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Presidente do Atlético explica demora para acabar com 'abusos financeiros' em diversos setores no clube

Sette Câmara afirmou que precisava avaliar situações antes de tomar decisões; clube tinha muitos funcionários com salários acima da média do mercado

Bruno Furtado João Vitor Marques Roger Dias Túlio Kaizer
Sette Câmara fez mudanças no organograma do Atlético - Foto: Bruno Cantini/Atlético

Além do discurso de austeridade para mudar a política de gastos no futebol profissional do Atlético, Sérgio Sette Câmara assumiu a presidência do clube com a intenção de acabar com alguns 'abusos financeiros' que aconteciam em diversos setores do alvinegro. Nos últimos meses, várias demissões aconteceram. Mas por quê o mandatário demorou tanto tempo para tomar as decisões? Ele explicou em entrevista exclusiva ao Supereportes e ao Estado de Minas.


“Veja bem. Alguém poderia dizer: ‘Você foi conivente com o que aconteceu’. A cultura do futebol é assim. Agora ela está mudando muito. Até pouco tempo era a cultura do futebol. Você vê um determinado profissional, não estou dizendo que é o caso, por exemplo um fisioterapeuta, que tem um salário médio de R$ 15 mil, em uma clínica boa. No futebol isso dobra, triplica, simplesmente porque é um clube de futebol. A mesma coisa acontece com garçom, faxineira. Acontecia. Isso é uma coisa que não é só no Atlético, é geral”, disse o presidente, completando.

“Eu não conseguiria chegar no clube e, num passe de mágica de um mês, sair fazendo loucura, cortando as pessoas. Até porque você precisa da memória, de muita coisa que essas pessoas que estão no clube há anos têm, para poder tocar o dia a dia. Essa mudança leva um certo tempo, você tem que chegar, analisar caso a caso, verificar”.


Sette Câmara afirmou que encontrou no clube muitos funcionários com salários acima da média do mercado. O presidente reconheceu que poderia ter feito as mudanças com mais rapidez, mas entende que o clube agora caminha num rumo certo.


“Existiam funções-chave dentro do Atlético, que tinham salários mais elevados, mas que infelizmente eu não tinha condição de chegar e falar: ‘Você não vai ficar aqui’. E esse salário já estava nesse patamar quando eu cheguei. A gente teve que manter durante algum tempo até que a gente tomasse pé da situção e tivesse uma pessoa que pudesse assumir. Isso leva um tempo. Poderia ter sido mais rápido? Sim, poderia. Mas o certo é que nós fizemos. Talvez esse seja o grande legado desses dois anos e meio de Atlético, de ter identificado e tido coragem para tomar essas atitudes. Elas são impopulares, demitir é sempre muito ruim. Posso garantir que não houve nenhuma caças às bruxas, foi tudo feito com muito critério”.

De acordo com o presidente do Atlético, a consultoria Falconi foi contratada para que o clube organize o seu organograma, trabalhando com um número menor de funcionários sem baixar a qualidade do serviço apresentado.

“Ainda estamos qualificando. A consultoria da Falconi visa, especificamente, fazer com que, o Atlético, mantenha em seus quadros, pessoas competentes, mas com salários compatíveis com seus cargos. Estamos refazendo o nosso organograma, de maneira que a gente possa achatar e reduzir o número de pessoas sem comprometer a qualidade do trabalho que está sendo feito. O Atlético tem alguns seguimentos, por exemplo na comunicação, um número muito reduzido de pessoas e tem uma entrega espetacular. A ideia é de que a gente tenha isso em todas as áreas. Isso leva um pouco de tempo, mas estamos implementando. Quero crer que as atitudes foram tomadas. Isso é o mais importante”, concluiu.

A entrevista

Sérgio Sette Câmara concedeu entrevista exclusiva ao Superesportes e ao Estado de Minas. Na conversa, o presidente falou sobre finanças, contratações, política, relação com o técnico Jorge Sampaoli, Arena MRV, rivalidade com o Cruzeiro e vários outros temas. As reportagens serão publicadas ao longo dos próximos dias. Veja o que já publicamos: