O Atlético se uniu a outros 15 clubes da Série A do futebol brasileiro para defender a Medida Provisória 984/2020, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro, que garante os direitos de transmissão das partidas unicamente à equipe mandante. Entre os clubes da primeira divisão, apenas Fluminense, Botafogo, Grêmio e São Paulo não são favoráveis à mudança.
A MP altera a Lei Pelé, que distribuía o chamado “direito de arena” entre o dono da casa e o adversário da partida. A mudança ainda depende de aprovação no Congresso Nacional.
Vice-presidente do Atlético, Lásaro Cândido da Cunha é contra a MP 984. Há uma semana, ele publicou um vídeo nas redes sociais e disse que a Medida Provisória era péssima para o futebol brasileiro.
“Primeiramente, fica claro, como eu já venho advertindo há algum tempo, que essa medida provisória 984, que o Flamengo conseguiu para ele, foi péssima. Então, o Flamengo deveria pedir desculpas ao futebol brasileiro. Não a torcida, que não tem nada a ver com isso, são os dirigentes que precisam refletir sobre isso”, disse Lásaro, afirmando que apoia a mudança da legislação.
“A gente precisa reconhecer que podemos até mudar a nossa legislação, e acho que é necessário, para que os clubes possam negociar os direitos das competições coletivamente, seja com uma liga, uma associação, etc. O que não pode é a gente achar que clube A ou clube B descobriu a roda, que transmitir por canal próprio é a solução do futebol brasileiro... A gente precisa refletir, que as mudanças precisam ocorrer, mas não nesta direção que foi encaminhada e liderada pessimamente pelo Flamengo. Os clubes precisam repensar e refletir sobre tudo isso”, completou.
Procurado nesta quinta-feira pelo Superesportes para comentar a decisão do Atlético de apoiar a MP 984, Lásaro disse que mantém a sua opinião pessoal e que não fala em nome do clube.
“A lei anterior [lei Pelé] é péssima, exige a autorização dos dois times. A nova (MP 984/20 - que ainda depende de aprovação do Congresso Nacional) sai do péssimo para o menos ruim. Mas a MP não contribui evolução do futebol brasileiro. Se o legislador quer intervir no futebol brasileiro, deve dispor na lei que os direitos devem ser negociados coletivamente, seja por uma liga ou por uma associação. A fragmentação dos direitos de competições para negociação individual deprecia o resultado final”, posicionou-se Lásaro.
Em entrevista ao Superesportes, no fim de junho, o presidente do Atlético, Sérgio Sette Câmara, mostrava-se cauteloso em relação à MP de Jair Bolsonaro devido aos contratos em vigor e entendia que ela poderia ser barrada no Congresso por divergências políticas.
Em entrevista ao Superesportes, no fim de junho, o presidente do Atlético, Sérgio Sette Câmara, mostrava-se cauteloso em relação à MP de Jair Bolsonaro devido aos contratos em vigor e entendia que ela poderia ser barrada no Congresso por divergências políticas.
Contrato com a Globo vai até 2024
Assim como os rivais Cruzeiro e América, o Atlético tem contrato com a Globo para transmissão dos seus jogos em TV aberta até 2024. Os três clubes também têm acordo para exibição das partidas em Pay Per View (PPV), que divide a bolada de acordo com o tamanho das torcidas. No ano passado, segundo levantamento do UOL, o Galo embolsou R$ 31,5 milhões.
Veja abaixo o texto que alguns clubes que apoiam a MP 984 publicaram nas redes sociais:
Por que os Clubes apoiam a MP 984 e a criação da Lei de Democratização das Transmissões de Futebol
1. Porque o torcedor é diretamente beneficiado. A MP acaba com os “apagões”, isto é, os jogos sem nenhuma transmissão, que ocorriam quando um canal tem o direito de um time e outro canal tinha o direito do outro. A situação anterior impedia, por exemplo, que mais da metade dos jogos do Campeonato Brasileiro fossem exibidos na TV fechada. Com mais partidas sendo exibidas, teremos um futebol mais democrático, mais acessível e mais barato.
2. Porque ela empodera os clubes a negociar seus direitos e incentiva a união entre as equipes. Esse formato prevalece nos principais mercados de futebol do mundo. O Brasil está pronto para esse passo libertador, que certamente será o ponto de partida para outros aprimoramentos. Com a MP, quanto mais os clubes estiverem unidos, mais vão ganhar.
3. Porque a concorrência vai aumentar. O modelo que vigorava no Brasil gerou concentração do futebol nas mãos de poucos investidores. Consequentemente, não alcançou todo o seu potencial e ainda gerou distorções no seu modelo de distribuição. A MP viabiliza a entrada de novos investidores no mercado, sem afastar os atuais, aumentando a disputa. E isso é bom para os clubes e melhor ainda para o torcedor.
4. Porque devemos seguir o exemplo de quem fez e deu certo. A legislação anterior tinha mais de 50 anos e não refletia uma forma moderna de negociação dos direitos esportivos. A ampliação de investimentos gera aumento de receitas para os clubes, viabilizando a manutenção dos nossos craques por mais tempo no país, além do investimento em estrelas internacionais.
EM RESUMO
Os torcedores ganham com o fim dos apagões de jogos, com mais craques em campo e com um melhor espetáculo no Brasil. Os clubes ganham com mais liberdade e receitas. E o país ganha com os clubes mais sólidos financeiramente, maior geração de empregos e crescimento de impostos pagos aos governos.