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Cuca lembra contratação de Ronaldinho e diz que pensa em voltar um dia ao Atlético

Técnico se sagrou campeão da Copa Libertadores de 2013 pelo Galo

postado em 26/04/2020 11:00 / atualizado em 26/04/2020 15:18

(Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press)

Campeão da Copa Libertadores de 2013 pelo Atlético, o técnico Cuca lembrou de um episódio marcante na história do clube. Há quase oito anos, na tarde de 4 de junho de 2012 (segunda-feira), Ronaldinho Gaúcho descia a um dos campos da Cidade do Galo para bater bola com os novos companheiros, quatro dias depois de obter rescisão liminar do contrato de trabalho com o Flamengo.

Em entrevista ao canal do jornalista Jorge Nicola no YouTube, Cuca disse que não pensou duas vezes em procurar Assis, irmão e empresário do craque, e também Alexandre Kalil, então presidente do Galo. O objetivo era incorporar um “cabeça pensante” ao grupo que vislumbrava boa campanha no Campeonato Brasileiro.

Quando vi que Ronaldinho saiu do Flamengo, liguei para o Kalil, que estava negociando com o Juninho Pernambucano. A gente precisava de um 10, de um cabeça pensante, de um cara bom na bola parada. Liguei e disse: ‘Kalil, apareceu o 10’. ‘Quem é?’, ele perguntou. Falei: ‘Ronaldo’. Tem certeza? Sim. Em dois dias o Kalil pôs ele lá dentro”, contou Cuca, detalhando, em seguida, como foi o primeiro dia de Gaúcho no centro de treinamento em Vespasiano.

“Nunca vou esquecer. Ele desceu pro campo e ficou batendo papo com os caras. O Victor (goleiro) estava com a bola lá no outro gol, pois estava treinando com o Chiquinho. Aí o Ronaldo levantou a mão e gritou: ‘Victooor!”. O Victor deu de esquerda, forte, de uns 50 a 60 metros, e o Ronaldo dominou a bola entre as coxas e a prendeu. Os guris que estavam ao lado caíram para trás (impressionados) e começaram a dar risada. Assim foi a apresentação dele lá”.

Na primeira temporada pelo Atlético, o sorridente Ronaldinho vestiu a camisa 49 em homenagem à mãe, Dona Miguelina, nascida em 1949. No Campeonato Brasileiro, o Bruxo marcou nove gols e deu 14 assistências, além de encantar a torcida com a plástica de dribles curtos, lançamentos milimétricos e domínio de bola. O alvinegro brigou pelo título até as últimas rodadas e ficou em segundo lugar, com 72 pontos, cinco a menos que o campeão Fluminense.

Em 2013, Ronaldinho vestiu a 10 - tal como foi ao longo de toda a carreira - e liderou o Atlético nos títulos do estadual e da Libertadores. Em 38 partidas, fez 17 gols e colaborou com 16 assistências. O prestígio do melhor jogador do mundo em 2004 e 2005 era tão grande que, frequentemente, ele se livrava de “multas” por alguma conduta inadequada. Cuca revelou que abria exceções quando R10 fazia gol ou tinha participação decisiva em vitórias do time. E os colegas de grupo, garante o técnico, divertiam-se com o craque.

(Foto: Bruno Cantini/Atlético - 21/10/2012)

“Depois do jogo, de uma vitória, ele vinha até a mim, sorrindo, e falava. 'E aí, Cuca? Como é que é? E a multa?' Era uma gargalhada só (dos colegas no vestiário). O Galo deu o lugar dos sonhos ao Ronaldo, que se divertiu jogando futebol”.

Cuca citou também os nomes de outros atletas que se destacaram no Atlético sob o seu comando. “Ronaldinho, Jô, Tardelli, Bernard, Guilherme… o time era bom demais, rapaz. Pierre, Donizete, Júnior César, Marcos Rocha, Leo, Réver, Victor. Aí, já escalei o time”.

Voltaria ao Atlético?

Antes de trabalhar no Atlético, Cuca carregava o rótulo de "azarado", pois costumava conduzir suas equipes a boas campanhas nas competições, mas sem levá-las ao título. A "maldição" foi quebrada justamente com a Copa Libertadores, em que o Galo se apoiou no mantra do "eu, acredito!" e conseguiu classificações históricas, como a defesa de Victor em pênalti de Riascos no último minuto do jogo contra o Tijuana (quartas de final), e as vitórias nos pênaltis sobre Newell's Old Boys (semifinal) e Olimpia (final).

Em 153 jogos à frente do time alvinegro, Cuca contabilizou 80 vitórias, 34 empates e 39 derrotas. Em razão do sucesso e da identificação, o treinador de 56 anos pretende retornar ao Galo futuramente, desde que seja procurado por dirigentes.

“Penso em voltar um dia. Mas o Atlético tem que me procurar. Não me procurou. Porque daí o pessoal fala: ‘o Cuca é caro, o Cuca é caro! Não quer vir!’. Não é verdade, não me chamaram. Falaram aí que eu não quis vir, não sei o quê. Não me chamaram. Me chamaram uma vez só, que foi antes, com o Kalil ainda que era o presidente”.

O técnico também se mostrou admirador do técnico argentino Jorge Sampaoli, a quem considera equiparado ao português Jorge Jesus, do Flamengo, e afirmou que Alexandre Mattos é o melhor executivo de futebol com quem trabalhou. Os dois foram campeões do Campeonato Brasileiro de 2016, pelo Palmeiras.

“O Alexandre Mattos é o melhor diretor de futebol com quem trabalhei. É o cara mais rápido, que tem poder de persuasão enorme. Ele vai lá no Mina (zagueiro contratado ao Santa Fe, da Colômbia, que defende atualmente o Everton, da Inglaterra) e fala: ‘vem pro Palmeiras que eu vou te levar pro Barcelona. O cara vem, acredita nele, e ele cumpre a palavra”.

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