“Comecei a escrever essa carta para vocês, atletas do Galo, mas percebi que é uma carta que precisa ser dirigida para toda a sociedade. Sempre representei a alegria e jamais tive a intenção de constranger alguém, mas os tempos mudaram. E inda bem que mudaram. Peço desculpas de coração. Falo sobre reconhecer um erro, se arrepender e mudar.Não é da boca para fora, é porque realmente aprendi. Sei que aprendi de uma forma difícil, mas acredito que posso evoluir. E essa é uma grande oportunidade para que todos nos possamos melhorar e entender que o respeito está acima de tudo”, diz a carta.
Emocionada, Vitória desabafou sobre o episódio e relatou que recebeu mensagens machistas distorcendo a situação. “Tanto aqui como em outros clubes isso não pode acontecer. Vivemos num mundo machista. Nas minhas redes sociais, falaram que eu sorri para você mexer comigo, que eu fiquei com graça, que eu bati palma para você. Eu, Vitória Calhau, desculpo. Mas isso não pode mais se repetir aqui ou em qualquer outra equipe”, disse a jogadora, bastante aplaudida pelas companheiras.
Entenda o caso
O Atlético apresentou à torcida, no domingo, o atacante Diego Tardelli junto das atletas do time feminino no intervalo da partida contra a Caldense, no Mineirão. Durante o evento, a mascote pegou a mão da zagueira Vitória Callhau e a rodou para exibir o corpo dela. Na sequência, ele esfregou as mãos, passando-as na boca.
A repercussão da cena machista na imprensa e nas redes sociais fez o clube alvinegro emitir uma nota de repúdio ao gesto do Galo Doido. O funcionário foi afastado inicialmente. No dia seguinte, em entrevista à ESPN, a jogadora de 19 anos disse ter se sentido um “objeto sexual” e que chegou a ficar com vergonha de ir aos treinos do Atlético em função do ocorrido.
Nessa quarta, ao canal SporTV, Nina Abreu, coordenadora de futebol feminino do Atlético, disse que a mascote já havia se desculpado com Calhau e que havia sido orientado.
”Foi uma infelicidade pontual do nosso funcionário, que já foi advertido. Ele está sendo devidamente orientado. Vale ressaltar que ele é um dos funcionários mais queridos. Não adianta pegarmos uma pessoa que errou e fazer dela mais uma revoltada no sistema. Precisamos dar as mãos, admitir que erramos, pedir o perdão, sermos perdoados e, a partir daí, ver o que conseguimos fazer de pró-ação”, declarou Nina.