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Keno é liberado para estrear: o que ganha o Atlético de Sampaoli?

Jornalistas que acompanham Santa Cruz e Palmeiras analisam pontos fortes e fracos do reforço alvinegro, registrado no BID nessa terça-feira

João Vitor Marques Vicente Ribeiro
Keno, de 30 anos, é mais uma opção ofensiva para Jorge Sampaoli no Atlético - Foto: Pedro Souza/Atlético
Com a liberação do atacante Keno, que teve o contrato com o Atlético registrado e publicado no BID, o técnico Jorge Sampaoli ganha uma importante opção ofensiva para a sequência da temporada. Ainda longe da forma física ideal, o jogador pode ser aproveitado diante do Patrocinense, nesta quarta-feira, às 21h30, no Mineirão, na rodada final da fase de classificação do Campeonato Mineiro. O Galo precisa vencer para avançar às semifinais sem depender de outros resultados.



Keno, de 30 anos, foi contratado no começo de julho pelo Atlético, que desembolsou R$ 12 milhões para tirará-lo do Pyramids, do Egito. O Galo ainda teve que esperar pela rescisão do atacante com o Al Jazira, dos Emirados Árabes, clube para o qual o atacante esteve emprestado antes da transferência para BH. Registrado nesta terça-feira, ele ganhou condição de jogo para estrear diante do Patrocinense.

Com Keno, Jorge Sampaoli terá uma opção a mais para o setor ofensivo, especialmente atuando pela esquerda e fazendo a diagonal para concluir ou mesmo servir os companheiros. O atacante começou a carreira no América-SE, passou ainda por Botafogo-BA, Águia de Marabá-PA e Paraná, até chegar ao Santa Cruz, onde viveu boa fase até ser contratado pelo Atlas, do México. 

De volta ao Brasil, Keno atuou pela Ponte Preta e retornou ao Santa Cruz, em 2016, quando foi peça importante do time pernambucano. Adquirido no ano seguinte pelo Palmeiras, ele se destacou e deixou o clube com 83 jogos e 19 gols, até ser negociado com o Pyramids. No Egito, atuou entre 2018 e 2019 (balançou as redes oito vezes em 32 partidas). Emprestado ao Al Jazira no ano passado, deixou a marca três vezes em 16 participações. 



O Superesportes ouviu jornalistas que acompanharam os passos de Keno no Palmeiras e no Santa Cruz. A opinião é de que o atacante velocista pode agregar ao time de Jorge Sampaoli. Eles avaliaram os pontos fortes e fracos do jogador. Confira os depoimentos:

Filipe Assis, editor do Superesportes em Pernambuco

“Para falar de Keno no Santa Cruz, tenho que falar de “dois” jogadores, porque o da primeira passagem, em 2014, era um jogador. Era um jogador que a torcida não conhecia. Ele era aquele cara de muita velocidade, mas que tinha uma dificuldade absurda de fazer gol. Ele fez pouquíssimos gols, acho que três, em 2014. Parte da torcida perdia a paciência com ele, o que é natural. Era aquele cara que muita gente olhava e dizia: ‘Este cara precisa ser trabalhado, pois se for trabalhado, ele vai dar certo em algum momento’. Mas pensando pelo lado imediato, o Santa Cruz precisava de um goleador naquela época. E não foi Keno. Léo Gamalho fez esse papel. Keno tinha muita velocidade, chegava sempre na cara do gol, mas dificilmente conseguia fazer gol.

Aí o Keno de 2016, na segunda passagem dele, este era outro jogador. Inclusive, em 2016 o Santa Cruz já estava na Série A após subir em 2015. Em 2014, o Santa estava na Série B. Então, em tese, era até mais difícil para Keno disputar a Série A. Mas ele mostrou ser um outro jogador. Ele continuava sendo muito veloz, mas, desta vez, muito mais consciente. Não era aquela velocidade louca de correr para um lado e para o outro do campo. Desta vez, ele tinha velocidade e sabia o que estava fazendo. Ele foi o ‘garçom’ do Santa Cruz naquela época e passou a fazer gols também.

É claro que o grande artilheiro do Santa Cruz em 2016 foi Grafite, mas Keno marcou gols. Ele era aquele cara que saía em velocidade pelas pontas e, quando cortava para dentro, alguma coisa ia acontecer ali. Acho que um gol que resume bem a passagem de Keno pelo Santa Cruz em 2016 foi o do título da Copa do Nordeste contra o Campinense. O Santa Cruz ganhou o primeiro jogo no Arruda por 2 a 1. No segundo jogo, perdia. Aí Keno fez uma jogada pela esquerda e cruzou a bola na área para Arthur fazer o gol de empate, do 1 a 1, que deu o título. A jogada é toda de Keno. Ele sai pelo lado esquerdo, é um cara veloz. Quando ele cruza a bola na área, já encontrou Arthur de cara para o gol, na entrada da pequena área. Ele deixou saudade por isso, por ser o articulador. Se o Santa Cruz estivesse precisando de alguma coisa ali, para buscar um gol, para empatar um jogo, então tem que ter uma jogada que saia do trivial. E ele era esse cara, era ele que fazia isso, que arrumava alguma coisa, geralmente na base da velocidade. Dos pés dele, saíram muitos dos gols que o Santa Cruz fez na temporada.


Se o Keno de 2014 não deixou tanta saudade assim - algumas pessoas gostavam dele, outras já eram mais impacientes -, o de 2016 não. O Santa Cruz lamentou muito porque não pôde continuar com ele”.

Felipe Zito, setorista do Palmeiras no GloboEsporte.com

“Lembro que o Keno sempre foi destaque desde quando chegou, mesmo não sendo um cara de muito impacto na contratação... Velocidade e drible sempre foram diferencial, dava uma característica ao time muito forte pelo lado do campo. Tem boa finalização de fora da área. De vez em quando faltava concentração e saia um pouco do jogo”.

Thiago Ferri, setorista do Palmeiras quando Keno defendeu o time alviverde

“Keno é um atacante muito veloz e de drible fácil, que deixa saudades no Palmeiras até hoje. Ainda que sua passagem tenha tido altos e baixos, ficaram mais vivos na memória do torcedor momentos como o gol na vitória sobre o Boca Junors na Bombonera, ou a capacidade de infernizar as defesas adversárias com lances rápidos pelos lados do campo. Jorge Sampaoli terá não apenas um velocista, mas um atacante que sabe finalizar bem - foram 19 gols e nove assistências em 84 jogos entre 2017 e 2018 no Palmeiras. Caso consiga a regularidade que em alguns momentos faltou no Verdão, tem potencial para ser um ponto de desequilíbrio no Galo”.