Aos 32 anos, o volante Adilson anunciou, na tarde desta sexta-feira, na Cidade do Galo, a aposentadoria precoce do futebol por conta de cardiomiopatia hipertrófica - problema cardíaco que poderia gerar arritmia cardíaca e, eventualmente, morte súbita. O jogador do Atlético, que estava afastado das atividades com o restante do elenco desde a última semana, fez um pronunciamento na tarde desta sexta-feira, na Cidade do Galo. Além dele, estavam presentes o cardiologista Haroldo Aleixo, o diretor médico do clube, Rodrigo Lasmar, o diretor de futebol Rui Costa e parte do elenco de jogadores.
Adilson agradeu ao grupo e ao clube e disse que não detectou nenhum sintoma. "Não preparei nada em especial. Vim aqui agradecer todo o apoio, todo o suporte do departamento médico, do presidente. Agradecer essa rapazeada que está aqui. É isso o que nos fortalece. Eu agradeço todos vocês por tudo o que vocês têm feito. Não só por este momento, mas por tudo o que passamos pelos últimos anos. A relação comigo foi sempre de muito respeito e apoio", disse o agora ex-jogador, que seguirá no clube.
Ele se emocionou e foi abraçado pelo lateral Patric. "Minha filha vai nascer agora no dia 22. Tenho muitos motivos para seguir e ser feliz", disse. O cardiologista Haroldo Aleixo explicou a doença. "Fizemos uma avaliação na intertemporada que caracterizou uma cardiomiopatia, uma doença cardíaca que o impede de seguir como atleta profissional de futebol", disse.
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Aleixo ainda explicou quais serão os próximos procedimentos. "A partir desse momento, nossos primeiros cuidados foram discutir com outros dois médicos sobre diagnóstico e conduta. Houve uma unanimidade em relação à conduta, definir por abreviar a continuidade da carreira do Adilson como atleta de futebol."
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O cardiologista esclareceu como foi detectado o problema. "O atleta passa por algumas avaliações protocolares estabelecidas na literatura internacional. Isso foi feito desde o início, porém o Adilson tinha algumas características específicas que nos faziam ter um cuidado especial em monitorá-lo. Essas baterias de exames são refeitas periodicamente, conforme determinado pela literatura médica da cardiologia do esporte. Dentro dessas várias baterias de exames, em todas elas - exceto nessa última - o que se constatou é que ele estava perfeitamente apto para a prática do futebol, sem riscos. Nessa última avaliação, identificamos a cardiomiopatia hipertrófica, que o impede de seguir jogando com segurança".
O diretor Rui Costa esclareceu como o jogador seguirá no clube. "A questão contratual do Adilson é secundária. A determinação do presidente Sérgio Sette Câmara é que o cuidado seja o lado pessoal. Não nos preocupa valores. Ele vai estar conosco por opção dele e por pedido nosso. Vai experimentar experiências que possam deixar ele aqui conosco. Se ele vai querer ficar na comissão técnica ou outra coisa. Não abrimos mão do Adilson aqui. Ele vai ter seus direitos garantidos. Não nos interessa centavos, seguro. Queremos ele aqui conosco. Não interessa contrato, prazo".
CONTRATO
Adilson tem contrato com o Atlético até o fim de 2020. Ele chegou ao clube em março de 2017, depois de passagem pelo Terek Grozny, da Rússia. O camisa 21 alvinegro atuou 99 vezes pelo Galo e marcou dois gols. Como atleticano, o volante conquistou o Campeonato Mineiro de 2017.
Natural de Bom Princípio, no Rio Grande do Sul, Adilson começou a carreira no Grêmio, onde fez sua estreia como profissional em 2007. No Tricolor, conquistou os Campeonatos Gaúchos de 2007 e 2010, disputando 165 partidas.
Em 2011, Adilson foi negociado com o Terek Grozny. No clube russo, onde permaneceu até 2017, o volante atuou 101 vezes.