Os três pontos são motivo de comemoração, mas não foram conquistados da forma como Jorge Sampaoli gosta. Das tribunas do Mineirão, o novo técnico do Atlético acompanhou a vitória por 2 a 1 sobre o Cruzeiro, nesse sábado. Nesta segunda-feira, ele falou sobre as impressões que teve do time.
“A respeito do que vi no sábado no clássico, muito nervosismo, muito desespero, muita urgência, muita luta. Pouco jogo”, analisou o treinador, que promete um Atlético protagonista e ofensivo ao longo da temporada. Sampaoli não gostou do que viu em campo, mas entende que vencer era fundamental para as pretensões do time no Campeonato Mineiro.
Com os três pontos, o Atlético chegou aos 15 e terminou a oitava rodada do Estadual na quarta colocação, dentro da zona de classificação às semifinais. “Era muito necessário ganhar o clássico, porque nos mantém com chance de competir pelo Mineiro”, analisou Sampaoli.
Segundo o treinador, o Atlético a partir de agora não jogará para ganhar à qualquer maneira. A comissão técnica tentará formar um time que seja claramente identificado com uma ideia de jogo ofensiva e seja protagonista da partidas contra qualquer adversário e em qualquer campo.
“O Atlético, pela minha característica, será um time extremamente de ataque, que vai tentar ser protagonista a todo tempo em qualquer campo que jogar e contra qualquer equipe, sem nenhum tipo de temor e nenhum tipo de resguardos. Isso é o que me identifica e é o que vim trazer para cá. Não ganhar por ganhar, mas ganhar de um jeito”, disse.
Coragem
Para implementar essa ideia de jogo, Sampaoli quer atletas corajosos. “Para mim, o ataque é o desejo que me gera este time, que me parece um pouco apagado, um pouco temeroso. Jogadores que tiverem temor não vão poder estar aqui. A ideia é que a gente vá a campo e tomemos frente a qualquer equipe que enfrentarmos”, prosseguiu.
Formar times ofensivos e destemidos foi uma característica de Sampaoli ao longo de toda a carreira. No Brasil, não foi diferente. Em 2019, implementou sua ideia de jogo no Santos, que terminou o Campeonato Brasileiro como vice-campeão. No Atlético, a intenção é repetir a fórmula.
“Sempre sonhei em vir ao Brasil porque quando eu era criança, sempre via equipes brasileiras que jogavam muito bem. Na atualidade, antes de vir ao Santos, disse o mesmo: viria para cá tentar aproveitar a qualidade dos jogadores brasileiros, que historicamente sempre foram os melhores. Se tenho os melhores jogadores, tenho que jogar. Não tenho que não jogar”, disse.
No processo de montagem da equipe, prometeu fazer uma avaliação do elenco. Os jogadores que se identificarem com a ideia de jogo continuarão no projeto. Já os que não conseguirem se adaptar sairão do grupo. “A partir de agora, é preciso avaliar o que há em casa relacionado ao que disse (estilo de jogo). Hoje, o elenco está um pouco frustrado desde o início do ano, porque não conseguiu coisas importantes. Agora, é buscar a maneira de avaliar e de fortalecer este grupo para sair dessa pressão e tentar prevalecer com um estilo e uma cultura de jogo”, disse.
Time ‘golpeado’
Sampaoli ainda identificou um elenco “golpeado”. Para ele, o processo inicial na Cidade do Galo irá além de implementar ideias táticas e incluirá também a recuperação emocional dos jogadores. Neste início de 2020, a equipe foi eliminada precocemente na Copa Sul-Americana (primeira fase contra o Unión-ARG) e na Copa do Brasil (segunda fase contra o Afogados-PE).
“O Atlético vem muito golpeado nos últimos tempos. Há que se levantar a cabeça e saber que o jogador que puser esta camisa vai ter que respeitá-la e saber tem que se reconstruir como um grande do futebol brasileiro. Pelo Atlético, passaram jogadores com muita história e qualidade. Nós temos que estar à altura. Se estivermos à altura, seguramente o processo caminhará. Se não estivermos, não caminhará”, finalizou.