Há 40 anos, Atlético enfrentava o Barcelona pela primeira vez

Há exatos 40 anos, o Atlético enfrentou o Barcelona pela primeira vez, na semifinal do Troféu Cidade de Vigo. Após empate em 1 a 1, o time comandado pelo técnico Procópio Cardoso foi derrotado pelos catalães por 3 a 2 nos pênaltis e foi eliminado da competição amistosa, disputada na região da Galícia. O Superesportes relembra essa partida e todo o contexto daquele confronto de 23 de agosto de 1980.

Poucos meses depois de perder a final do Campeonato Brasileiro para o Flamengo, o Atlético iniciou uma excursão pela Europa, onde disputou uma série de amistosos. O alvinegro tinha um grande elenco, que contava com João Leite, Luisinho, Jorge Valença, Toninho Cerezo, Palhinha e Éder Aleixo.

A primeira parada da excursão foi em Lille, na França. À época, cidades europeias sediavam pequenos torneios, geralmente com quatro equipes. Na estreia, o Galo perdeu para o Nantes-FRA por 2 a 0. Na disputa pelo terceiro lugar do Torneio Cidade de Lille, goleou o Hamburgo, campeão alemão um ano antes, por 4 a 1.

Na sequência da viagem, ainda em território francês, o Atlético foi à cidade de Vittel e venceu o Sochaux-Montbéliard por 2 a 1. Depois, fez dois jogos na Romênia. No primeiro, foi derrotado pelo Universitatea Craiova por 1 a 0. No segundo, empatou em 3 a 3 com o Timisoara.

Antes de disputar a segunda competição, o Galo fez uma parada na Holanda. Na região dos Países Baixos, goleou o Twente por 4 a 1, em Hennsteed. Com o histórico de três vitórias, um empate e duas derrotas, o elenco atleticano se dirigiu a Málaga, na Espanha.

Na Andaluzia, o Atlético disputou o Torneio da Costa do Sol. Na estreia, goleou o Slavia Sofia, da Bulgária, por 3 a 0. Na final, venceu por 1 a 0 o Málaga, dono da casa, em garantiu o título da competição. Depois, visitou a Itália e bateu o Napoli por 1 a 0, em Nápoles.

 

De volta à Espanha, o time alvinegro disputou seus últimos dois amistosos, completando, assim, uma sequência de dez jogos contra equipes europeias. Pela semifinal do Troféu Cidade de Vigo, enfrentou o Barcelona de Hans Krankl e Quini.

No estádio Balaídos, em Vigo, o técnico Procópio Cardoso escalou o Galo com João Leite; Orlando, Osmar Guarnelli, Luisinho e Jorge Valença; Chicão, Toninho Cerezo e Geraldo; Pedrinho; Palhinha e Éder Aleixo.

O Barcelona, de Ladislao Kubala, entrou em campo com Amador Lorenzo; José Antonio Ramos, Migueli Bianguetti, Alexanko Ventosa e Sánchez Felip; Martínez Dóaz, Rafael Zuviría e Quini; Jésus Nadáburu, Hans Krankl e Carrasco Hidalgo.

A partida entre brasileiros e catalães foi equilibrada. Pedrinho abriu o placar para o Galo, mas Manolo Martínez, que havia entrado na vaga de Hidalgo, empatou para o Barcelona. A vaga na final do torneio foi decidida na disputa de pênaltis, vencida pelos catalães por 3 a 2.

 

Pelo lado brasileiro, Éder Aleixo e Eleno (substituto de Cerezo) converteram suas cobranças, enquanto Pedrinho, Chicão e Jorge Valença perderam. Os espanhóis marcaram com Krankl, Nadáburu e Martínez. Quini e Alexanko desperdiçaram suas penalidades.

Ainda que na época não fosse considerado uma das maiores potências intermacionais, o Barça já contava com uma equipe forte e atletas de seleção. O austríaco Hans Krankl, por exemplo, foi o goleador da Europa em 1978. Já Enrique “Quini” Castro foi artilheiro do Campeonato Espanhol em cinco oportunidades, duas delas vestindo azul e grená.

“Os times europeus eram muito respeitados. Eram jogos muito difíceis, mas o Atlético tinha um time competitivo e valente. Foi um jogo que acabou empatado e fomos para os pênaltis. Foi um jogo bom, muito disputado. Na excursão, ainda enfrentamos o Hamburgo, que seria campeão da Europa (em 1982-1983). O Atlético meteu quatro neles (4 a 1)”, relembrou Procópio Cardoso ao Superesportes.

Na disputa pelo terceiro lugar, o Galo enfrentaria o CSKA Sofia, da Bulgária, mas a partida não foi realizada. Com isso, o Atlético ficou com a terceira posição no torneio. Na decisão, o Celta de Vigo bateu o Barcelona por 3 a 2 e garantiu o título da competição.

 

Velho conhecido da imprensa espanhola pelo título do torneio em 1977, o Galo ganhou destaque nos jornais espanhóis. O La Voz de Galicia, de Arteixo, na província de Corunha, elogiou o elenco atleticano, destacando os jogadores que atuaram na Seleção Brasileira.

“Quanto ao elenco brasileiro, tem de se recordar que foi campeão em seu país nos últimos três anos e vice-campeão na temporada atual. É um grupo com jogadores de seleção, com destaque para Cerezo, pretendido pelo Napoli, assim como Luisinho, Palhinha, Orlando, Reinaldo e o goleador Éder”, escreveu o periódico em sua edição de 23 de agosto de 1980.

 

 

 

Disputado de 1971 a 2012, o torneio amistoso era jogado no estádio Balaídos, em Vigo, na Espanha. Sua fórmula foi alterada várias vezes, passando por quadrangulares, triangulares e até partida única. Entre os brasileiros, três times conquistaram o título da competição: Atlético (1977), Cruzeiro (1978) e Internacional (1987).

 

 

Ao final da série de amistosos, o desempenho atleticano foi positivo, tendo um retrospecto de seis vitórias, dois empates e duas derrotas. Segundo Procópio Cardoso, a experiência fora do Brasil foi importante para o Atlético. Os confrontos com Hamburgo, Napoli e Barcelona, por exemplo, demonstraram a força do elenco atleticano. 

“O Atlético fez uma excursão muito boa. Enfrentamos times de primeira. Conseguimos resultados importantes. O Atlético mostrou naquela época um futebol bem competitivo, bem técnico. O Atlético tinha um time muito bom, muito bom. Reinaldo, Éder, Cerezo...”, disse.

Para o ex-treinador, a excursão foi fundamental para consolidar o nome do Atlético no cenário internacional. Nos anos seguintes, o clube mineiro voltou a ser convidado para torneios amistosos no Velho Continente.

“Naquela excursão, o Atlético fez o nome dele na Europa. Tanto que foi convidado depois para participar do Torneio de Amsterdã (1984), que o Atlético veio a ganhar. Foi um dos maiores torneios que o Atlético já participou. Eram quatro times: o Feyenoord, de Gullit, o Ajax, que era a Seleção Holandesa, com Van Basten e a turma toda, a Seleção da Romênia e o Atlético. Acho que foi um dos maiores títulos que eu e o Atlético ganhamos, pela qualidade dos times que estavam em campo”, completou Procópio Cardoso.