Madrugada de 21 de fevereiro de 2020: presidente do Atlético, Sérgio Sette Câmara sai em defesa do técnico Rafael Dudamel e garante continuidade do trabalho, que começara havia pouco mais de um mês e meio.
Madrugada de 27 de fevereiro de 2020: seis dias depois de defender Dudamel, Sérgio Sette Câmara opta por demití-lo. Com o venezuelano, também deixam o clube o diretor de futebol Rui Costa, o gerente Marques e parte da comissão técnica.
Nas primeiras horas de 21 de fevereiro, Sette Câmara ironizou um repórter que o questionou sobre a possibilidade de demitir Dudamel. O Atlético havia acabado de ser eliminado para o Unión-ARG na primeira fase da Copa Sul-Americana, em pleno Independência.
“Essa pergunta aí é uma pergunta que... Vocês já estão derrubando o treinador? O que é isso? O treinador vai ficar. Não vamos, por conta de um mês de trabalho, que ainda está começando... A gente tem que entender que este é um trabalho de médio prazo que vai acontecer ainda este ano”, disse Sette Câmara, na ocasião.
Passados apenas seis dias, o Atlético teve mais uma queda vexatória em torneio mata-mata. Diante de um modesto Afogados - que disputará a Série D do Campeonato Brasileiro em 2020 -, apenas empatou por 2 a 2 e perdeu nos pênaltis por 7 a 6. O resultado no interior de Pernambuco eliminou o time alvinegro ainda na segunda fase da Copa do Brasil.
A eliminação para o Afogados, obviamente, pesou - e deveria mesmo pesar. Porém, a demissão de Dudamel escancara mais uma das várias contradições do discurso de Sérgio Sette Câmara desde que assumiu a presidência do Atlético, na reta final de 2017.
Ao defender a continuidade do trabalho de Dudamel em 21 de fevereiro, o mandatário alvinegro chegou a fazer alusão à passagem do técnico Jorge Sampaoli pelo Santos, em 2019.
“Quando, por exemplo, no ano passado, o Santos começou o ano, se não me engano, perdeu na semifinal do Paulista, foi eliminado na primeira fase da Sul-Americana, foi eliminado por nós na Copa do Brasil e teve um desempenho espetacular no Campeonato Brasileiro, porque o time foi evoluindo com o passar do tempo. Eles apostaram no trabalho do treinador. A mesma coisa nós vamos fazer aqui”, decretou o presidente.
Sob o comando do técnico argentino, o time paulista caiu de forma precoce no Campeonato Paulista (semifinal), da Copa Sul-Americana (primeira fase) e da Copa do Brasil (oitavas de final). No Campeonato Brasileiro, cresceu de rendimento e foi vice-campeão.
Dudamel não teve o tempo prometido por Sette Câmara. O venezuelano deixa o Atlético com números pífios e duas eliminações na conta. Em dez partidas sob o comando do venezuelano, o time venceu quatro jogos, empatou outros quatro e perdeu dois, um aproveitamento de 53,33% dos pontos disputados. A equipe marcou 13 gols e sofreu oito.