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Atlético, Grêmio e Bragantino querem entidade para negociação coletiva de direitos de transmissão

Plano foi defendido durante painel na 4ª Conferência Nacional do Futebol (Conafut)

Estadão Conteúdo
Time foi um dos 16 signatários do manifesto de clubes da Série A pela Lei do Mandante - Foto: Bruno Cantini/Atlético
Os presidentes de Atlético, Grêmio e Red Bull Bragantino lançaram a ideia da necessidade de criar uma entidade que represente os interesses do futebol brasileiro, fortalecendo a gestão executiva dos clubes. O plano foi defendido durante painel na 4ª Conferência Nacional do Futebol (Conafut).



A sugestão de uma organização foi levantada, segundo Fernando Trevisan, um dos coordenadores da Conafut, como resposta às grandes questões enfrentadas pelo futebol brasileiro, que vive um momento de transformação completa em decorrência da pandemia do coronavírus e também por questões legais em curso, como o projeto de lei que pretende incentivar os clubes a virarem empresa e também a alteração trazida pela MP 984/2020, que altera os direitos de transmissão, que hoje respondem 70% da receita dos clubes.

"É um momento ímpar, em geral há muitas discussões que ficam na intenção. Mas, na prática, é uma oportunidade para nos aprofundarmos na questão de que realmente devemos aproveitar esse momento de pandemia, de crise, quando aparentemente os clubes estão mais próximos, para criar uma espécie de entidade coletiva", disse Trevisan, especialista em marketing esportivo, também mediador do debate com os presidentes dos clubes.

Antes da promulgação da MP 984/2020, os direitos de transmissão pertenciam aos dois clubes protagonistas da partida. A partir de agora, esse direito é dado de forma exclusiva à equipe mandante do confronto, até o fim da pandemia. A medida provisória causou grande imbróglio na final do Campeonato Carioca.



O Red Bull Bragantino subiu este ano e não tem contrato de transmissão assinado para o Campeonato Brasileiro, que tem início previsto para o mês que vem, e defende que é preciso um debate mais amplo, com mais conexões e alinhamento entre os clubes. "Como estamos em tratativas, nosso entendimento é a favor de um movimento coletivo. O direito de transmissão individual é uma modernização, mas é importante que os clubes se aglutinem, com pesos pré-estabelecidos e transparentes", defendeu Thiago Scuro, presidente do clube-empresa.

"O futebol brasileiro tem muita capacidade de reunião e pouca união. Há culturas, tamanhos, protagonismos e preconceitos diferentes entre os clubes. Sou a favor de uma associação, não de uma liga. Não vejo a capacidade dos clubes de realizarem o próprio campeonato", afirmou Romildo Bolzan, presidente do Grêmio, partidário da ideia de uma nova organização, mas não uma liga.

"É importante deixarmos claro que fomos a favor da mudança na legislação, mas com a condição das equipes discutirem contratos de transmissão em blocos", explicou o presidente do Atlético, Sérgio Sette Câmara. O time foi um dos 16 signatários do manifesto de clubes da Série A pela Lei do Mandante - termo criado após a publicação da Medida Provisória 984.



De acordo com Scuro, da Redbull, o time "acredita e muito" no futebol brasileiro, mas que o debate sobre os times se transforme clube-empresa, outra questão que deve ser trazida em legislação, não deve ser algo imposto. O Brasil é uma das principais ligas do mundo pela capacidade de formar jogadores. É por isso que o mundo assiste o futebol brasileiro. É importante gerar outros atrativos que não só os atletas: os treinadores precisam ser mais reconhecidos, os jogos dos campeonatos precisam melhores, a estrutura, o regulamento, avançar para uma discussão mais complexa do futebol brasileiros. Isso vai exigir mais concessões de todos os clubes. Os clubes só vão mudar de patamar se o nosso clube mudar de patamar."