Torcedores do Colón-ARG devem encher estádio contra Atlético (Foto: MARCELO MANERA/AFP)
Quem vai a Santa Fé, na Argentina, depara-se com uma cidade rodeada por água. Da pesca, os mais humildes retiram o sustento. E é dessa importante atividade econômica que surgiu uma curiosa história do Colón-ARG, adversário do Atléticona semifinal da Copa Sul-Americana.
As espécies mais encontradas no rio Salado - que fica nas proximidades do estádio onde será disputada a partida nesta quinta-feira - são pacú, patí, surubí, boga, dourado e sábalo. Esta última variante deu origem a um dos apelidos do Colón-ARG: ‘Sabalero’. A denominação foi criada de forma pejorativa, como forma de tentar menosprezar a humildade dos pescadores ligados ao clube.
Há várias versões sobre o surgimento desse apelido, posteriormente adotado com orgulho pelo clube, que tem raízes populares. “Antigamente, eles pagavam ingressos com peixes, especialmente o sábalo. Ser pescador é sinônimo de humildade, de trabalho, e por isso também são orgulhosamente torcedores rojinegros” conta ao Superesportes o jornalista Diego Meloni, da Equipe de Investigação Histórica do Colón-ARG.
Outras duas versões aparecem na internet. Uma delas conta que o primeiro campo do Colón-ARG ficava próximo ao rio Salado, e a maioria dos torcedores era composta por pescadores do sábalo. A outra sugere que o local onde os garotos fundadores do clube foi inundado. Os peixes, então, eram tirados diretamente da área que originalmente era destinada ao futebol.
Quando o Colón-ARG buscava afirmação no cenário nacional, a torcida se fez presente. Em 18 de dezembro de 1965, foi campeão da Segunda Divisão e se tornou o primeiro clube de Santa Fé a subir para a elite argentina - na qual permaneceu até 1981. Fotos da época mostram os mais humildes montados em cavalos a caminho do estádio (veja abaixo).
Torcedores chegavam a cavalo para jogos do Colón-ARG (Foto: Reprodução)
'Negro' x 'Tatengue'
‘Sabalero’ não é a única denominação inicialmente criada com viés pejorativo para o Colón-ARG. Conta-se que o apelido ‘negro’ - também em referência às raízes populares do clube - foi criado de forma desrespeitosa por torcedores do rival Unión-ARG, fundado pela classe aristocrática da cidade.
“Embora tenham, em ambos os casos, sido impostos (não há datas precisas sobre o momento em que apareceram) de forma desrespeitosa, para os torcedores são motivo de orgulho, pela simples razão de que a maioria deles pertencem aos setores mais humildes da cidade. Seus torcedores vêm de classes sociais não endinheiradas ou com grandes recursos. Negro é uma palavra que na cultura argentina pode ser usada como insulto ou algo carinhoso, por isso não é um xingamento chamá-los assim”, diz Diego Meloni.
Os 'sabaleros' passaram, então, a chamar os torcedores do Unión-ARG de ‘tatengues’. Essa denominação faz referência às pessoas de classe alta da sociedade santafesina. 'Negro' foi adotado com orgulho pela torcida do Colón-ARG, que faz menção aos apelidos em música: "Eu te amo, Sabalero, e sempre vou te acompanhar. Vou a qualquer estádio, vou onde você quiser ir. O Negro é um sentimento que se leva no coração, juro que daria minha vida para te ver campeão".
Casa cheia
A expectativa é por público de pelo menos 30 mil torcedores ‘sabaleros’ no jogo de ida contra o Atlético. “A cidade está agitada, há pessoas por todos os lados. Os ingressos estão sendo vendidos num ritmo realmente interessante. Sobram poucos ingressos. Há muita expectativa pela partida contra o Atlético. As pessoas estão realmente ansiosas, esperando por este encontro”, relatou o jornalista Emmanuel Ale, da Rádio Cadena 3.
Atlético e Colón-ARG se enfrentam no Estádio Brigadier General Estanislao López - outrora conhecido como Estádio Eva Perón, em referência à líder política argentina que é símbolo de lutas sociais. A partida está marcada para 21h30 desta quinta-feira. A volta será na quinta seguinte, no mesmo horário, no Mineirão.
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