Dispensado pelo Atlético na última sexta-feira, o atacante Maicon Bolt acionou a Justiça do Trabalho para solicitar rescisão indireta com o clube e cobrar valores que receberia até o fim de 2021. O processo, que se encontra em segredo judicial, foi noticiado inicialmente pelo Globoesporte.com e confirmado pelo Superesportes.
Na ação, Bolt ainda cobra salários atrasados, “luvas” (premiação por assinatura de contrato), direitos de imagem, entre outros pedidos. Notificado pelo clube sobre a rescisão, o atleta alega que tem direito a receber seus vencimentos até o fim de 2021, quando originalmente se encerraria o contrato. O Atlético, porém, entende que o vínculo acabaria em 2020.
Advogado de Bolt, Filipe Rino alega que o contrato ia até 2021 e contava com uma cláusula que concedia ao Atlético o direito de encerrar o vínculo antecipadamente caso o jogador disputasse menos de 50% das partidas em 2020. O representante do atleta, porém, diz que o clube só poderia exercer esse direito em dezembro deste ano, não em fevereiro.
“O contrato dele vai até 31 de dezembro de 2021. Havia no contrato uma cláusula dizendo que em dezembro de 2020, no final do ano, daqui dez meses, se ele tivesse jogado menos de 50% das partidas em 2020, o Atlético poderia optar por rescindir o contrato em 2020. Porém, o Atlético fez isso antes. Poderiam usar essa cláusula em dezembro de 2020, não em fevereiro de 2020. Então, essa cláusula não tem validade”, disse, ao Superesportes.
O Atlético ainda não foi notificado da ação impetrada por Maicon Bolt. A reportagem entrou em contato com o vice-presidente do clube, Lásaro Cândido da Cunha. O dirigente informou que não se pronunciaria a respeito do caso.
Trajetória no Atlético
Maicon Bolt, de 30 anos, foi contratado pelo Atlético em janeiro de 2019. Livre no mercado, o atacante revelado pelo Fluminense voltou ao Brasil após quase dez anos na Europa, onde atuou por Lokomotiv-RUS e Antalyaspor-TUR. Apesar da grande expectativa, o jogador não conseguiu render com a camisa alvinegra.
Em 28 jogos (nove como titular), marcou dois gols e deu cinco assistências. O desempenho discreto, aliado ao alto salário, fez com que o Atlético decidisse romper o vínculo com Maicon Bolt. Ao longo do período em que defendeu o clube alvinegro, o jogador recebeu 100 mil euros mensais (R$ 476 mil na cotação atual) - um dos maiores vencimentos do elenco.
Desde o fim de 2019, a diretoria alvinegra buscava soluções para o caso. O atacante chegou a negociar com o CSA, mas o alto salário foi empecilho. Sem encontrar um novo clube, Bolt foi reintegrado ao elenco e chegou a participar do segundo tempo da vitória por 1 a 0 sobre o Uberlândia, na estreia do Atlético na temporada. Depois, sofreu lesão muscular na coxa esquerda e virou desfalque.
Recuperado do problema físico, voltou aos treinos com o restante do elenco atleticano na última semana. Porém, poucos dias depois, foi notificado oficialmente pela diretoria que teria contrato rescindido pelo clube. Então, despediu-se dos companheiros e levou o caso à Justiça, já que considera não ter recebido do Atlético o valor a que tem direito.