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Ex-Nacional, Marcelo Oliveira relembra tempos de Uruguai, soco de companheiro em jornalista e projeta dificuldades para o Atlético

Ídolo da torcida do Galo, técnico falou sobre época em que defendeu equipe uruguaia

Túlio Kaizer João Vitor Marques Humberto Martins
Ex-jogador e técnico do Atlético, Marcelo defendeu o Nacional na década de 80 - Foto: Divulgação/Nacional
A partida desta terça-feira, entre Atlético e Nacional, pela segunda rodada da fase de grupos da Copa Libertadores, poderá ser avaliada de maneira diferenciada por Marcelo Oliveira, que vestiu ambas as camisas das equipes rivais na partida de logo mais.
Atualmente sem clube, Marcelo concedeu entrevista ao Superesportes e revelou curiosidades sobre sua passagem por Montevidéu, histórias de bastidores e projetou qual será o clima que o Atlético deve enfrentar no Estádio Gran Parque Central.

Uma das histórias contadas por Marcelo foi sobre a forma como seu companheiro de equipe, o goleiro Rodolfo Rodrigues, reagiu - de forma pouco amistosa - às críticas da imprensa ao time do Nacional após um empate por 3 a 3 num jogo em que os Bolsos venciam por 3 a 0.

Revelado nas categorias de base do Galo, Marcelo fez sua estreia como profissional em 1970.
Com a camisa alvinegra foram 285 jogos e marcou 104 gols. Entre 1982 e 1983, defendeu o Nacional, onde fez 23 jogos e balançou as redes cinco vezes. Após deixar o clube uruguaio, voltou a defender o Atlético.

Como técnico, Marcelo comandou o Fluminense recentemente contra os Bolsos - como é conhecido o Nacional no Uruguai - pela Copa Sul-Americana de 2018. O Tricolor das Laranjeiras, dirigido pelo mineiro de Pedro Leopoldo, levou a melhor nas quartas de final do torneio e conseguiu a classificação. O time de Marcelo, porém, acabou eliminado na semifinal pelo campeão Athletico Paranaense.

Marcelo Oliveira foi campeão da Copa do Brasil com o Palmeiras em 2015 e bicampeão brasileiro pelo Cruzeiro em 2013-2014 - Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
Veja na íntegra a entrevista concedida pelo técnico Marcelo Oliveira

Uma história curiosa e diferente do que a gente vê aqui no Brasil é que teve um jogo que nós estávamos ganhando de 3 a 0 e eu era o batedor oficial de pênalti. Teve um pênalti e, como o técnico estava distante e o Milton Cruz estava querendo ser o artilheiro do campeonato, ele já tinha nove gols em três jogos e pediu pra bater e aí eu deixei e ele errou o pênalti. O adversário cresceu, reagiu e empatou o jogo 3 a 3.
Eu levei uma grande bronca do técnico, que era um argentino, Alfio Basile. A imprensa criticou muito o time por ter empatado. Chegou a dizer que era um time de mercenários. No outro dia, um dos jornalistas que tinha falado mal do time chegou lá no treinamento e, pra minha surpresa, o Rodolfo Rodrigues, nosso goleiro, foi pra cima dele e deu um soco no jornalista. O cara caiu duro lá. Achei que ia dar uma confusão danada, uma grande repercussão. Mas ficou por isso mesmo. É um fato muito diferente, por isso me chamou a atenção.

Marcelo, como foi o período como jogador no Nacional? O que difere o futebol uruguaio daquela época do futebol brasileiro?

As recordações em relação ao período que estive lá são ótimas. Jogadores me receberam muito bem. Era um time muito bom do Nacional. Praticamente quase todos pertenciam à Seleção Uruguaia. Nosso ambiente era bacana. Receberam os brasileiros muito bem.
Jogava comigo lá o Milton Cruz, que trabalhou no São Paulo depois e hoje é técnico. Então só tenho a elogiar e agradecer. Uma coisa ruim é que nós perdemos o campeonato no jogo final de 1 a 0 para o Peñarol, mesmo jogando melhor. O Peñarol fez o gol no final. Gol do Fernando Moreno, que era um grande atacante do Peñarol e da Seleção Uruguaia. 

Quais as suas melhores recordações do Uruguai como jogador do Nacional? E as piores? Tem alguma história curiosa de sua passagem por lá?

Joguei no Nacional por um ano, uma temporada. Achei que foi uma experiência, tanto profissional quanto pessoal, muito boa. Profissionalmente agregou muito, porque era um futebol com características diferentes do futebol brasileiro. Já naquela época, um pouco de parte tática e, principalmente de marcação. E pessoalmente foi um privilégio viver numa cidade como Montevidéu. Cidade muito organizada, muito limpa e com um povo também muito educado.
As principais características, já naquela época - e acho que isso mudou um pouco em relação ao futebol brasileiro - é a marcação. Eles são treinados desde garotos, na categoria de base, para fazer uma marcação muito forte. Naquele tempo chegava às vezes a ser desleal. Passei por muito disso lá, quando jogava, de ser agredido fora da bola. Hoje com mais árbitros e assistentes e também com as câmeras, isso mudou um pouco. Continua um futebol e boa marcação, mas não tão duro e tão desleal às vezes como era antes. Acho que essa é a principal característica. Se bem que, tecnicamente, o Uruguai também forma grandes jogadores.

Você foi ao Gran Parque Central como treinador do Fluminense no ano passado. Como é o clima por lá? Como você foi recebido?

O Parque Central é um estádio que tem um gramado muito bom. Muito bem cuidado. O estádio é mais acanhado, mas eles usam isso também como uma forma de pressão, de um alçapão, de uma torcida que canta o tempo todo, que empurra o time. Isso é impressionante também, como é um pouco diferente do Brasil. Nesse jogo que fui lá com o Fluminense (vitória tricolor sobre o Nacional, pelas quartas de final da Copa Sul-Americana de 2018) nós estávamos ganhando de 1 a 0 e nos classificando e a torcida em nenhum momento vaiou o time, deixou e empurrar até o momento final. O Atlético vai encontrar lá esse clima de torcida que empurra desde o começo do jogo até o final, que incentiva. Acredito que será um jogo difícil. O Nacional não tem equipes tão fortes como tinha há anos atrás, porque os jogadores, assim como no Brasil, saem cedo também. Os melhores jogadores são vendidos. Mas será um time certamente com muito espírito de competição e tenho certeza que será um jogo difícil.

O que o Atlético pode esperar do Nacional dentro de campo? Quais as características do time uruguaio?

Não tenho certeza de quanto mudou o Nacional do final do ano passado para esse ano. O jogo contra o Fluminense foi um jogo difícil. Eles fazem muita pressão no campo do adversário, com a marcação bem adiantada. É um time que usa muito o cruzamento. Eles são preparados e treinados pra isso. Os laterais avançam, os jogadores de lado de campo cruzam muitas bolas. Os jogadores penetram bastante na área. É uma situação que ficou clara que é uma jogada treinada. E vai encontrar um time lutando do início ao fim, com muito espírito de competição, muita marcação. Mas não é um time que tem a técnica que tinha alguns anos atrás. Então acredito que o Atlético possa se recuperar lá em relação ao primeiro jogo e trazer um ótimo resultado.
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