aconteceria caso fosse um profissional em fim de contrato -, o Atlético tinha o direito de igualar qualquer oferta feita ao jogador. Porém, à época, o teto da remuneração dos jogadores da base atleticana era de R$ 2 mil, e o clube não abriu exceção.
O Atlético perdeu a ação judicial em primeira instância. Tabata, então, foi liberado para assinar com o Portimonense. A juíza da 48ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte entendeu que o clube mineiro optou por não exercer seu direito de preferência ao não equiparar o salário do atleta à proposta dos portugueses. A diretoria alvinegra recorreu da decisão, e o processo ainda está em tramitação perante o Tribunal Superior do Trabalho.
Tabata se apresentou ao Portimonense em abril de 2016, então com 19 anos. De lá para cá, fez 119 jogos e marcou nove vezes, segundo dados de OGol. Nesse período, chamou a atenção de outros clubes importantes do futebol de Portugal, como Benfica, Porto e Braga, mas deve mesmo acertar com o Sporting.
Em 5 março deste ano, um outro capítulo da disputa judicial tomou conta dos noticiários. O Atlético obteve decisão favorável na Câmara de Resoluções de Disputa da Fifa. A entidade condenou o Portimonense a pagar 110,8 mil euros (R$ 716.876,00 na cotação atual) - e acréscimo no valor com juros de 5% ao ano - como indenização pela contratação de Tabata.
O clube português, porém, não efetuou o pagamento no prazo estabelecido (um mês). Por isso, a diretoria do Atlético acionou novamente a Fifa, que abriu, em junho, processo disciplinar contra o Portimonense. Além dos 110,8 mil euros, o departamento jurídico alvinegro espera receber mais 160 mil euros (R$ 1.035.200,00) em atuações judiciais.