Vice-presidente do Atlético, Lásaro Cândido da Cunha defendeu o modelo de negócio proposto para a Arena MRV. O dirigente se disse certo de que, ao contrário de outros exemplos no Brasil, o estádio dará lucro e mudará o clube de patamar.
“O projeto do Atlético é completamente diferente de todos os estádios. O projeto do nosso estádio é multiuso. Tudo, mas rigorosamente tudo, seria receita do Atlético”, disse, em entrevista ao Superesportes (se não conseguir ver o vídeo, clique aqui).
Segundo Lásaro, a possibilidade de arrecadar com estabelecimentos no entorno do estádio - como bares, lojas, museu, por exemplo - será o grande diferencial da arena alvinegra em relação aos “concorrentes” em Belo Horizonte.
“No nosso estádio, o churrasquinho, os naming rights setoriais, tudo (será do Atlético). Podemos fazer museu, eventos, shows, poderíamos ter um hotel. O estádio permite que Belo Horizonte entre na agenda de shows do Brasil”, defende.
O modelo proposto pelo Atlético despertou o interesse da WTorre, administradora do estádio Allianz Parque, do Palmeiras. “Quando (a WTorre) viu o nosso projeto de estádio, queria rapidamente fazer uma parceria com a gente para que Belo Horizonte virasse o polo de shows, inclusive shows internacionais”, frisa.
As obras ainda não começaram e estão atrasadas em relação à data estabelecida 2017, quando o projeto do estádio foi aprovado pelo Conselho Deliberativo. A princípio, a arena seria inaugurada no final de 2020. A previsão atual é que a construção acabe no fim de 2021 ou no início de 2022.
“Concorrentes”
Lásaro comparou o que virá a ser a Arena MRV com os outros estádios de Belo Horizonte. “O Independência, por exemplo, tem apenas o campo. Você não tem nada. O Mineirão não tem esse modelo (da Arena MRV). O entorno dele tem só shows”, disse, ao reforçar que o projeto alvinegro envolve outras vias de arrecadação nas áreas externas.
Na sequência, o vice do Atlético subiu o tom das críticas ao falar do modelo de negócio e de concepção do Mineirão pós-reforma para a Copa do Mundo de 2014. “O Mineirão é inviável. É um estádio que foi reformado, mas o custo para sua movimentação é elevadíssimo. Quer dizer, é uma ignorância completa. Nós fizemos estádios para a Copa, sendo que a gente vive a Copa uma vez na vida. Então, os estádios modelo Fifa servem para eventos modelo Fifa, mas não servem para nossa situação”, finalizou.
Leia, na íntegra, as declarações de Lásaro Cândido da Cunha sobre o tema
O que garante que a Arena MRV será rentável de acordo com suas estimativas?
“A diferença é completa (em relação a outros estádios brasileiros que não dão lucro). O projeto do Atlético é completamente diferente de todos os os estádios, inclusive o do Inter. O Inter tem apenas o estádio, só. Esse projeto não tem jeito. Não precisa ir longe. Na Europa, os estádios com essas características de ser apenas um estádio (sem explorar o entorno) estão inviabilizados. Estão, inclusive, explodindo e construindo de novo. O projeto do nosso estádio é multiuso. Vamos ter facilidades, por exemplo, para instalação de equipamentos de shows para 5 (mil), 10 (mil), 20 (mil) e 30 (mil) e instalação em um dia. O equipamento vai ser instalado nas arquibancadas, mas já tem toda uma estrutura de som. Não precisa de nenhuma modificação, está completo. Tem todo acesso é viabilizado para chegada de caminhões e equipamentos. O estádio permite que Belo Horizonte entre na agenda de shows, que não existe hoje, do Brasil. Temos empresas interessadas em função do projeto do estádio, em que o Atlético traria a agenda de shows e eventos de toda natureza para Belo Horizonte. Isso somado ao que vamos captar de todo o entorno resulta nessa receita, para ser bem conservador. O estudo está pronto. O Independência, por exemplo, tem apenas o campo. Você não tem nada. O Mineirão não tem esse modelo (da Arena MRV). O entorno dele tem só shows ali próximos. No nosso estádio, o churrasquinho, isso mais isso, os naming rights setorial, tudo (será do Atlético). O Mineirão não permite que você faça shows, por exemplo, internos. Permite, mas você tem que ter um tempo muito grande para adaptação. Além disso, é um estádio que foi reformado, mas o custo para sua movimentação é elevadíssimo. Quer