Não é novidade para os torcedores dizer que os clubes brasileiros vivem uma realidade financeira delicada, que os obriga a se movimentar nos bastidores para honrar os compromissos com os jogadores. Com o Atlético não é diferente. Uma das saídas tem sido negociar atletas – sejam da base ou mesmo os adquiridos de outras equipes nas últimas temporadas. Do grupo alvinegro que terminou 2019, pelo menos oito têm potencial de venda.
Ao firmar acordo com o volante Allan, de 22 anos, destaque do Fluminense no ano passado, a diretoria busca lucrar no futuro todo o investimento de quase R$ 14 milhões na compra dos direitos do jogador junto ao Liverpool. O Galo aposta que ele terá visibilidade e poderá se transferir para um mercado ainda mais competitivo. Com esse objetivo, os dirigentes também trouxeram da Colômbia o armador Dylan Borrero, de 18 anos, que estava no Independiente Santa Fe e já vem como aposta no profissional. Monitorado por gigantes do futebol europeu, ele é visto como grande potencial de venda.
O técnico venezuelano Ricardo Dudamel terá papel importante no processo de maturação desses jovens. “Nossos jogadores têm seu valor esportivo, mas alguns têm valor de venda de mercado. Todos são importantes. Quem veste a camisa do Atlético é importante. Mas é isso que sustentará o clube. Essa modificação de perfil do grupo é algo fundamental para nossa gestão. Queremos fazer a base produzir para que possamos vender, nos sustentar, e depois continuar investindo no futebol”, afirma o diretor de futebol Rui Costa. O Atlético estima arrecadar R$ 100 milhões em 2020 com vendas de atletas.
Além das contratações de Allan, Dylan Borrero e do lateral-direito Mailton, de 21 anos, o clube poderá arrecadar com outros atletas. Valorizado pelas boas atuações no Brasileiro e na Seleção Sub-23, o goleiro Cleiton é uma das maiores apostas – já recebeu proposta do Bragantino, mas o valor de R$ 13,2 milhões foi negado pela diretoria. Outro jogador que poderá deixar o Atlético rumo ao exterior é o zagueiro Igor Rabello, de 23, que teria recebido sondagem de um clube russo no ano passado. O lateral-direito Guga, os também zagueiros Maidana e Gabriel, o volante Jair, o armador Cazares e o atacante Marquinhos estariam ainda na lista de negociáveis do Atlético.
Valorização
Principal contratação para a temporada, Allan fez o caminho contrário da maioria dos atletas que sonha se transferir para a Europa: revelado no Internacional, ele esteve no poderoso Liverpool – ganhou elogios do técnico Jurgen Klopp – e em seguida teve passagens por outros times menos tradicionais do continente, como Hertha Berlin e Eintracht Frankfurt, ambos da Alemanha, além de fazer bom ano no Fluminense em 2019. Mas, ao fechar com o Atlético, o jogador tenta dar um passo a mais na carreira e buscar nova valorização. “Pela grandeza do clube e pelo projeto que o Rui passou, eu adorei. Quero fazer parte da reconstrução do Atlético. Tive um bom ano no Fluminense. Quando cheguei lá, ninguém me conhecia, mas o Fernando Diniz (técnico) me ajudou muito. Quero repetir esse desempenho e buscar coisas grandes”.
Em 2018, o Galo teve êxito ao contratar o lateral-direito Emerson, então aos 18 anos, junto à Ponte Preta, por R$ 8 milhões. Ele ganhou a posição de titular, chamou a atenção de Barcelona e Bétis, que investiram R$ 50 milhões em sua contratação. Em dezembro, o clube arrecadou mais de R$ 40 milhões nas vendas dos atacantes Alerrandro (Bragantino), de Luan (V-Varen Nagazaki) e de Chará (Portland). Com os recursos, entrou em 2020 sem débitos com o grupo.