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Depois de vetar Thiago Neves, torcida do Atlético também rejeita Villa, do Boca, acusado de agressão

Diretoria do Atlético volta a viver impasse em negociação por conta de repercussão negativa entre os torcedores nas redes sociais

Redação
Villa foi denunciado por violência doméstica e responde a um inquérito na Argentina - Foto: AFP / JUAN MABROMATA
ATENÇÃO: após forte rejeição da torcida nas redes sociais ao nome de Villa, acusado de agredir sua ex-namorada na Argentina, o presidente do Atlético se manifestou nas redes sociais e informou que desistiu da contratação do atacante do Boca Juniors.


A seguir, leia o texto original desta reportagem:
Atlético avançou nas conversas com o Boca Juniors da Argentina para contratar o atacante colombiano Sebastián Villa, de 24 anos, mas a forte rejeição de sua torcida ao jogador pode interromper mais uma negociação em menos de 48 horas. Na segunda-feira, o clube desistiu de fechar com o meia Thiago Neves em função da repercussão negativa que o acordo, até então verbal, teve nas redes sociais pelo histórico de provocações do ex-cruzeirense. 

No caso de Villa, o ‘não’ de grande parte dos atleticanos, principalmente no Twitter, deve-se à denúncia feita em abril, pela ex-namorada do jogador, Daniela Cortés, de que ele a agredia física e verbalmente. À época, a companheira do colombiano alegou ter perdido um bebê como consequência da violência doméstica. O caso ainda está sob investigação, mas o atacante foi afastado pelo Boca desde então.

Veja, a seguir, as denúncias de Daniela Cortés, ex-namorada de Villa:



Assim como Thiago Neves, Villa foi indicado ao Atlético pelo técnico argentino Jorge Sampaoli. 



Tão logo o avanço do Atlético na negociação com Villa ganhou as manchetes na noite desta quarta-feira, torcedores e páginas atleticanas no Twitter se manifestaram contra a contratação. 

A Galo Antifa manifesta seu repúdio ao Atlético pela contratação ou negociação do jogador Villa, acusado de agredir a namorada. Um clube que levou Maria da Penha ao campo não pode fazer virar o rosto no combate à violência contra mulheres. Nos últimos anos o Clube vêm cometendo erros sistemáticos contra as mulheres e reafirmamos que não aceitamos nem queremos mais jogadores desse tipo em nosso elenco. Novamente convocamos a torcida e até os jogadores a se posicionarem contra a vinda desse jogador”, escreveu o movimento Galo Antifa, que se define como ‘antifascistas unidos pelo amor ao Galo e o combate a todo tipo de preconceito e discriminação!’.

O movimento Grupa Galo, composto por atleticanas engajadas contra machismo, racismo, homofobia e todo tipo de preconceito e discriminação no futebol, também se manifestou no Twitter contra a negociação para a chegada de Villa ao Atlético.



“Nota sobre a possibilidade de contratação do jogador Sebastián Villa. A Grupa espera coerência, tendo em vista o histórico pessoal do atleta”, escreveu. No comunicado, o movimento alerta. “Qual mensagem passa o Atlético sobre a violência doméstica?”.

Um Clube que, em campanha sobre o Dia das Mulheres, trouxe a própria Maria da Penha a campo, agora é permissivo e normaliza a violência doméstica contra as mulheres. Desde abril, o nome do jogador repercute na imprensa esportiva, associado ao tema da violência de gênero. Esperamos que o clube reveja essa contratação em nome do bom senso e em respeito a suas torcedoras e torcedores”, concluiu a nota da Grupa.

