O assunto 'Thiago Neves' voltou à tona nesta segunda-feira, quando o presidente do Atlético, Sérgio Sette Câmara, admitiu equívoco da diretoria em ter negociado com o jogador, vetado por unanimidade pela torcida, o que provocou o cancelamento do acerto, já fechado entre as partes. Em entrevista ao programa Bastidores, da Rádio Itatiaia, o mandatário alvinegro criticou a postura do empresário do armador, Leandro Lima, em notificar o clube de forma extrajudicial, com cobrança de R$ 20 milhões pelo descumprimento de cláusulas de um pré-contrato.

Sette Câmara reconheceu o erro na negociação com o jogador, marcado pela torcida após postagens polêmicas com provocações e declarações ofensivas ao Atletico, quando ele defendia o Cruzeiro. O dirigente, no entanto, disse que o clube agiu rápido para cancelar o negócio, até mesmo para preservar Thiago Neves de atos hostis aos quais ficaria exposto se viesse a Belo Horizonte. "O episódio de semana passada foi um equívoco e conseguimos desarmar antes que acontecesse algo pior", enfatizou.

O presidente atleticano tratou a cobrança extrajudicial com ironia e disse que, caso o jogador e seu estafe acione a Justiça para formalizar processo, o clube estará preparado para a defesa. Sette Câmara criticou a postura do agente de Thiago Neves após o cancelamento da negociação. "Fico chateado porque não havia nada assinado. Sempre que fazemos a sondagem de um atleta, é uma coisa que vai evoluindo. Toda tratativa com jogador começa assim. Isso está muito longe de significar que houve contrato entre atleta e o clube. Foram apenas tratativas que não frutificaram", frisou. 

"No decorrer das informações que foram saindo, vimos o tamanho da revolta da torcida, que não aceitou de forma alguma o jogador, então nós não demos andamento à conversa que havia sido iniciada. Estranhei a forma como o estafe dele reagiu a isso, o jogador não tinha a menor condição, até por questão de segurança física, foram muitas ameaças feitas por internet. Eles tinham que ter nos agradecido, mas foram para as redes sociais, para a imprensa, falar um monte de bobagem", continuou o mandatário.

Sette Câmara, que é advogado, considera a cobrança extrajudicial um absurdo e um risco até para o próprio jogador e seus representantes, caso se transforme em um processo na Justiça. "Não adianta fazer notificação porque está putinho, isso não muda nada. se ele ficou chateado com isso, eu sinto muito, ele não enxergou bem o que poderia acontecer se essa contratação acontecesse. Ele não pensou no representado dele, na segurança física do representado dele, parecia estar mais preocupado com o lado financeiro", detonou.

"Ele não pestanejou em pedir para notficar o clube. A multa é risível, até brinquei com o Lásaro (Cândido, vice-presidente e também advogado), será que ele vai entrar com ação? Deixe ele entrar, que peça os R$ 20 milhões ou até mais. Mas que venha bem preparado, pois na minha humilde opinião como advogado, a chance dele perder e ter que pagar honorários dos advogados do clube é enorme", alertou Sette Câmara, que calcula em um percentual de 10% sobre o valor total do processo o pagamento aos responsáveis pela defesa do Atlético, caso a Justiça dê ganho de causa ao processado. "Se pedir R$ 20 milhões, o Thiago Neves vai passar a dever a quantia de R$ 2 milhões para o clube”, reiterou.

Questionado sobre o protesto na porta da sede do clube, no qual teve o nome hostilizado pela torcida que compareceu ao ato, Sette Câmara minimizou o episódio e disse que os atleticanos estavam com 'saudade' de se reunir. "Não fui ameaçado nesse episódio. Acompanhei as imagens da torcida que foi à porta da sede e tomei aquilo como um ato saudável. Acho que a torcida do Atlético estava com muita saudade de fazer algum barulho, e vendo o time bem, acho que foi isso. É claro que ela não ficou satisfeita com a possibilidade desse jogador vir, mas já reconhecemos o equivoco, o Alexandre (Mattos, diretor de futebol) já falou sobre isso e temos muitos acertos que têm de ser levados em consideração", comentou.