Alexandre Kalil não vai concorrer à presidência do Atlético no fim do ano, mas é o principal nome da oposição no clube. O racha político com Sérgio Sette Câmara já foi exposto. Um candidato que ganhar o apoio do ex-presidente tem chance de êxito na disputa com o atual mandatário. Mas a situação política do alvinegro preocupa dirigentes. Lásaro Cândido da Cunha, vice-presidente do Galo, se reuniu com o prefeito de Belo Horizonte para falar das eleições.
Em entrevista à ESPN, Kalil revela que foi procurado por Lásaro na prefeitura. Os dois trabalharam juntos no Galo. Enquanto Alexandre era presidente, o atual VP era diretor jurídico.
De acordo com Kalil, Lásaro foi pedir para que ele entre na eleição do Atlético. O ex-presidente deixou clara sua preocupação com a situação política do alvinegro: “Azar”.
“Ele marcou hora na prefeitura pra falar que eu tinha que entrar na eleição do Atlético agora. Eu falei: ‘Não vou entrar’. ‘Ah, mas o outro grupo vai ganhar’. Azar. Liguei pra ele hoje (ontem) e falei: ‘Vou falar isso hoje’. Eu não sou modesto. Essa turma que está aí, não vem falar de Alexandre Kalil no Atlético não, né?! Vem falar da prefeitura, né?! Que ele é um prefeito de m..., que é ruim, que tem prefeito melhor. Mas de Atlético? Lá só tem júnior, né?! Pelo amor de Deus”, disse Kalil.
O prefeito de BH afirmou que não está preocupado com o cenário político do Atlético. Kalil afirmou que o amor pelo clube agora fica apenas pelos jogos na televisão.
“Eu não sei o que acontece com o Atlético. Eu não vou lá. Eles foram atrás de mim. Foi o vice-presidente, Lásaro Cândido, quem foi atrás de mim. Eu falei com ele que não quero saber de Atlético, eu não vou na eleição, não adianta. Não fui votar na última eleição. Eu não estou entendendo essa briga que querem arrumar comigo. Primeiro porque não tem tamanho pra brigar comigo dentro do Atlético. Segundo que eu não fiz nada com ninguém. (...) O vice-presidente dele (Sette Câmara) é que foi atrás de mim na prefeitura. Eu tenho mais o que fazer. Estou numa pandemia, eu tive uma tempestade, eu tive que reconstruir uma cidade. O meu amor pelo Atlético é domingo, na televisão, e acabou. Se não sou nada, estou entre os três melhores presidentes da história do Atlético. E o mais ganhador. Modesto eu não sou”, completou.
Palavra de Lásaro
Em entrevista ao Globoesporte.com, Lásaro Cândido da Cunha explicou o motivo da reunião com Alexandre Kalil. De acordo com o vice-presidente, a conversa aconteceu há dois meses e ainda não existia racha entre o prefeito e Sérgio Sette Câmara.Lásaro afirmou que não queria deixar o clube cair nas mãos de um aventureiro, já que ele não participará da eleição e Sette Câmara também pode abdicar da reeleição.
“Eu sou amigo do Alexandre e amigo do Sérgio (Sette Câmara). Apesar de ser amigo do Alexandre, tive poucos contatos com ele desde que ele saiu do Atlético. Mas sou amigo deles todos. Nessa conversa que tive com o Alexandre, fui, mais uma vez, falar pra ele que não sou candidato, que vou encerrar minha passagem no Atlético agora. Não fui lá a pedido do Sérgio. Ele nem sabia que eu tinha ido lá. Aí ele falou pra mim que não ia mais mexer com o Atlético. Eu falei: 'Não vai mexer, eu também não. Se o Sérgio não for candidato, então nosso grupo não vai ter ninguém'", disse.
Lásaro disse que o indicou a Kalil o nome de Castellar Guimarães, atual presidente do Conselho Deliberativo do Atlético. “Aí levantei, e ele perguntou: ‘Quem você acha que poderia ser o nome?’ Eu falei: ‘poderia ser o Castellar’. Ele falou: ‘Você acha que ele aceita?’ Eu falei: ‘Ele falou que não, mas não sei’. Eu falei que não tem mais nenhuma possibilidade de candidatar a mais nada a partir de 31 de dezembro. Não tocamos em assunto de Sérgio. Sei que há um estremecimento entre os dois. Não sou obrigado a brigar com um ou com outro”, concluiu.
Racha político
O racha político no Atlético foi exposto no fim do ano passado. Incomodado, Alexandre Kalil não compareceu à eleição para presidência do Conselho Deliberativo, que elegeu Castellar Guimarães, seu aliado, como presidente.Kalil deu a entender que não ficou satisfeito com a aproximação de Sérgio Sette Câmara com Ricardo Guimarães, seu grande desafeto político no clube.
Além disso, o atual presidente começou a afastar da diretoria pessoas próximas a Kalil. Isso gerou incômodo nos bastidores.
A situação piorou neste ano. Guimarães pediu a Sérgio Sette Câmara a demissão do médico Felipe Kalil, filho de Alexandre. O atual presidente se mostrou contra, assim como Lásaro Cândido da Cunha, vice-presidente, e Castellar Guimarães.
Incomodado com a situação, Felipe Kalil oficializou o pedido de demissão junto à diretoria do clube. Sette Câmara tentou reverter a situação, mas o médico se mostrou irredutível.