dizer, é uma ignorância completa. Nós fizemos estádios para a Copa, sendo que a gente vive a Copa uma vez na vida. Então, os estádios modelo Fifa servem para eventos modelo Fifa, mas não servem para nossa situação. Nós temos dados, comprovação, exemplos em vários clubes europeus que se conseguirmos - e aí é preciso dizer isso, pois temos várias etapas a serem cumpridas - todas as autorizações e a concretização desse sonho, o estádio do Atlético vai permitir, inclusive, a construção de um hotel, lá vai ter restaurantes, visitas e pode eventualmente construir a sede. Vai fazer um complexo que diminuirá e muito o custo em relação ao faturamento. Dentre várias empresas que contactamos, teve a WTorre, que explora os shows em São Paulo, especialmente no Allianz Parque e outros eventos no Brasil. Ela quando viu o nosso projeto de estádio, queria rapidamente fazer uma parceria com a gente para que Belo Horizonte virasse o polo de shows, inclusive shows internacionais. Belo Horizonte não existe hoje (na rota de shows). Aí a gente teria como fazer a instalação e modificação de um dia. No dia seguinte, poderemos ter futebol sem problema algum. Podemos fazer museu, eventos, shows, poderíamos ter um hotel. Futuramente, você pode, por exemplo, hospedar lá, oferecer hospedagem a quem vem para cá. Tem todo um arsenal de possibilidades de ganho. Tudo, mas rigorosamente tudo, seria receita do Atlético. É um sonho devidamente registrado tecnicamente. Se viabilizado, o Atlético mudará completamente de patamar. Tem muita gente que pergunta a respeito do Mineirão. O Mineirão é inviável. Gastaram R$ 690 milhões. Hoje, mais de R$ 1 bilhão. Além do estádio completamente incompatível para exigências para esse novo mercado do mundo do futebol. Quanto à questão de ingressos populares, nós temos que separar espaços - e espaços dignos - populares. Você pode fazer diversas faixas de sócio-torcedor, por exemplo, em que a pessoa paga R$ 10 por mês. É importante. Termos o estádio cheio vai fazer com que a gente possa, por exemplo, comercializar os jogos para a Ásia. O mercado desenha que você precisa ter público. Você pode fazer torneios. Acho que a expectativa do nosso torcedor é grande e ela é realmente concreta, porque a gente mudaria completamente de patamar. Eu lembro muito bem que o Mineirão, quando começou a ser concebido, a reforma do Mineirão, fomos chamados a fazer uma avaliação prévia das iniciativas que o governo queria para o Mineirão. Na hora que nós vimos, tinha uma determinação, segundo o governo, do Ministério Público, que os clubes não poderiam participar da gestão. Então, façam lá o que querem fazer, e o Atlético tomará outro rumo. Mesmo porque era inviável dentro deste projeto todo, em que um jogo só não é praticamente nada dentro do contexto que você consegue captar, e tudo o que gira nesse entorno”.
Ingressos populares
“Por exemplo, no estádio, a gente pretende criar espaços populares. O futebol brasileiro está elitizado de uma forma aterrorizante. Nós tiramos o povo dos estádios. Como nós vamos fazer isso? Não é com estádio de Copa, que se gasta milhões só para ligar. Acaba de acontecer um relatório da Copa América em que o Mineirão teve, nesses jogos, seis milhões e pouco de lucro, e sete milhões de gastos. Então, se nós conseguirmos, e acredito que vamos conseguir, ter o nosso estádio, vamos ter condições de ter, primeiro, um estádio quitado. Nosso projeto é completamente diferente dos outros estádios. ‘Ah, mas não é perigoso?’ Não. Um estádio quitado. Tem muitas etapas ainda para vencer. Mas, nós teremos lá, em torno de 15 a 20 mil que são ingressos populares. Porque nós queremos o nosso povo, a nossa massa, a nossa torcida lá. Quem pode pagar vai ficar lá no camarote. Quem quer pagar. Mas todo o entorno do estádio, tudo vai ser revertido em renda para o clube. E tudo reinvestido no objetivo todo do clube, que é um clube de futebol profissional, que deve envolver futebol masculino, feminino, categorias de base. Isso é uma preparação para toda essa etapa que vem aí. E se vocês me perguntarem se está tudo bem, não. Temos que vencer muitas etapas. É o início de um processo, mas é um início muito importante”.
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