O grupo Resistência Alvinegra fez uma longa argumentação contra o eventual acerto com Villa. "A torcida Resistência Alvinegra vem através de seus meios de comunicação informar que é 100% contra a possibilidade de negociação do nosso Clube Atlético Mineiro com Sebastian Villa. Conforme apurado em vários meios de comunicação esta pessoa tem um histórico criminoso de violência contra a mulher e devido a esse histórico somos completamente contra a vinda dessa pessoa ao nosso #GALO. É inadmissível em pleno século XXI não avançarmos em pautas como a da igualdade de gênero e NÃO VIOLÊNCIA contra a mulher. O Brasil neste semestre de 2020 bateu recorde em caso de feminicídio e precisamos agir contra a mais esse tipo de violência. Temos que SIM se manifestar contra. Esse é nosso recado. Em respeito a TODAS as mulheres atleticanas e a grande maioria das mulheres que compõem a Torcida Resistência Alvinegra somos CONTRA a contratação de Sebastian Villa pelo nosso GALO".



“É inadmissível que o @Atletico contrate Sebastian Villa!!!!!!!!! Não queremos agressores de mulheres saindo impunes de seus crimes!!!!!!!!!!!”, escreveu um torcedor.

“Lugar de agressor é na cadeia, não em campo de futebol. sebastian villa NÃO! vocês estão desrespeitando as mulheres, as suas torcedoras, as mães e filhas de seus torcedores, e desrespeitando ta”, postou outra torcedora do Galo.

“Thiago Neves usou a tragédia de Brumadinho para tentar' zoar o Atlético. Sebastian Villa acusado de espancar covardemente a esposa. Tu queria o que? Que a gente passa pano?”, posicionou-se mais um atleticano.

Outro torcedor do Galo ironizou as apostas de Sampaoli e da diretoria. “O @Atletico quer TN e Sebastian Villa, agressor de mulher. Mas não quer Cazares por causa do extracampo”. A crítica diz respeito ao fato de que o equatoriano Juan Cazares está fora dos planos de Jorge Sampaoli em função de seguidas polêmicas fora dos gramados.



“Não se orgulha tanto em ser o time do povo? Faz campanha e postagens defendendo N assuntos pertinentes e vai sujar nossa história trazendo o Villa? Bola fora, cancela isso ae Galo. #AgressorNoGaloNÃO”, escreveu outro torcedor.

Negociação se arrasta há meses


As tratativas para contratar o ponta de 24 anos se arrastam há pelo menos dois meses e esbarraram em seguidas mudanças de posicionamento do clube argentino. Denunciado de agressão pela ex-companheira Daniela Cortés, Villa, oficialmente, foi afastado das partidas do Boca, mas tem defensores na diretoria. 

Por isso - e pelo valor de mercado consideravelmente alto do jogador -, integrantes da alta cúpula alvinegra tratam o negócio com paciência. O Boca chegou a rejeitar ofertas anteriores, mas, desta vez, o clube mineiro tem mais esperança no acordo.



No início de setembro, a imprensa argentina noticiou uma proposta de 4 milhões de dólares (quase R$ 21 milhões na cotação atual) feita pelo Atlético e recusada pelos argentinos. No último dia 7, o Olé publicou que Villa, diante da denúncia de agressão e a incerteza sobre quando voltaria a jogar, comunicou aos dirigentes do Boca que deseja deixar o clube.

Na atual temporada, o colombiano soma 20 partidas (15 como titular) e dois gols marcados com a camisa do Boca Juniors. Jogador rápido e habilidoso, costuma atuar pelo lado direito e agrada ao técnico Jorge Sampaoli. Chegaria à Cidade do Galo com status de titular, em posição que tem sido ocupada na maioria das vezes pelo venezuelano Jefferson Savarino.

Ao menos até a noite desta quarta-feira, o Atlético trabalhava para fechar o quanto antes a contratação de Villa e tranquilizar Sampaoli, que tem cobrado reforços quase diariamente. Se insistir e conseguir tirar o colombiano do Boca, o clube alvinegro terá de esperar até 13 de outubro - quando abre a janela de transferências internacionais - para registrá-lo.



Além de um atacante de velocidade, o Atlético está em busca de um meia armador, que tenha como características chegada à área e boa finalização.