Competição de menor peso no ano, o Campeonato Mineiro, por diferentes razões, foi ressignificado na temporada do Atlético. Eliminações precoces na Copa do Brasil e na Sul-Americana, turbulências políticas às vésperas da eleição presidencial e mudanças drásticas no planejamento para 2020 fizeram com que o Estadual, que chega ao fim neste domingo, ganhasse importância tanto dentro, quanto fora de campo.
Por isso, conquistar ou perder o título diante do Tombense, no Mineirão, tende a ter reverberações de maiores proporções que as usuais no ambiente alvinegro. Aos comandados do técnico Jorge Sampaoli, basta um empate no jogo de volta da final, marcada para 16h. Afinal, o Atlético venceu a partida de ida por 2 a 1, na última quarta-feira, no Gigante da Pampulha.
Para além do objetivo natural de conquistar uma taça, os jogadores do Atlético veem no Mineiro a chance de conseguir o embalo necessário para o Campeonato Brasileiro, principal foco da temporada após as quedas nos torneios mata-mata ainda sob o comando de Rafael Dudamel. Na Série A, o time perdeu duas partidas consecutivas (para Botafogo e Internacional), deixou a liderança e, atualmente, ocupa a quarta colocação.
“Ganhando (o Mineiro), com certeza vai dar uma confiança muito maior para a gente no decorrer do Campeonato Brasileiro. Estamos vindo de duas derrotas, mas esse título pode mudar tudo, principalmente a confiança dos jogadores para seguir buscando o nosso objetivo também no Campeonato Brasileiro, que é ser campeão”, pontuou o lateral-direito Mariano no início da semana, antes mesmo do triunfo na partida de ida.
Jejum
A responsabilidade de ser campeão aumenta por dois fatores: o favoritismo natural de uma equipe com investimento muito superior e o incômodo jejum de títulos nas últimas temporadas. A taça mais recente conquistada pelo Atlético foi a do Estadual de 2017. Em 7 de maio daquele ano, o time de Elias, Robinho, Fred e companhia derrotou o Cruzeiro no Independência.
Depois daquela conquista - ainda sob o comando de Roger Machado, que atualmente dirige o Bahia -, o Atlético ficou longe dos troféus. E pior: foi vice-campeão estadual duas vezes consecutivas justamente contra o arquirrival Cruzeiro. Nas outras competições disputadas de lá para cá, não conseguiu ser protagonista.
Política
Fora de campo, a final tem importância grande para o presidente Sérgio Sette Câmara. Eleito no fim de 2017 para um mandato de três anos, o dirigente ainda não conseguiu conduzir o Atlético a nenhum título. Embora o Campeonato Mineiro não tenha a mesma relevância de outras competições, a perda da taça para o Tombense pode aumentar significativamente a pressão sobre o mandatário.
Sette Câmara pretende tentar a reeleição no pleito do fim de 2020. Esse foi um dos motivos que o fizeram mudar radicalmente o planejamento para o Atlético nesta temporada. No início do ano, apostou num elenco jovem comandado por Dudamel. O fracasso esportivo motivou o presidente a aumentar os investimentos em reforços e a contratar dois profissionais de peso: o diretor de futebol Alexandre Mattos e o técnico Jorge Sampaoli.
O título pode servir como argumento de Sette Câmara para convencer os conselheiros de que a mudança deu certo e que o projeto deve ter prosseguimento no próximo triênio, já que o Campeonato Mineiro é a primeira competição do Atlético sob a batuta dos novos contratados. Seria, ainda, a tranquilidade necessária para Sampaoli implementar, com mais tempo, a filosofia de jogo desejada.