Como nos velhos tempos, torcedores viveram angústia, tensão, ansiedade e euforia em apenas 90 minutos contra o Cerro Porteño-PAR. A distância não fez com que o reencontro ficasse marcado pelo estranhamento. Muito pelo contrário: rever o Atlético no Mineirão, palco de tantas glórias - inclusive a maior da história do clube, naquele 24 de julho de 2013 -, despertou nos torcedores a sensação de pertencimento.
Logo no minuto 8, quando centenas de atleticanos ainda lutavam para entrar no estádio, Cazares fez explodir a arquibancada após cobrança de falta aparentemente despretensiosa. O gol, entretanto, foi anulado pela arbitragem. As críticas ao trio argentino duraram pouco e logo se transformaram em apoio ao time alvinegro.
O incentivo a cada roubada de bola de Jair e lampejo de genialidade de Cazares empurrava a equipe, que sofria para abrir o placar e, de quebra, dava oportunidades aos visitantes. Quando o jogo esfriava, a arquibancada fervia. Em plenos pulmões, os torcedores marcavam território: "O Mineirão é nosso", cantavam, para celebrar o retorno ao Gigante de Pampulha. "A favela voltou", completavam.
Com o passar dos minutos no cronômetro, a empolgação se transformava em ansiedade. Os gritos de incentivo davam lugar a vaias ao adversário. O gol não saia de jeito nenhum. O Atlético tentava de todos os jeitos: por cima, por baixo, em lances individuais, em jogadas coletivas... Mas nada vencia o bloqueio paraguaio, que se defendia com 10 ou até mesmo 11 atrás da linha da bola.
O castigo veio aos 31' do segundo tempo. Após bola alçada na área, Réver não cortou, Victor ficou no meio do caminho, e o Cerro Porteño abriu o placar. Depois do baque inicial, a torcida tentou voltar a empurrar o time: "Eu quero raça do time todo", gritavam. A súplica por dedicação deu lugar ao tímido canto do hino alvinegro.
Antes do apito final, Ricardo Oliveira balançou as redes. Quase 40 mil vozes explodiram. Em vão. A arbitragem assinalou impedimento mais uma vez. E já não daria mais tempo. Fim de papo: derrota por 1 a 0 e angústia instaurada. Ao menos até 3 de abril, às 19h15, quando o reencontro com o Mineirão está marcado: duelo contra o Zamora, pela terceira rodada da Libertadores.