No currículo como dirigente, Alexandre Mattos acumula passagens por América, Cruzeiro e Palmeiras. Na Toca da Raposa, o executivo foi bicampeão brasileiro (2013 e 2014), conquistou identificação com a torcida e ganhou notoriedade nacional. Anos depois, deve retornar ao futebol mineiro, desta vez para ser diretor de futebol de um arquirrival do clube celeste: o Atlético.
Mas por que Mattos, mesmo tão identificado com o Cruzeiro, vê com bons olhos a possibilidade de trabalhar na Cidade do Galo?
Inspiração
Alguns fatores explicam a decisão de o dirigente negociar com o Atlético. O primeiro e mais claro é o fato de que Mattos não quer ter “portas fechadas” em clubes rivais dos que ele trabalhou. O executivo entende que pode desvincular a própria imagem do Cruzeiro e executar um bom trabalho no rival local.
A amigos, Mattos explicou a decisão de negociar com o Atlético mesmo tendo histórico no Cruzeiro. E um nome constantemente citado como inspiração pelo dirigente é Eduardo Maluf, ex-diretor de futebol dos dois principais clubes de Minas Gerais e bastante respeitado pelas torcidas alvinegra e celeste.
Morto em junho de 2017 vítima de um câncer no estômago, Eduardo Maluf conquistou 13 títulos oficiais nas várias passagens pelo Cruzeiro. No clube celeste, montou a equipe que conquistou a Tríplice Coroa em 2003, com as taças do Campeonato Mineiro, da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro.
Maluf acumulou ainda duas passagens pelo Atlético, em 2000 e de 2010 a 2017. No clube, participou das conquistas do Campeonato Mineiro (2000, 2012, 2013, 2015 e 2017), da Copa Libertadores (2013), da Recopa Sul-Americana (2014) e da Copa do Brasil (2014). O ex-dirigente é a “fórmula de sucesso” buscada por Mattos, que muito o elogiou ao longo da carreira.
“Se hoje eu existo, se hoje sou diretor de futebol, é pela admiração e pelo carinho, o respeito pelo Maluf. Lembro quando estava lá jovem, pensando em algo no futebol, não fui jogador, joguei apenas base, mas eu olhava o Maluf e falava que queria ser esse cara. Ele é o melhor que teve, foi nele que me inspirei. Vi tudo que fez”, disse Mattos ao Superesportes no dia da morte de Maluf.
Patrocinadores e chance de rivalizar com 'ricos'
Além da inspiração em Maluf e do profissionalismo que quer passar ao mercado, outros fatores ajudam a explicar o interesse de Mattos em fechar com o Atlético. O executivo é muito amigo do presidente alvinegro, Sérgio Sette Câmara. Em reunião na última quinta-feira, o mandatário o convenceu de que poderia fazer um bom trabalho na Cidade do Galo.
E um trunfo alvinegro no convencimento a Mattos é o apoio de patrocinadores na busca por contratações. Em meio a um momento financeiro ruim, o Atlético conta com auxílio de parceiros como o BMG e a MRV em movimentações mais ousadas no mercado. Ter essa “carta na manga” é um dos principais atrativos para o dirigente.
Nas próximas semanas, o Atlético irá ao mercado para atender a pedidos de Jorge Sampaoli. No entendimento de Sérgio Sette Câmara, Alexandre Mattos, pelo perfil sabidamente “agressivo” e “arrojado” que tem nas negociações, é o nome ideal nesse processo de remontagem do elenco.
O Superesportes apurou que o otimismo do Atlético por um desfecho positivo na negociação com Mattos é tão grande que todos do estafe de Sampaoli já sabem da chegada iminente do dirigente na Cidade do Galo. O perfil do executivo no mercado agrada ao argentino.
Mattos entende que com o aporte financeiro dos patrocinadores na busca por reforços e a possibilidade de ter Jorge Sampaoli no banco de reservas são fatores que podem fazer o Atlético rivalizar com os mais ricos do futebol brasileiro, como Palmeiras e Flamengo.
O que falta para fechar?
Ainda não houve assinatura de contrato de Mattos com o Atlético. Porém, os moldes do vínculo já estão alinhados e serão documentados em breve pelas partes. Sérgio Sette Câmara está em viagem e tem retorno a Belo Horizonte marcado para esta semana, quando se reunirá com o executivo para apresentar formalmente a proposta. A tendência é que o acordo seja anunciado em breve.