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Sette Câmara diz que Atlético não tem dinheiro suficiente para pagar dívida por Maicosuel e admite risco de perder pontos no Brasileiro

Clube tem até terça para quitar débito na Fifa com a Udinese, da Itália

Redação
Atlético não tem dinheiro suficiente para pagar dívida por Maicosuel - Foto: Bruno Cantini/Atlético - 05/11/2014
Depois de dizer em várias oportunidades que o Atlético tinha o dinheiro reservado para encerrar a dívida na Fifa pelo meia Maicosuel, o presidente Sérgio Sette Câmara mudou o discurso em entrevista ao blog do Perrone, do portal UOL. Segundo ele, o clube dispõe de R$ 9 milhões, o que quitaria apenas parte do débito superior a R$ 13 milhões, incluindo multas, juros e impostos. O problema, conforme o mandatário, é que haverá desfalque significativo no fluxo de caixa, a ponto de acarretar em mais um mês de salários atrasados de jogadores, comissão técnica e funcionários.



O prazo de pagamento à Udinese vence na terça-feira (28). A entrevista de Sette Câmara ao jornalista Ricardo Perrone foi concedida no sábado, por telefone. No início do relato, publicado na íntegra pelo UOL, o presidente do Galo ressalta que não tem perspectiva de honrar o débito na segunda-feira (27). Com isso, o clube está sujeito a perder pontos no Campeonato Brasileiro e pode sofrer nova penalidade esportiva em caso de permanência da dívida.

“Estou aqui hoje, um sábado, quase cinco horas da tarde, e eu não tenho perspectiva de fazer o pagamento na segunda-feira (27). Se eu não fizer, o Atlético vai tomar três pontos na cabeça. Não sei te dizer direito quais os desdobramentos, mas tenho a impressão de que (além de tirarem três pontos) eles fixam um novo prazo, uma nova penalidade esportiva, que não sei dizer qual é, se é outra perda de pontos ou já é rebaixamento. É desesperador porque me pegou no pior momento, no meio do coronavírus, não tem receita, não tem futebol, não tem Globo, não tem venda, não tem mercado para vender jogador, não tem nada. E o euro acima de R$ 6. Ainda tem uma crise política no Brasil. Aqui tudo é pior”.

Sette Câmara lamentou a crise política no Brasil, que interfere diretamente na economia, nas especulações do mercado financeiro e na desvalorização do real em comparação ao dólar e ao euro. O estopim para a disparada das moedas estrangeiras foi o atrito entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-juiz federal Sérgio Moro, que pediu demissão do cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública alegando falta de autonomia.



“Além da crise na saúde e da crise econômica tem uma crise política que ajuda a fazer com que uma dívida que era de (cerca) de R$ 10 milhões passe para mais de R$ 13 milhões. E aí o que acontece? Todo esse dinheiro, num momento desses, acho que assim, qualquer time grande, se você falar que tem que tirar do bolso agora mais de R$ 13 milhões de reais, ele vai passar por muita dificuldade”.

O presidente explicou que oferecerá os R$ 9 milhões como parte do pagamento, com a esperança de a Fifa conceder um prazo para acertar o restante. Segundo ele, a quantia seria suficiente para deixar a folha salarial do Galo em dia. “Com esse dinheiro eu poderia deixar toda a minha folha, CLT e imagem, em dia. Ficaria com tudo em dia, salários de jogadores e funcionários. Mas eu não vou poder pagar esses caras. Qual a ideia? Eu vou tentar pagar (a dívida na Fifa) com o que eu tiver em caixa, uns R$ 9 mihões e, se a Fifa aceitar como parte do pagamento isso aí, beleza. Senão, vai nos punir com três pontos. É desesperador”.

O Atlético tentou parcelar a dívida em nove vezes de 200 mil euros, mas a Fifa recusou a possibilidade mesmo com o clube argumentando as dificuldades financeiras por causa da pandemia do novo coronavírus. “Falei com todas as pessoas que você possa imaginar. Não deixamos de pagar nenhuma dívida que estourou aqui. Como não aceitaram o parcelamento? Nossa proposta era para parcelar em oito ou nove vezes, eram parcelas de 200 mil euros. A Fifa pode dizer: 'mas a dívida é de 2015'. Aí tenho que enfiar a viola no saco”, lamentou o dirigente.



No fim das declarações ao UOL, Sette Câmara enviou indireta à administração do ex-presidente Alexandre Kalil, que contratou Maicosuel em maio de 2014, por 3,315 milhões de euros, e pagou pouco mais de 1,5 milhão. “Já fiz tantos pagamentos no passado, e agora mais esse, fruto de irresponsabilidade de gestão anterior que caiu no nosso colo. O que eu posso fazer? Não tem mais lugar para irresponsabilidade de sair comprando jogador e achar que não vai dar em nada. Não é só ficar levantando caneco e deixar a herança maldita para os outros presidentes. A conta chegou. E caiu no meu colo”.