O desejo do técnico Jorge Sampaoli de comandar o atacante Nahuel Bustos no Atléticoestá mais longe de se tornar realidade. Embora o interesse dos brasileiros em contratar a jovem promessa de 22 anos ainda exista, uma série de discordâncias com a diretoria do Talleres fez a negociação esfriar nos últimos dias. O Superesportes entrevistou os presidentes dos dois clubes para entender o que torna as tratativas tão difíceis.
As negociações por Bustos começaram em janeiro, mas, à época, pouco evoluíram. Após as chegadas de Sampaoli e do diretor de futebol Alexandre Mattos, o Atlético retomou as conversas em junho, desta vez com mais ímpeto. Agentes que intermedeiam as tratativas apresentaram oferta de 4,2 milhões de euros (R$ 25,8 milhões) por 50% dos direitos econômicos.
O modelo sugerido para a divisão desse valor, no entanto, não agradou ao Talleres. À reportagem, o presidente Andrés Fassi declarou que, do total ofertado, 2,8 milhões de euros (R$ 17,2 milhões) iriam aos cofres do clube argentino. Os outros 1,4 milhão de euros (R$ 8,6 milhões) seriam deduzidos em comissões para os intermediários e impostos decorrentes da transição. Pelo valor proposto, o dirigente diz que venderia apenas 20% dos direitos econômicos do jogador.
"O Atlético quer o melhor atacante da América Latina sem pagar. É impossível. Ou pagam 7,5 milhões de euros ou esperamos para negociar com a Europa", afirmou o mandatário do clube argentino.
Outro empecilho é a forma de pagamento. Segundo Fassi, o Atlético pretende diluir o valor em parcelas a serem quitadas ao longo de dois anos, enquanto o Talleres deseja contar com o dinheiro à vista.
Nesse domingo, o canal TyC Sports, da Argentina, noticiou que o Galo enviou mais uma proposta para contratar Nahuel Bustos. Entretanto, conforme o jornalista César Luis Merlo, o Talleres recusou os US$ 7,5 milhões brutos (R$ 40,35 milhões) por 70% dos direitos econômicos e deu sequência ao planejamento de vender o camisa 10 a um clube da Europa.
Os italianos Milan e Roma, o espanhol Sevilla, o português Porto, o russo Krasnodar e dois clubes da França buscaram informações sobre o atacante, que marcou 15 gols em 38 jogos por seu clube e representou a Seleção da Argentina que obteve a classificação ao torneio de futebol dos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021.
Resposta alvinegra
Embora publicamente adote um discurso pessimista, o Atlético ainda não desistiu totalmente da negociação por Bustos. O clube segue em busca de um ‘camisa 9’ e, apesar de ter outros alvos, vê no argentino uma possibilidade de investimento que dê retorno técnico e financeiro, com projeção de revenda para o futebol europeu.
O presidente Sérgio Sette Câmara, porém, reluta em se aproximar das cifras pedidas por Fassi. O entendimento do mandatário alvinegro é que Bustos tem potencial para evoluir, mas ainda não vale tanto quanto exige o Talleres, especialmente num momento de crise financeira internacional, em decorrência da pandemia do novo coronavírus.
“Eles mandaram uma proposta que nós não gostamos e nós não demos continuidade na conversa. Um jogador como o Bustos, ele ainda não é um jogador de Seleção Argentina consolidado, que já tem ali um nome ou uma coisa assim. É um bom jogador que tem se destacado, mas ainda está longe de ser essa estrela que o Talleres está achando que ele é”, declarou.
Sette Câmara classificou como “absurdo” o valor exigido pelo Talleres e garantiu que as negociações só evoluirão em caso de redução na pedida. Em meio aos entraves na busca por Bustos, o Atlético ampliou o radar para outros nomes. “Diante dos valores falados por eles, nós encerramos a conversa e ponto. Se amanhã os caras vierem com outro valor, nós vamos analisar, mas aí tem que ver se a gente já não vai ter contratado esse camisa 9”.
Por outro lado, a atuação de Marrony como ‘camisa 9’ móvel no jogo-treino aumentou as esperanças de Sampaoli e da torcida. Contratado durante a pausa no calendário do futebol por conta da pandemia, o ex-jogador do Vasco marcou dois gols e foi o grande destaque da atividade.