Com a demissão de Rodrigo Santana na noite desse domingo, depois da derrota do Atlético para o Grêmio, por 4 a 1, o Campeonato Brasileiro chega a nove trocas de treinador em 17 dias. A contar de 26 de setembro, São Paulo, Cruzeiro, Fortaleza, Fluminense, Ceará, Botafogo, Internacional, Avaí e o Galo mudaram o comandante. Isso representa quase metade dos 20 times da Série A. Levando em conta toda a competição, são 19 trocas em 25 rodadas. Grêmio, Corinthians, Bahia, Athletico-PR e Santos são as exceções. Renato Gaúcho, Fabio Carille, Roger Machado, Tiago Nunes e Jorge Sampaoli estão no cargo desde o início.
Curiosamente, em fevereiro, o Atlético foi o único entre os 20 clubes que votou a favor da proposta que limitava a uma a quantidade de demissões no Campeonato Brasileiro. Na época, o vice-presidentel Lásaro Cândido da Cunha justificou assim a postura do Galo.
“Em relação à proposta que limitava a demissão de técnicos na competição, votou o Atlético por sua aprovação com algumas ressalvas e ajustes, demissão do próprio técnico, doença ou demissão por justa causa. Considerou o Atlético que trocas de técnicos durante a competição não melhoram o futebol, há que se romper essa ‘cultura’ de mudança de técnico como ‘solução’ para o desempenho dos clubes”, escreveu o dirigente na conta pessoal no Twitter.
É a segunda vez que o Galo demite o treinador neste ano. Em abril, Levir Culpi perdeu o emprego após sofrer goleada por 4 a 1 para o Cerro Porteño-PAR, pela fase de grupos da Copa Libertadores da América. A contar de 2015, ou seja, em quatro anos, passaram pelo clube Levir Culpi (duas vezes), Diogo Giacomini (interino), Diego Aguirre, Marcelo Oliveira, Roger Machado, Rogério Micale, Oswaldo de Oliveira, Thiago Larghi e Rodrigo Santana.
Na época da discussão do projeto, o Galo foi voto vencido no Conselho Técnico da CBF. O Flamengo defendeu a manutenção da liberdade dos clubes para trocarem de técnico quantas vezes quiserem. O líder da Série A trocou Abel Braga por Jorge Jesus nesta temporada.
“A proposta do Flamengo, aprovada pelos clubes com voto contrário do Atlético, que dá liberdade total aos clubes para mudanças de técnico sem qualquer regra, não contribui para evolução do futebol praticado no país. As competições do futebol devem ser moduladas por regras com imposição de limite de trocas de atletas e técnicos, inspiradas inclusive no fair play financeiro e desportivo”, acrescentou Lásaro Cândido.
. Trajetória
Contratado para dirigir o time sub-20, Rodrigo Santana assumiu interinamente a equipe profissional após a demissão de Levir Culpi, em abril. Logo de cara, teve pela frente as finais do Campeonato Mineiro - perdidas para o Cruzeiro - e jogos decisivos da fase de grupos da Copa Libertadores, na qual o Atlético foi eliminado.
O bom início no Campeonato Brasileiro e a acentuada melhora de desempenho da equipe em campo acalmaram os ânimos e deram força para Rodrigo Santana seguir interinamente no cargo após as recusas de Tiago Nunes e Rogério Ceni. Ainda no primeiro semestre, o Atlético avançou de fase na Copa Sul-Americana e na Copa do Brasil.
Rodrigo Santana foi efetivado em 24 de junho, quando o calendário de jogos do futebol nacional foi paralisado para a disputa da Copa América. A volta reservou problemas para a equipe. Nas quartas de final da Copa do Brasil, foi eliminada pelo arquirrival Cruzeiro. A queda aumentou a pressão no treinador.
No Campeonato Brasileiro, as coisas começaram a desandar na segunda metade de agosto. Nos últimos 11 jogos, foram apenas quatro pontos conquistados. O time deixou o G4 e agora está perto da zona de rebaixamento. A classificação à semifinal da Sul-Americana e o bom desempenho - apesar das derrotas - em algumas partidas da Série A deram sobrevida ao técnico.
Após a eliminação na Copa Sul-Americana e a sequência da fase ruim no Brasileiro, o Atlético, que bancava a permanência do treinador até o fim do ano, mudou de ideia e decidiu pela saída do comandante.
Rodrigo Santana dirigiu o Atlético em 41 jogos, 18 vitórias, seis empates, 17 derrotas e um aproveitamento de 48,7% dos pontos disputados. Foram 50 gols marcados e 50 sofridos no período.