Um golzinho. Era o que separava o Atlético da decisão para os pênaltis contra o Unión no jogo de quinta-feira, pela primeira fase da Copa Sul-Americana, depois de derrota doída por 3 a 0 na Argentina. Mas o Galo, mesmo depois de ter volume de jogo e as melhores chances, não conseguiu ir às redes adversárias, comprovando o mau momento ofensivo da equipe em 2020.
O maior reflexo da queda de produção do ataque é o argentino Di Santo, cujos números na temporada estão muito aquém do esperado e não o manteria como titular em praticamente nenhuma outra equipe do país. Mas por que o argentino continua tão prestigiado no time alvinegro com o técnico Rafael Dudamel?
Se as estatísticas fossem determinantes, o gringo certamente perderia espaço no grupo. Nos oito jogos em 2020, ele quase não finalizou, participou pouco dos jogos e quase não deu sequência às jogadas, até mesmo nos cruzamentos na área (mesmo com seus 1,93m de altura). Mas, na atual temporada, Di Santo começou em sete das oito partidas, atuando por noventa minutos em cinco delas e marcando duas vezes. Ele só não esteve em campo no empate por 1 a 1 com o Tombense, partida em que Ricardo Oliveira foi titular. A fase ruim do o camisa 99 é um dos motivos pelos quais Di Santo continua sendo escalado pelo treinador – o último gol do experiente jogador, de 39 anos, foi em 10 de agosto do ano passado, diante do Fluminense, pelo Brasileiro. Outra opção para a função de centroavante, Bruno Silva sofreu lesão muscular na coxa esquerda e está inativo.
O gringo vive relação ruim com a torcida, recebendo críticas em praticamente todos as partidas. Diferentemente dos companheiros, que tiveram seus nomes gritados antes do jogo com o Unión, ele recebeu cobranças. Depois da partida, deixou o Independência sem dar declarações.
Pela facilidade de comunicação em castelhano, Di Santo também ganha pontos com Dudamel, ajudando a transmitir o diálogo do treinador com o grupo. Não é por acaso que o camisa 26 foi o capitão da equipe na derrota por 3 a 0 para o Unión, na Argentina, mesmo com Réver e Fábio Santos em campo. No jogo no Horto, Di Santo por várias vezes tentou se comunicar com a arbitragem para reclamar de faltas do time argentino.
Apesar da fase ruim, Dudamel diz continuar confiando na capacidade do atacante, que tem experiência de mais de 10 anos no futebol europeu – jogou por Chelsea, Blackburn, Wigan, Werden Bremen, Schalke e Rayo Vallecano. O treinador também considera Di Santo um jogador com disposição em aprender e evoluir: “Conversamos muito com Franco, sabemos e conhecemos sua capacidade, esperamos e necessitamos mais dele. Ele está consciente. Ele conhece e entende que o rendimento de um atacante se mede por gols. Ele está trabalhando com muita consciência para melhorar”.
Dudamel habitualmente gosta de times com centroavantes fixos, até para explorar os cruzamentos na área adversária. Questionado recentemente se poderia abrir mão do camisa 9 habitual, o treinador foi direto: “Não é minha característica”. Essa opção do comandante também ajuda o estrangeiro a ter prestígio na equipe.
Reserva iminente Com o retorno de Diego Tardelli, é praticamente certo que o argentino perderá a posição. O brasileiro vai demorar pelo menos mais 10 dias para concluir a programação estabelecida pela comissão técnica e entrar no ritmo dos demais. Enquanto isso, Di Santo terá tempo para melhorar suas atuações e ser útil para a equipe – a tendência é que ele entre em campo como titular contra o Afogados, quarta-feira, pela Copa do Brasil.
Numa entrevista, Dudamel deixou claro que pode escalar Tardelli como segundo atacante, num possível esquema com ele e o gringo juntos. Com contrato até dezembro, o argentino, em tese, teria poucos meses para fazer as pazes com o torcedor e não deixar o clube pela porta dos fundos.
Números de Di Santo em 2020
1 x 0 Uberlândia (f) – Mineiro
89 minutos jogados
1 finalização certa 0 finalização errada
0 cruzamento certo 1 cruzamento errado
1 falta recebida 0 impedimento
5 x 0 Tupynambás (c) – Mineiro
61 minutos jogados / 1 gol
1 finalização certa 0 finalização errada
0 cruzamento certo 0 cruzamento errado
0 falta recebida 1 impedimento
0 x 0 Coimbra (f) – Mineiro
90 minutos
0 finalização certa 1 finalização errada
0 cruzamento certo 2 cruzamentos errados
0 falta recebida 1 impedimento
0 x 3 Unión-ARG (f) – Sul-Americana
90 minutos
1 finalização certa 0 finalização errada
1 falta cometida 2 faltas recebidas
0 cruzamento certo 0 impedimento
1 x 0 URT (f) – Mineiro
90 minutos / 1 gol
3 finalizações certas 0 finalização errada
0 cruzamento certo 1 cruzamento errado
4 faltas recebidas 0 impedimento
0 x 0 Campinense (f) – Copa do Brasil
90 minutos
0 finalização certa 0 finalização errada
0 cruzamento certo 1 cruzamento errado
1 falta recebida 1 impedimento
1 x 2 Caldense (c) – Mineiro
28 minutos jogados
0 finalização certa 0 finalização errada
0 cruzamento certo 1 cruzamento errado
0 falta recebida 0 impedimento
2 x 0 Unión-ARG (c) – Mineiro
90 minutos
0 finalização certa 1 finalização errada
0 cruzamento certo 1 cruzamento errado
1 falta recebida 3 impedimentos