Depois da negativa de Sampaoli, o treinador favorito para assumir o futebol do Atlético é Rafael Dudamel, atual comandante da Seleção Venezuelana. O técnico esteve reunido com o presidente Sérgio Sette Câmara em São Paulo nesta semana. A informação foi antecipada pela rádio Itatiaia.
O que pode facilitar a negociação é o interesse de Dudamel em assumir um time grande da América do Sul, além das rusgas dele com a Federação Venezuelana de Futebol (FVF).
A relação de Dudamel com dirigentes locais acirrou-se nos últimos meses. Em março, o treinador questionou o nível de profissionalismo da federação. Em amistoso contra a Catalunha, a empresa italiana Givova não entregou os uniformes da Seleção Venezuelana.
A saída da fornecedora foi ir a uma loja e comprar camisas, shorts e meiões da mesma cor da Venezuela. Foram usados materiais da empresa Quechua. Escudos e marcas foram colados de última hora no uniforme.
Hier, le Venezuela jouait en amical contre la sélection de Catalogne.
%u2014 Decathlon (@Decathlon) March 26, 2019
Hier, le Venezuela devait être en galère de maillots.
Hier, le Venezuela a donc joué son match avec des tee-shirts @Quechua déguisés %uD83D%uDE2D pic.twitter.com/ncsnIH2yrV
Fontes ouvidas pelo Superesportes disseram que Dudamel comentou nos bastidores que era impossível fazer o futebol venezuelano crescer com tamanho amadorismo. Principal jogador da Venezuela, o atacante Salomón Rondón chegou a protestar publicamente no Twitter. A FVF fingiu que nada aconteceu e não se posicionou publicamente. A Givova emitiu uma nota pedindo desculpas.
%uD83D%uDEAB Givova pic.twitter.com/3YSFTiUUck
%u2014 Salomón Rondón (@salorondon23) March 25, 2019
Dudamel tem contrato com a Seleção Venezuelana até 2022. Depois do episódio na Espanha, o relacionamento do treinador com o vice-presidente da FVF, Jesús Berardinelli, piorou. “Eles têm problemas relacionados a comissões e agenciamento de jogadores. Hoje, há uma guerra fria entre os dois. Um relacionamento de aparência”, garantiu uma fonte.
O que ameniza a situação é o fato de Dudamel não precisar dar expediente na Venezuela. O treinador reside em Cali, na Colômbia. Ele é ex-jogador do América de Cali e do Deportivo Cali.
A reportagem apurou que o contrato de Dudamel pode ser rompido sem multa em alguns casos. Isso facilitaria a saída do treinador.
Salário
As informações sobre os salários do treinador são desencontradas. Fontes ouvidas pela reportagem disseram que o treinador recebe cerca de 1 milhão de dólares (R$ 4 milhões) por ano e bônus. O valor poderia chegar a 2 milhões de dólares por ano (R$ 8 milhões).
Durante a Copa América deste ano, um veículo equatoriano chegou a informar os vencimentos de todos os treinadores, colocando o salário de Dudamel na casa dos 400 mil dólares por ano (R$ 1,6 milhão).
No fim deste ano, quando o Santos se interessou em Dudamel, o Globoesporte noticiou que o venezuelano recebe o dobro que Sampaoli ganhava no comando do clube praiano: 3 milhões de dólares por ano (cerca de R$ 1 milhão por mês). Esse valor só seria viável para o Atlético caso tenha o apoio de parceiros.
Resultados
Dudamel assumiu a seleção principal em 2016, substituindo Noel Sanvicente.
Sob o comando do treinador, a Venezuela conseguiu vitórias históricas, como o triunfo por 3 a 1 sobre a Argentina em amistoso em março deste ano. Na última Copa América, a equipe de Dudamel caiu nas quartas de final.
O desempenho nas Eliminatórias para a Copa do Mundo da Rússia foi frustrante. A Venezuela ficou na última posição, com 12 pontos.
Futebol
O futebol que Dudamel prega na Seleção Venezuelana não é nem de perto o que Sampaoli colocou em prática no Santos. Essa é a visão de jornalistas venezuelanos ouvidos pela reportagem.
Logo, os alvos preferidos do Galo não têm perfis semelhantes.
Dudamel, aliás, é criticado pelo estilo da Seleção Venezuelana. “É verdade que retomou a competitividade de seleção outra vez, mas está muito baseado em um jogo pouco fluido, com ligação direta e pelas beiradas”, disse um jornalista, que preferiu não ser identificado.
“Inclusive, ele chegou a declarar que os jogadores venezuelanos não gostam de jogar com a bola nos pés, apenas atuar na defesa. Depois disso, vários ex-jogadores e jornalistas fizeram criticas duras a ele, que já não tem o apoio de todos como tinha antes”, acrescentou.