O cenário político do Atlético foi marcados nos últimos dias por troca de cutucadas entre Alexandre Kalil e Sérgio Sette Câmara. O clima esquentou de vez entre eles após o pagamento da dívida pela contratação de Maicosuel, efetuada pelo ex-presidente, em 2014, e quitada na última segunda-feira. O atual mandatário vem criticando constantemente os gastos e falta de responsabilidade do ex-aliado.
Em live, Kalil chegou a responder e afirmou que nunca precisou pedir caridade de ninguém para pagar as contas no Atlético(Sette Câmara contou com ajuda da MRV Engenharia e do Banco BMG para pagar R$ 13,4 milhões e quitar a dívida pelo meia).
Na última quarta-feira, o jornalista Juca Kfouri publicou um documento que mostra Kalil recorrendo à Conedi, empresa que era da MRV. O ex-presidente deu 13% dos direitos do meia-atacante Guilherme como garantia de um empréstimo utilizado para pagar salários.
Em entrevista à ESPN, Kalil afirmou que não foi uma ‘caridade’. De acordo com o ex-presidente, ele fez um negócio com a empresa. Ele ainda aproveitou para cutucar Sette Câmara.
“Ele (Kfouri) escreveu que eu fiz um contrato com a firma que era da MRV, que eu dei 13% do jogador e tal. Eu não botei no meu Twitter "obrigado" pra ninguém, não. Eu cedi, eu fiz negócio. Eu fiz negócios no Atlético. Eu não tenho nada contra ninguém. O Rubens (Menin) é meu amigo pessoal, vamos deixar isso muito claro. Tenho por ele muito respeito. Espero que ele tenha por mim também”, disse.
Kalil aproveitou para criticar a publicação de Sérgio Sette Câmara no Twitter, que fez um agradecimento público aos donos da MRV e do BMG.
“Aquilo foi uma jogadinha. Muito obrigado e tal. Obrigado o quê? É de graça? Então fala: 'Está doado'. É isso que eu fiquei com raiva. Jogou o Maicosuel no meu colo? Que isso?! Vamos respeitar! Obrigado é quando papai me dava mesada. Não tem obrigado, não”.
Provocação
Kalil aproveitou para falar sobre o ‘racha’ com Sette Câmara. O ex-presidente disse que não tem que rivalizar com ninguém no clube e que é o atual mandatário que não o esquece.“No Atlético eu posso rivalizar com Elias Kalil, com Nelson Campos (ex-presidentes). Não tenho que rivalizar com ninguém do Atlético, não. E eu já saí de lá tem uma eternidade. Ele (Sette Câmara) que não consegue me esquecer”.
Pagamento de dívidas
Sette Câmara reclamou nos últimos dias que pagou quase R$ 60 milhões em dívidas na Fifa (antes de quitar o débito por Maicosuel). Kalil afirmou que, durante sua gestão no clube, quitou R$ 250 milhões em dívidas de gestões anteriores.“Eu fiz questão de ligar pro Carlos Fabel (ex-diretor financeiro), que não trabalha mais no Atlético. Para vocês verem como muda a linha do tempo. Eu paguei, corrigido, de dívidas para trás, que não eram minhas, R$ 250 milhões. Estou tirando aí quatro meses de folha atrasada e R$ 2 milhões de cheque sem fundo que foi dado na praça. Eu peguei com quatro meses de salário atrasado. E entreguei o Atlético devendo também, menos que R$ 250 milhões, e com dois meses de salário atrasado para o Daniel (Nepomuceno). E o Daniel deve ter repetido a fórmula, não sei como, eu já tinha um mandato fora, e entregou para o outro lá (Sette Câmara). Assim é sucessivo. Não tem novidade nenhuma”, concluiu.
Racha político
O racha político no Atlético foi exposto no fim do ano passado. Incomodado, Alexandre Kalil não compareceu à eleição para presidência do Conselho Deliberativo, que elegeu Castellar Guimarães, seu aliado, como presidente.Kalil deu a entender que não ficou satisfeito com a aproximação de Sérgio Sette Câmara com Ricardo Guimarães, seu grande desafeto político no clube.
Além disso, o atual presidente começou a afastar da diretoria pessoas próximas a Kalil. Isso gerou incômodo nos bastidores.
A situação piorou neste ano. Guimarães pediu a Sérgio Sette Câmara a demissão do médico Felipe Kalil, filho de Alexandre. O atual presidente se mostrou contra, assim como Lásaro Cândido da Cunha, vice-presidente, e Castellar Guimarães.
Incomodado com a situação, Felipe Kalil oficializou o pedido de demissão junto à diretoria do clube. Sette Câmara tentou reverter a situação, mas o médico se mostrou irredutível.